E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

MONTES… MONTE



        “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a sós para um monte alto e afastado” (Mt 17,1).

    Na esperiência do povo da Bíblia sempre há o convite de Deus para subir um monte. Assim foi com Abraão no monte Moriá; Moisés no Sinai; Elias no Carmelo e Horeb, etc. Jesus gostava de se retirar para um monte para orar e convidou seus discípulos mais próximos para subir com Ele o monte Tabor como testemunhas de sua  transfiguração.

       Quando visitei a casa onde nasceu João Paulo II ficou em minha lembrança uma foto dele ainda jovem, de costas, olhando para os montes. Me lembro também do monte Assos, na Turquia por onde Paulo passou esperando os companheiros (At 20,13) – para mim foi um momento de graça conseguir subir o monte e lá de cima, contemplando o mar Mediterrâneo, pensar na espera de Paulo e nas esperas da nossa vida. Me recordo ainda de que gostava de subir os montes na fazenda onde cresci e lá do alto ver mais longe. E há ainda o monte místico de S. João da Cruz... O convite a subir o monte é sempre um convite ao desapego, a deixar coisas para se aproximar mais de Deus.

    O monte simboliza também nossa vida – quanto mais tempo vivemos mais alto se torna o nosso monte, cada ano que passa subimos mais um pouco na liturgia da vida. E ao subir o monte da vida preciso escolher o que levar e o que deixar pelo caminho. Algumas coisas que deixamos nos dá alívio como quando caminhamos carregando sacolas pesadas e podemos afinal deixá-las. Outras coisas que precisamos deixar faz doer o coração, não queriamos deixá-las, mas não tem jeito, para subir o monte não podemos levar sacolas pesadas. Ninguém consegue subir um monte carregando pesos.

      O monte nos transmite firmeza, segurança, e nos convida a “buscar as coisas do alto” (Cl 3,2). E nunca subimos sós. Ao subirmos o monte da vida sempre podemos contar com o auxílio precioso dos irmãos e amigos. E se subimos um monte há as flores do campo, os passarinhos – me lembro uma vez quando descia do monte Sinai e um bando de passarinhos me acompanhou por um bom tempo, provavelmente esperando receber comida. Se me uno à natureza posso sentir o respiro da terra e da vida em mim. Do sopro de Deus em mim e em toda sua criação. Faço a experiência de que faço parte do universo.

      Ao criar o ser humano Deus o fez à sua imagem e semelhança colocando em nós a semente do divino.  Assim, todo o universo, criação de Deus, está contido no ser humano imagem e semelhança de Deus. O pecado causou a ruptura dessa ordem e beleza que é a essência do ser humano. Nos afastando da nossa essência passamos a pensar que somos apenas animais racionais, quando Deus nos fez “pouco menos do que os anjos” (Sl 8,6). Mas, nos alegremos irmãos! Em Jesus Cristo, Deus se reconciliou com os homens, nos fez filhos (Rm 8 15), e quer restaurar em nós sua imagem e semelhança.

Convido você a orar com o Salmo 80(79) pedindo restauração.

 “Restaura-nos, Senhor Deus Todo-poderoso: faze brilhar tua face e seremos salvos”  (Sl 80(79), 20).

sábado, 11 de agosto de 2012

JESUS, O BOM PASTOR DA FAMÍLIA


        A família foi constituida e amada por Deus desde o início da criação: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher e se tornarão uma só carne” (Gn 2,24). E Deus tomou sob seus cuidados a família que é a base da grande família humana, objeto do amor de Deus. Pois, Deus ama cada pessoa com amor único e eterno (Jr 31,3). E na Antiga Aliança Deus se apresenta muitas vezes como o pastor do seu povo. Por exemplo: “Ele o guardará como um pastor a seu rebanho” (Jr 31,10); “Eis que eu mesmo buscarei minhas ovelhas e tomarei conta delas” (Ez 34,11); “O Senhor é meu pastor: nada me falta” (Sl 22(23),1).

         Na Nova Aliança Jesus se apresenta como o Bom Pastor: chegou a “plenitude dos tempos”, Deus veio pessoalmente pastorear o seu povo, sua família. Reunidos aqui vamos ouvir a voz do Bom Pastor, como se estivesse sentado na sala ou na mesa da nossa casa, ceando conosco e nos falando pessoalmente.
Vamos ler Jo 10,1-16

       Procuremos nos colocar no texto. As ovelhas é a nossa família. As vezes pensamos que somos o centro de tudo, mas quando nascemos entramos numa família que já existia antes de nós. Avós, pais, tios, irmãos mais velhos, constituiram esta família antes de nascermos. Honrar pai e mãe é reconhecer isso e tratá-los conforme este reconhecimento.

       A família na qual somos inseridos ao nascer influencia muito nossa vida. De muitos modos eu sou a soma daquilo que foi construido por meus antepassados. Para ter boa saúde emocional preciso me conectar ao depósito de memória deles e ver os valores para reforçá-los, e conhecer também os pecados, os maus hábitos, aquilo do qual eu preciso me desligar. Por isso precisamos valorizar os mais velhos, conhecer suas histórias e a história da família.

