E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 25 de março de 2012

O JUSTO VIVE DA FÉ


“Meu justo terá a vida pela fé, mas se esmorecer, já não me agradarei dele”  (Hb 10,38).

        O que quer dizer viver pela fé? As vezes ficamos confusos em relação à fé, há momentos em que pensamos ter muita e em outros pouca fé. Muitas vezes não sabemos dizer se somos ou não pessoas de fé. É comum pensar que ter fé é acreditar que Deus vai me dar algo que eu estou pedindo. Neste caso nossa fé é imperfeita ou até enganosa, pois nosso relacionamento com Deus é na base da troca, e a fé neste caso está mais no objeto do nosso desejo que em Deus verdadeiramente. Se minha fé se resume em acreditar que o Senhor vai me dar algo que desejo como ela fica se Ele não der?

        O capítulo 11 da Carta aos Hebreus conta a história da fé de um povo que nos legou a história da salvação e foram nossos antepassados na fé. Para nós a fé deles é comprovada, mas como nós eles caminharam no claro/escuro da fé - espero, mas ainda não vejo: “Foi na fé que morreram todos sem receber as promessas. Somente as viram e saudaram de longe, confessando-se peregrinos e hóspedes na terra” (Hb 11,13).

        A fé é dom de Deus. Nós a cultivamos mas não a possuimos ou produzimos. A fé nos aproxima de Cristo Jesus. Nossa fé deve ultrapassar as coisas que pedimos a Deus. Precisa ser centrada em Jesus Cristo. Todos os nossos antepassados na fé – os da Antiga Aliança, a Virgem Maria, os apóstolos e todos os santos – são “uma nuvem de testemunhas” (Hb 12,1) que nos atestam que Deus é fiel e podemos por com certeza nossa vida em suas mãos amorosas. Ele não nos dará tudo o que pedimos, mas nos dará o que precisamos.

       Essa “nuvem de testemunhas” oram por nós e nos ajudam a chegar mais perto de Cristo. Ele é o centro, o Senhor da vida e da história. Ele é a meta e objetivo da nossa fé. A fé só tem sentido se nos faz ser mais e mais de Deus, a tal ponto que não importa mais se Ele nos dá ou não o que queremos. O que importa é estar na presença dele recebendo seu amor e misericórdia. 

“E Jesus disse aos discípulos: Por que estais com tanto medo? Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40).

        Tenho medo, Senhor, 
porque meu barquinho é tão pequeno e o mar é tão grande e revolto; 
a noite é escura, 
as ondas são grandes e penso que a próxima pode me engolir. 
Jesus, 
neste mar revolto da vida fortaleça a minha fé. 
Me liberte das preocupações exageradas e do apego ao que está dentro do barco. 
Quando presto atenção à sua presença, Senhor, 
eu sinto seu abraço que ama, acolhe e protege. 
A sua presença me comunica vida e fé. 
Jesus, meu Senhor e salvador. 
Meu Deus e meu tudo. 


domingo, 18 de março de 2012

O FLASH DA GRAÇA

            Jesus, Filho do Deus vivo, misericordioso Senhor. Não há alegria maior do que no meio das distrações e tribulações deste mundo reconhecer o Senhor, como João o reconheceu às margens do mar da Galiléia: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Te reconhecer como Senhor e Deus, nosso Salvador, o Messias esperado, como Natanael o reconheceu ao te encontrar: “Rabi, tu és o Filho de Deus, és o rei de Israel” (Jo 1,49). Te encontrar, Senhor, é a maior consolação que pode haver para um coração ferido. A contemplação da tua gória nos cura da crueldade do mundo. E quando te contemplo vejo que todos os amores da minha vida deixaram marcas em meu coração, mas o teu amor deixou a marca mais profunda e mais sensível. Marca que vibra ao te reconhecer, mesmo de forma passageira, no caminho da vida.

      Às vezes este encontro, este reconhecimento, tem a duração de um segundo, mas seus efeitos permanecem o dia todo. As vezes te percebo pelas costas e reconheço: É o Senhor! Às vezes o Senhor vem e permanece comigo mesmo quando a agitação, a inquietude, a ansiedade, as preocupações da minha mente agitada não me permitem estar cem por cento contigo. Mas o Senhor vem, me toca, acalma os meus pensamentos e sentimentos, renova minha esperança, consola meu coração ferido, me faz olhar para o Senhor, e te olhando contemplar o céu.

