E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O JARDIM FECHADO

“És um jardim fechado, minha irmã e minha noiva, um jardim fechado, uma fonte selada”.  (Ct 4,12)
      Um jardim fechado é um lugar reservado, cercado de muros ou como um jardim interno com a casa construida em volta, como se costumava fazer em algumas casas coloniais e mosteiros. Um lugar que convida ao recolhimento porque os olhos não ficam divagando na amplidão do horizonte. Mas apesar do jardim ter o espaço cercado lá não nos sentimos presos porque há grande variedade de plantas, flores e cores. Lá os passarinhos podem vir cantar ou até mesmo fazer seus ninhos e o beija-flor vem colher o doce nectar.
     Um jardim fechado é o contrário da amplidão dos lugares abertos onde nossos olhos vêem longe, mas geralmente não vêem nada em particular e se os olhos se detem em alguma coisa ela está fora do nosso alcance. Não podemos tocar, cheirar... não faz parte da realidade da nossa vida. Na amplidão do horizonte tudo se torna longe e nossa alma encontra o vazio e  o desejo por algo que não podemos ter.
     Nossa alma anseia por um jardim fechado - o paraiso perdido ou o jardim onde Maria Madalena encontrou o Senhor Jesus no domingo da ressurreição - onde poderemos encontrar o Criador, o Salvador, o Consolador, na experiência de um amor que sacia. Um amor que preenche o nosso ser, que devolve nossa identidade, que nos revela quem somos. Um amor que responde às nossas inquietações e indagações, um amor que nos faz sentir-se em casa, um amor que nos recria.
     Existe um jardim fechado. Sabe onde ele está? As vezes procuramos pela vida afora em tantos lugares e tantas coisas que acabamos mais confusos e perdidos. As vezes o procuramos mesmo sem ter muita consciência do que queremos, só percebemos a inquietação em nossa alma, o gosto amargo na boca, a frustração do sentimento de algo perdido que buscamos, mas ainda não encontramos. E assim vamos rolando pela vida como uma pedra no riacho. Muitos passam a vida inteira assim. Numa vida vazia de sentido, numa busca vã de preencher , de responder aos desejos mais profundos do seu coração na acumulação de coisas materiais, títulos, fama, poder, ou ainda na bebida, droga ou sexo.
    Sabe onde está o jardim fechado?  Ele está dentro do seu coração. E só o encontraremos se tivermos coragem de retirar os entulhos que fomos acumulando ao longo da vida. Se ousarmos ir além da estreiteza de nossos limites, condicionamentos, preconceitos... Só o encontraremos se desejarmos voltar para casa e encontrarmos Aquele que buscamos mesmo sem saber, encontrarmos o Amor, sermos chamados pelo nome amorosamente. O jardim fechado está no mais profundo do nosso coração. Ali brota a fonte da vida que jorra para a vida eterna.


"O Senhor te guiará continuamente e nas regiões áridas te saciará; renovará teu vigor, e serás como um jardim bem regado, um manancial, cujas águas jamais se esgotam”. (Is 58,11)

terça-feira, 19 de abril de 2011

NOSSA PÁSCOA


“Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua”  (Ex 12,14).
        Como os israelitas conservavam a memória da saída do Egito, sua Páscoa, cada um de nós pode fazer memória da sua páscoa. Páscoa que é a passagem do Senhor pela minha vida, páscoa que fiz e faço como discípula de Jesus.
“Livrai-vos do fermento velho, para serdes massa nova, visto que sois sem fermento. Pois Cristo, a nossa Páscoa, já foi imolado” (1Cor 5,7).
        A páscoa na vida de uma pessoa se dá assim: encontro com Cristo ressuscitado, libertação do pecado e de toda forma de escravidão,  compromisso com o Senhor e com os irmãos, receber dele a missão e colocar-se a serviço, caminhar na vida como peregrina, saborear a união com o Senhor no mais intimo do ser, experimentar seu amor, paz, alegria, segurança, esperança, misericórdia. Repousar em suas mãos e experimentar que só Deus basta. E todos estes processos se interligam e se misturam numa renovação constante esperando o dia glorioso do encontro definitivo com o Senhor.
       Enquanto somos peregrinos neste mundo o Senhor caminha conosco pelo seu Espírito. Nos capacita com os seus dons, enche nosso coração de amor para que, experimentando seu amor, possamos levá-lo às pessoas. Deus é luz (1Jo 1,5), luz  que foi plenamente revelada no Cristo Ressuscitado. Luz da face gloriosa do Senhor que se volta misericordiosamente para nós, e nos dá a missão de levarmos seu amor e sua luz ao mundo.
Oremos juntos:
Senhor, Deus Eterno, Pai dos tempos. Senhor Deus criador, que tudo criou por amor e viu que tudo era bom. Senhor que nos criastes à vossa imagem e semelhança e nos recriastes pela vida, paixão, morte e ressurreição do vosso Filho. Cristo Ressuscitado, explendor da glória do Pai, a quem tudo foi submetido, e derrama o Espírito Santo consolador. Restaura, regenera meu ser, minha vida. Unja-me, Senhor, envia-me, usa-me, para que eu nunca me canse de anunciar teu nome aos meus irmãos.  Para a gloria de Deus Pai. Amém.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

