E o deserto florescerá!

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sábado, 19 de maio de 2012

APEGO & DESAPEGO


 “Digo-vos, pois, irmãos: o tempo é curto. De resto, os que têm mulher vivam como se não a tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; e os que usam deste mundo, como se dele não usassem, porque a aparência deste mundo passa” 
(1Cor 7,29-31).

     Neste texto Paulo apresenta um programa de vida na vivência do desapego. Mas quem consegue vivê-lo integralmente? Eu luto para colocá-lo em prática, mas um dia consigo, outro não. As vezes penso ter caminhado um pouco e aí me deparo com uma queda e parece que não dei passo algum. Só me resta pedir ao Espírito Santo que faça em mim o que eu não consigo fazer com minhas forças, por mais que eu queira.

      Há quem diga que a raiz de todo sofrimento é o apego. Não vou dizer isto pois sei que há muito mais no mistério do sofrimento humano. Mas é verdade que todo apego traz sofrimento. Para comprovar isso basta você olhar mais profundamente para o que causa a maior parte de seus sofrimentos e dores. Então, chegamos à conclusão de que precisamos aprender, praticar, viver, o desapego.

      A nossa vida é uma sucessão de desapegos. Vejamos: o primeiro desapego é sair do útero materno, nascer. Depois vem o desapego da infância, por melhor ou pior que ela tenha sido, precisamos deixar para traz. Desapegar da adolescência e suas inconsequências, quando pensávamos que nada de mal ia nos acontecer e que tínhamos todo o poder. Hoje, infelizmente muitos não passam dessa fase da vida, por causa das drogas, da violência e imprudência no trânsito. Depois vem o desapego da juventude. Precisamos nos desapegar dos projeto de vida que fizemos na juventude –  realizados ou não – para bem viver a maturidade. Amados, vemos que as perdas acontecem durante toda a vida, mas na maturidade e na velhice parece que elas se acumulam. Vivemos o desapego dos filhos, dos netos, do trabalho profissional, muitas vezes da saúde, e é necessário aceitar as diversas limitações que a vida e a idade nos trazem. Parece desanimador? Na verdade não é. O Senhor caminha conosco e sempre nos convida a abrir-nos para o novo, para coisas novas ou sonhos antigos, que ficaram guardados e que podemos realizar nesta fase da vida.

     A morte nos leva ao último desapego: despedir-me do meu corpo. Isto certamente é o mais dificil pois eu não apenas tenho um corpo, eu me identifico com ele – sou o meu corpo. Através do meu corpo é que me expresso, me relaciono, me torno presente no mundo. Mas chegará um momento em que eu precisarei desapegar-me do meu corpo. Despedir do meu cérebro e de todas as forças maravilhosas que sustentam a minha vida: a inteligência, a consciência, o livre arbítrio, os pensamentos, sentimentos, emoções, a criatividade, a capacidade amar, de começar de novo, de relacionar-me, etc.

     Mas, pela fé, eu não deixo o meu corpo para ir para o nada, o vazio. Eu o deixo o por um tempo para ir para a fonte da vida: Deus. Em Deus um dia meu corpo será transformado num corpo espiritual, belo e livre. A morte não é o fim, mas o começo de uma vida nova em Cristo Jesus, o Senhor que venceu a morte.

Vamos orar?
   Vinde Espírito Santo libertar-me dos apegos que me prendem e fazem sofrer. Senhor, minha vida está em vossas mãos. A vós entrego meus sonhos, desejos, e aquilo não consigo mudar em mim e fora de mim. O Senhor é o meu socorro, em vós espero. Olhando para minha vida vejo que o Senhor providênciou o necessário e me deu em acréscimo. O Senhor me livrou de muitos perigos e me trouxe até aqui, à esta fase da vida. Senhor, liberta-me do medo da morte. Com confiança eu vos entrego todos e tudo a que ainda estou apegada. Amém.

“E, quando este ser corruptível se revestir de incorruptibilidade e este ser mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá o que está escrito: A morte foi tragada pela vitória. Morte, onde está tua vitória? Morte, onde está teu aguilhão?” 
(1Cor 15,54-55).

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