      Esse flash da graça que o teu Espírito nos dá é que nos faz perseverar, suportar os martírios diários. Quando tudo está escuro dentro e fora de mim, é a luz da tua graça que me ilumina e renova a força da fé para ver o que os meus olhos não vêem. Por isto sou imensamente grata ao Senhor que “olhou para a pequenez de sua serva” (Lc 1,48) e me cumulou com seu amor e misericórdia. A graça maior, meu Deus, é te amar, seguir, e servir.

       Senhor, meu coração te deseja: “Busco a tua face!” Mas me deparo a cada momento com minha fraquezas, meus limites. Confio que o Senhor olha o desejo do meu coração e perdoa as minhas faltas. Só em te encontro amor, misericórdia, salvação. Senhor, dá-me a graça de contemplar-te. Dá-me a graça de desapegar-me de tudo, esvaziar-me de tudo, para me encher de vós, meu Deus e meu tudo. Toda minha alegria pela  beleza, pelas cores, a natureza, as pessoas, as amizades, é porque te vejo em tudo o que é belo e bom. E te vejo mesmo no que aos meus olhos não é belo e bom, pois o Senhor criou tudo o que existe. Senhor, dá-me a graça de não parar nas criaturas, mas buscar a vós que estás acima de tudo. Que o teu amor me faça subir ao monte para ti adorar, e descer do monte para amar as pessoas. Assim seja.  Amém.

sábado, 10 de março de 2012

A ANGÚSTIA DA VIDA


  “Tu és meu refúgio, tu me livras da angústia e me envolves em cânticos de libertação”  (Sl 32(31),7).

        A angústia é um estado de espírito que todo ser humano conhece. Todos nós – uns mais, outros menos – experimentamos a angústia em alguma fase da vida. Penso que a angústia entrou no coração humano quando, por causa do pecado, fomos expulsos do paraíso. Deus é o bom, o belo, a fonte da vida, da alegria, do amor; Deus é nossa segurança. Fomos criados por Ele e para Ele. Quando o ser humano foi expulso do paraíso perdeu a amizade, a intimidade com Deus. E a angústia por ter perdido o bem maior se instalou no coração humano.

      Esta angústia se manifesta de muitas formas – por exemplo: na tristeza, ansiedade, preocupação exagerada, agitação... e pode nos levar à depressão. As vezes buscamos fugir da angústia pelos excessos – alcool, drogas, sexo, fumo, comida, diversão, trabalho... Tudo o que fazemos de forma exagerada revela uma forma de fugir da angústia. Percebemos a angústia dentro e fora de nós. Dentro ela muitas vezes se manifesta como falta de alguém ou alguma coisa – um desejo não realizado, um projeto de vida que fracassou, um sonho que não se realizou, um trabalho no qual não temos retorno - e em toda forma de frustração. As vezes uma pessoa mais sensível pode assumir para si, por amor, a angústia da família.

      A angústia fora de nós se manifesta nas más notícias, na insegurança que nos traz essas más notícias, na violência, na corrupção, nas guerras, nos desastres naturais, etc.

      A boa notícia é que Jesus anulou o título da dívida que havia contra nós. Ele entrou na história humana e viveu nossas angústias. Ele é o amigo sempre presente, e por Ele temos de novo acesso à intimidade com Deus. Ele perdoa nossos pecados, cura nossas feridas e dá um sentido novo à nossa angústia. Ele nos toma pela mão e nos leva, através da angústia, para uma vida mais plena. Quem foi apascentado, pastoreado, curado, lavado no Sangue do Cordeiro, recebe o Espírito Santo e se torna família de Jesus. Na vida de quem  se deixou amar por Deus não há limites para a graça divina. Lhe são abertos os tesouros do céu e lhe são dados a sabedoria e o conhecimento da mente de Cristo.

 “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2, 20).

Jesus, Bom Pastor, vem nos apascentar em nossas angústias. Ó Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, lava-nos no teu sangue, cura as nossas feridas, dá-nos o teu Espírito e com Ele a intimidade com o Pai. Renova, Senhor, em nós a graça do batismo, a experiência de sermos filhos de Deus. Amém