E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 16 de dezembro de 2012

O PÃO DO CÉU



     “Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Trouxeste-nos ao deserto para matar de fome toda esta gente!... ‘Esse é o pão que o Senhor vos dá para comer’” (Ex 16,3.16).

Deserto do Sinai
     O povo no deserto murmurava contra Moisés e Araão – na verdade murmurava contra Deus que o tinha levado ao deserto. O deserto é um lugar solitário e desprovido de tudo, onde todas as nossas certezas e seguranças viram pó. Onde não se tem abrigo contra o calor do dia e o frio da noite. Mas Deus escuta a murmuração do povo e o socorre. Diante da revolta do povo, Deus, que conhece suas fraquezas, age com bondade, ternura e misericórdia: deu-lhes de comer o pão do céu.

      A humanidade hoje é faminta, do pão material – uma grande multidão passa fome – e do pão do amor. Muitos sentem uma necessidade que as vezes não tem, mas que nos são impostas pelos meios de comunicação que nos bombardeiam com seu apelo: compre, coma, beba, use... Há todo um marketing visando atingir as necessidades mais profundas do ser humano que é faminto por natureza. Aqui cabe uma pergunta: Por que somos tão famintos e insatisfeitos. Sto. Agostinho nos ajuda a compreender: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”. Fomos criados por Deus e para Deus e só Ele pode nos saciar plenamente.

   Jesus responde às nossas necessidades mais profundas: “Esforçai-vos, não pelo alimento que se estraga, e sim pelo alimento que permanece até à vida eterna. É este o alimento que o Filho do homem vos dará” (Jo 6,27). Deus ouve de tal forma as nossas preces que nos dá o verdadeiro pão do céu: a Eucaristia. Jesus se apresenta dizendo: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51).

      “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6,34). Eu quero o pão do céu! Quero viver em Cristo. Viver a vida nova em Cristo implica viver em uma batalha espiritual, contra o Maligno, o mundo e a força do pecado em nós (cf. Rm 7,14). Para viver em Cristo precisamos abandonar a nossa antiga conduta, despir a velha natureza, revestir-nos da mentalidade nova (cf.Ef 4,22-24). Isso é obra da graça, dom do Espírito Santo. Quando nos alimentamos diariamente da Palavra de Deus e da Eucaristia o Senhor vai nos transformando.

Vamos orar?

      Senhor Jesus, eu te ofereço o meu coração e peço que o Senhor conduza a minha vida; ela só terá significado pleno se o Senhor a conduzir. Sei que o Senhor quer o meu bem, a minha felicidade e por isto eu opto por te entregar a minha vida. Apesar dos meus desejos desordenados, condicionamentos, orgulho, egoismo, mentiras, acima de todas essas vozes está a escolha que faço pelo teu senhorio pleno. E quando faço esta escolha vejo que a tempestade dentro de mim, os pensamentos e sentimentos, se acalma. O Senhor é o meu porto seguro onde o barco da minha vida encontra abrigo e pode repousar. No teu coração amoroso, Jesus, são feitos os reparos dos danos causados pelos embates das ondas, do sol forte e das tempestades. Ó Vem Espírito Santo! Dá-me a graça de viver em Cristo, segundo o desejo de Deus Pai. Amém

domingo, 2 de dezembro de 2012

PRESTAR ATENÇÃO EM DEUS


     “Estai atentos para que o vosso coração não fique insensível por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e aquele dia não vos pegue de surpresa” (Lc 21,34).

       O mundo hoje nos oferece tantas distrações e tudo passa tão velozmente que é fácil ficarmos com o coração insensível para Deus e para os irmãos. Quem não tem fé olha para os acontecimentos a sua volta, para as injustiças,  misérias, doenças, desastres, e pensam que se Deus existisse não permitiria que essas coisas acontecessem. E para os que tem uma fé vacilante é grande o questionamento diante do mal no mundo e se perguntam: Deus não vê? Como Deus permite tanto mal no mundo? E o sofrimento dos inocentes?

      Mas quem tem fé presta atenção em Deus e à sua ação misericordiosa e salvadora em meio a tantos sofrimentos. E se perguntam: O que seria de nós sem Deus? Não temos resposta para esta pergunta, pois não temos como imaginar o que seria o mundo sem Deus. Como disse o apóstolo Paulo: “É nele que vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).   O cuidado de Deus para conosco é tão grande, estamos tão imersos nele que, mesmo quem não crê em Deus, não poderia imaginar o que seria o mundo sem Ele, por nunca termos vivido esta experiência. O mundo sem Deus seria o inferno. A presença amorosa de Deus envolve o mundo como a atmosfera envolve a terra. Ele é o ar que respiramos, o fogo que nos aquece, o vento que nos refresca. Basta abrirmos os olhos e o coração e prestar atenção em Deus que é “mais íntimo de mim que eu mesma”.

     Deus criou todas as coisas e entregou a administração aos seres humanos. Com o pecado nós desviamos o projeto de amor do Pai e pensamos ser os senhores do mundo quando somos apenas administradores e um dia prestaremos conta da nossa administração. O poder pertence a Deus e Ele agirá. Se demora é porque Ele é paciente e espera nossa conversão. Mas Ele não se afastou do governo do mundo. Deus está conosco.

       Penetrar no conhecimento de Deus requer humildade, é para os pequenos, os pobres em espírito, para os que tem o coração manso e humilde. E a revelação do conhecimento do Pai passa por Jesus Cristo, pois só o Filho conhece o Pai (Jo 1,18). E Jesus se revela na Palavra – principalmente nos Evangelhos-, mas se revela também no íntimo do coração de cada pessoa que o busca e escuta, e nos pequenos acontecimentos do dia a dia. Precisamos nos abrir ao conhecimento de Deus, Ele sempre quer se revelar a nós, se comunicar conosco, basta abrirmos os olhos e prestar atenção em Deus.

“Grandes e admiraveis são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. 
Justos e verdadeiros são os teus caminhos, Rei das nações. 
Quem não temerá, Senhor, e não glorificará o teu nome? 
Porque só tu és santo. 
Todas as nações virão prostar-se diante de ti, pois tuas justas decisões se tornaram manifestas” 
(Ap 15,3-4).