E o deserto florescerá!

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A PLENITUDE DOS TEMPOS

 “No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (Jo 1,1).     

        A Encarnação de Jesus é o ápice do projeto de salvação de Deus. Deus Pai preparou o nascimento de Jesus primeiramente escolhendo um povo, enviando os profetas, e preparando uma Mãe. Até a plenitude dos tempos, o momento certo para o Verbo Eterno se encarnar: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher e sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4,4).

        A plenitude dos tempos para Deus não é quando tudo está arrumado. Se olharmos para a história de Israel no tempo de Jesus vamos ver que talvez nunca o povo escolhido estivesse tão mal. Há muito tempo os profetas tinham se calado. As lideranças religiosas tinham transformado a Lei em 613 mandamentos e proibições de tal forma que quem não fosse um fariseu ou doutor da Lei não conseguiria cumpri-los. Politicamente Israel tinha deixado de existir como nação, era apenas uma obscura provincia romana. Tinha permanecido apenas um “resto fiel”,  os anawim – os pobres de Javé – os retos de coração, que punham sua confiança em Deus.

         Há um texto do livro da Sabedoria que fala do modo como nasceu Jesus:
“Enquanto um calmo silêncio envolvia todas as coisas e a noite chegava ao meio de seu curso, tua palavra onipotente, vinda do céu, de seu trono real, atirou-se, como guerreiro impiedoso, em meio à terra condenada ao extermínio” (Sb 18, 14-15).

      Jesus nasceu no silêncio da noite, quando ninguém, a exceção de alguns pastores e dos magos que observavam o céu, percebeu o que estava acontecendo. Deus age sem alarde, no silêncio. O Natal que comemoramos hoje não tem espaço para o silêncio, para a contemplação maravilhada do amor e da ternura de Deus Pai ao nos dar o seu Filho. Principalmente não acontece um silêncio dos desejos desordenados, da inquietude da vida, para nos entregarmos confiantemente nas mãos amorosas de Pai.

      A Palavra veio para a terra condenada ao extermínio, por causa do pecado, da inimizade com Deus. Veio, como nosso Redentor, para nos salvar do inimigo, do acusador. Mas Jesus não veio somente nos libertar do pecado. Ele veio também nos comunicar a vida divina, nos tornar filhos. Vejamos o que Paulo nos fala: “Porque sois filhos, Deus enviou a nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: ‘Abba Pai!’ de maneira que já não és escravo, mas filho e, se filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4, 6-7).

      Então, Jesus veio nos salvar e nos divinizar: “Foi para que nos tornássemos portadores de Espírito que o Filho se fez portador de carne” (Atanásio de Alexandria). Deus Pai busca ver em cada um de nós o rosto do Filho; a ação do Espírito Santo em nós consiste em nos fazer parecidos com Jesus, e por isso plenamente humanos. Hoje, é para nós a plenitude dos tempos, dia de cura, de libertação, de conversão e de derramamento do Espírito Santo.

Oremos: Senhor, nosso Deus e Pai, eu reconheço o quanto estou desfigurado e por isso longe do seu projeto original. Quero voltar para casa, para vós meu Deus.  Escutar sua voz me dizendo: “É o meu filho amado... minha filha amada”. Jesus, Bom Pastor, cura as feridas do pecado e do desamor que marcaram minha vida. Senhor, eu coloco em suas mãos o meu ser pequeno e frágil, trago ainda em mim tantas revoltas, incoerências, desejos de poder, carências, raivas... Busco o amor em tantos lugares, mas não o busco na fonte do amor que sois vós. Vinde, Espírito Santo, gerar Jesus em mim, formar em mim o rosto de Cristo, me dar vida em abundância. Amém.



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