FICA CONOSCO, SENHOR


      Vivemos hoje em um mundo solitário e como nunca as pessoas estão adoecendo pela solidão. Há pessoas que são realmente sós, vivem sós, não tem ninguém por elas, mas há um grande número de pessoas que se sentem sós mesmo não vivendo sós. É bom identificarmos os dois tipos de solidão, e se vivemos um deles.
      Para nos curar da solidão o Espírito Santo nos leva a contemplar a solidão de Jesus, e a unir minha solidão à solidão do Senhor. O Espírito Santo deseja unir o meu coração ao coração de Jesus, fazendo um apelo a minha alma: “Vem, não tenhas medo”. Conduzidos pelo Espírito podemos contemplar a solidão de Jesus ao sair do seio da Trindade e assumir a nossa carne. Ver o modo como ele foi acolhido por Maria e José, a alegria familiar na casa de Nazaré. Posso sentir o consolo da infância de Jesus, o amor e a alegria que que ele viveu como criança; sentir o amor que ele recebeu nesse tempo de preparação para a solidão futura.
     Ao sair de sua casa em Nazaré, no início de sua vida pública, Jesus abraçou a solidão da sua missão, da incompreensão dos homens, até mesmo dos seus discípulos, e a solidão de cada pessoa humana. Ele tomou sobre si não só nossos pecados, mas também nossas dores e nossa solidão (cf.Is 53,4). Mas Ele nunca estava só: “Pois está chegando a hora, e ela já veio, em que vos dispersareis, cada um para o seu lado, e me deixareis sozinhos. Mas eu não estou sozinho, porque o Pai está comigo”  (Jo 16,32).
      Ao unir minha solidão com a solidão de Jesus o Espírito Santo quer me levar a viver como Ele viveu. Aceitar a solidão da minha vida, da minha história; assumir na oração, por compaixão, a solidão dos meus irmãos. Fazer, como Jesus, a experiência de que nunca estou só. O Pai, Jesus e o Espírito Santo sempre estão comigo. Não ter medo da solidão, não rejeitá-la, mas abraçá-la como Jesus a abraçou, e através dela chegar a luz e a vida. E assim, me tornar mais humana. Para isso é preciso permitir que o Senhor me cure interiormente dos apegos e dos desejos desordenados, e caminhar com os dois pés assumindo a responsabilidade por minha vida e minha história.
Oremos juntos:
Senhor Jesus, que por sua vida, morte e ressurreição regeneras o ser humano, recrias a criação. Eu me apresento a Ti com minha imagem original ferida, desfigurada pelo pecado. Cura-me Senhor, no corpo e na alma. Toca-me, ó Cristo ressuscitado, e faz de mim criatura nova. Que ao olhar para mim o Pai possa ver os traços do seu Filho, o primogênito de uma multidão de irmãos. Por ti Jesus, ofereço minha vida ao Pai, pelo Espírito Santo. Quero viver em vós, venha morar em mim, meu senhor e meu Deus. Amém

quinta-feira, 7 de abril de 2011

TRANSFORMADOS PELA GRAÇA

“É por isso que não desfalecemos. Ainda que o ser humano exterior se decomponha em nós, o ser humano interior se renova dia a dia” .
 (2Cor 4,16).
       Quando nascemos recebemos a vida natural; no batismo nascemos pela graça, recebemos a vida espiritual .Se ao longo da vida eu procurar desenvolver meu ser espiritual vou, pouco a pouco, sendo transformada. Algumas vezes durante o dia tendo mais para a vida natural, mas se vou me abrindo e me deixando inundar pela graça de Deus, pela luz do Espírito Santo, abre-se para mim um novo horizonte. Só consigo isto na oração, quando me sento diante do Pai e permito que Ele me contemple, me chame de filha. Percebo que aos poucos, vai cessando a ebulição das preocupações, amarguras, tristezas, medos, raiva, ansiedades, sentimentos desordenados, apegos... Então, posso contemplar a face amorosa do Senhor. Ele me revela quem sou eu, com Ele eu me sinto segura e amada.
      Sendo amada eu posso conviver com o imperfeito, com o inacabado, com o desestruturado em mim, nos outros e no mundo. Aceitar, acolher, conviver, olhar com olhos de amor para tudo isso. Ficar em paz, deixar Deus agir em todas as situações que precisam ser harmonizadas. Abrir mão de abraçar tudo; tirar o fardo dos ombros a sentar aos pés do Mestre e abrir o meu ser para permitir que seus ensinamentos caia em meu coração como a semente cai numa terra fértil. Estar inteiramente em sua presença com o coração pacificado.
Oremos juntos:
Senhor, hoje eu tiro os olhos das minhas fraquezas, pecados, limitações, e olho para vós. Tú És a vida e sei que o Senhor se alegra em renovar a minha vida. Eis-me aqui, Senhor, usa-me apesar de minhas fraquezas. Elas não serão impecilhos para vossa graça se o meu coração estiver aberto para vós. A sua graça me basta. Senhor, dá-me a graça de me aceitar como sou e como estou, aceitar a minha história e a minha vida como ela é hoje. Confiando em vós, meu Deus, eu dou um sim ao meu futuro, pois ele está em suas mãos e nada me acontecerá fora da sua permissão. Lanço fora agora toda condenação, acusação e rejeição de mim mesma, pois eu sei que é na minha fraqueza que a sua graça se manifesta. Amém.