        Geralmente a família é constituída no amor, mas precisamos ver que tipo de amor acontece em nossa família: amor que adoece ou amor que cura. Amor que adoece é aquele que chantageia, amedronta, oprime, manipula, escraviza,  não deixa a pessoa crescer, geralmente gera morte. Amor que cura, ao contrário, dá segurança, boa auto-estima, flui o perdão, a comunicação, liberta e faz a pessoa crescer.

       A ovelha é um animal ingênuo, uma vítima natural. Mas ela tem uma qualidade: ouve bem e sabe reconhecer a voz do Pastor, reconhecer em quem pode ou não confiar. E se não confia não segue, empaca, não sai do curral. Deus lhe deu esse sentido para sua proteção - para saber se alguém veio “para roubar, matar e destruir”. Para nós este sentido é o dom do discernimento que era considerado o mais importante pelos padres do deserto. Na família esse papel é do pai e da mãe. Na sua família há alguém com ouvidos aguçados para ouvir a voz do Bom Pastor? Nos dias de hoje observamos a perda do discernimento na família pela falta do temor a Deus e confusão nos papéis de cada um. Muitas vezes os filhos não percebem que os pais são os pastores da família e ficam à mercê do mercenário – as más companhias, o traficante, falsas doutrinas, etc. – que os levam, e as vezes à toda família, para a boca do lobo.

        O lobo é o malígno.  A luta de Jesus contra o demônio faz parte de sua obra de salvação: “O Filho de Deus apareceu para isso: para destruir as obras do diabo” (1Jo 3,8). Jesus diz que “ele foi homicida desde o princípio”, “vem para roubar, matar e destruir”. Em relação ao inimigo costumamos ter duas atitudes: dar importância de mais ou de menos. Há quem pense que todo mal é obra do demônio sem levar em conta nosso livre arbítrio; outros não vêem a ação do maligno em nehuma situação. Mas, olhemos à nossa volta: a violência, infelicidade, tristeza, raiva, insatisfação, angústia, assassinatos, roubos, impureza – que traz consigo todas as formas de pornografia - , etc, não é obra só da maldade humana. Ele é o inimigo que desfaz à noite o que construimos durante o dia. Um dia eu estava orando por minha família e me veio esta imagem: durante o dia eu carregava tijolos para a edificação da minha casa, mas durante a noite o maligno roubava tudo. Era uma luta desgastante e desigual. E na atual situação do mundo vemos que o mal vai se tornando natural, parte de nossa vida e de nossa família. Dizemos: é assim mesmo.

       O demônio busca implantar seu reino dentro de nós por meio de suas sugestões que se torna confusão – quantas pessoas têm a mente confusa -, o passo seguinte é a fusão - quando não sabemos discernir mais os nossos pensamentos - e finalmente acontece a substituição – pensamos o que o maligno nos sugeriu. Ele faz nossa cabeça para dominá-la.
Precisamos cooperar para a vitória de Jesus, Bom Pastor.  Precisamos lutar com as armas que ele nos deu: a fé e o dom do discernimento  (ouvidos aguçados).

      Jesus é o Bom Pastor! Ele veio para nos dar vida e vida em abundância. Conhecemos a sua voz? Confiamos na voz do Bom Pastor? Tive uma experiência de sair do redil com o Bom Pastor, de caminhar com ele, de passar uma noite em sua companhia, adormecer em seu peito? Jesus está disposto a passar muito tempo ao lado do redil esperando que a ovelha tenha a coragem de sair, e está disposto a acompanhar, mesmo de longe, aquela que saiu do redil e se perdeu, esperando que ela se deixe encontrar. Até que nos rendamos e falemos com ele: tudo bem, quero ouvir tua voz e caminhar sob o seu cajado. Então, Jesus já não será mais um estranho mas o amigo mais íntimo. Com ele caminhamos sem medo.

Algumas vivências que necessitam de cura familiar:
·         Ser rejeitado durante a gestação e na primeira infância.
·         Adultério, prostituição, aborto.
·         Vícios; drogas - lícitas e ilícitas-; jogo; maus negócios...
·         Prática de falsas doutrinas.
·         Doenças físicas, mentais e emocionais.
·         Mortes violentas, crimes, acidentes...

Pense em qual dessas áreas você e sua família mais precisa de cura.

 Ó  Jesus, Bom Pastor, te convidamos a entrar nas áreas mais dolorosas de nossa experiência familiar.
 Renova em nós o dom da fé e a certeza que o Senhor caminha conosco sempre. 
Senhor, somos teus filhos amados, renova a confiança no seu amor e dá-nos a graça de te amar sobre todas as coisas. 
Senhor Jesus, dá-nos o dom do perdão, cura as feridas e renova o amor em nossa família.
 Amém.


(Ensino dado na tarde de oração de cura e libertação em 11/08)