E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 23 de junho de 2013

O IMÃ E A AGULHA


        “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças” (Mc 12,29-30).

        Sempre que leio este texto da Bíblia me vem a mente a imagem de um grande imã de ferro que atrai para si, irresistivelmente, uma agulha. A agulha não tem como resistir a atração do imã... E penso que o imã é Deus que nos atrai com a força de todo amor que há no Universo, pois o amor vem de Deus – “Deus é amor” (1Jo 4,8) – e todo amor que há em nós vem de Deus. Amamos porque Deus nos amou primeiro (1Jo 4,10).

       E a agulha? A agulha sou eu, é você,  se identificar essa sede de Deus em sua alma, e orar como o salmista: 
“Ó Deus, tu és o meu Deus; a ti procuro, minha alma tem sede de ti; todo o meu ser anseia por ti, como a terra ressequida, esgotada, sem água” (Sl 63(62),2). 
Me identificando com a agulha desejo que todo o meu ser – mente, coração, corpo, espírito, forças, memória, alma, vontade, liberdade...- seja atraído irresistivelmente para o Senhor. Isto é a felicidade: render-me àquele que me ama, Deus da vida, fonte do amor.

      Desejo isto..., mas infelizmente o meu desejo, contaminado pelo pecado, é inconstante... e por isto é um desejo pleno por alguns momentos, e depois não mais... Posso dizer como Paulo: “Infeliz de mim! Quem me livrará deste corpo de morte?” (Rm 7,24). Mas, graças a Deus, ele mesmo nos dá a resposta: Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 7,25). Só por sua graça e misericórdia sou salva na luta que se desenrola em meu coração diariamente: render-me a Deus X resistir a Deus.

       A força do Cristo Ressuscitado presente na Palavra e na Eucaristia é que me dá a graça de permanecer fiel. Como aquela pequena agulha me render à atração do Amor. Se o encontramos alguma vez na vida o encontro deixa uma marca, uma saudade, uma ferida que só pode ser curada quando me entrego, me rendo ao Amado. Então tudo mais se faz pequeno porque estou naquele de onde vim e para onde vou.


            Ó Santo Senhor de Israel, toca meu coração e faça-o vibrar na mesma frequência do seu Coração. Ó meu amor, meu Amado, renove e sustente em mim o desejo de ser plenamente atraída por vós, e assim,  encontrar meu lar, meu porto seguro, a plenitude da vida. Dá-me teu amor e tua graça, isto me basta. Amém.

domingo, 16 de junho de 2013

GRAÇA E PAZ


“A graça e a paz estejam convosco da parte de Deus Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo, que se entregou por nossos pecados para nos livrar da maldade do século presente, segundo a vontade de nosso Deus e Pai. A ele seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém”. 
(Gl 1,3-5).

       Graça e paz são dons do Cristo ressuscitado, e ele quer dar aos que a ele se confia. O que é viver na graça e na paz do Senhor?

    Viver na graça é ter leveza na vida, experimentar que tudo recebemos de Deus – a vida, os talentos, os dons da inteligência, a criatividade, os bens, a capacidade de fazer o bem, etc. Viver na graça é ter espírito de pobre (Mt 5,2), gratidão pela graça recebida, viver com alegria partilhando os dons recebidos. É ter um coração de criança, aberto ao Espírito Santo – onde ele pode repousar e, de dentro de nós, em nosso coração, nos conduzir.

“Vou instruir-te e indicar-te o caminho a seguir, e aconselhar-te, pousando meus olhos sobre ti” (Sl 32(31), 8).

      Quem vive na graça e deixa-se conduzir pelo Espírito Santo, passa pelo fogo e pela água (cf. Is 43,2). As águas profundas da tribulação e do sofrimento não o submergirão; as chamas da maldade do mundo não o queimarão. Viverá no amor do Pai. Sabe que nunca está só e deixa que o amor do Pai preencha os vazios do seu coração e de sua vida. É uma pessoa de esperança, pois sabe que o Senhor cuida dos que nele confia, dos que a ele se entrega. É curado na alma e no corpo; tem perseverança, mesmo nos dias maus. Não se deixa abater pela tentação do desânimo. Espera em Deus. Confia.

      Quem vive na graça tem a paz, pois vive nele o Cristo Senhor. Ele é a nossa paz, ele nos dá a paz. Não a paz do mundo – uma paz ilusória e muitas vezes egoísta, que nos faz até ficar omissos para viver em paz -, mas a paz profunda, presente mesmo em meio às tribulações, sofrimentos, perdas... A paz que só o Senhor Jesus pode nos dar como presente do Pai, no Espírito Santo.

    Hoje, o Senhor nos convida a abrir o coração para ele entrar e nos dar sua graça e sua paz. Para que ele possa entrar precisamos desentulhar o coração de tudo o que ocupa o lugar do Senhor dentro dele – apegos, idolatrias, supertições, preconceitos, dureza de coração, falta de fé...

    Pedindo ao Senhor Jesus sua graça e paz, nós, salvos pelo seu sangue derramado na cruz, família de Deus pelo batismo, oremos nos entregando com toda confiança.


“Tomai, Senhor, e recebei toda minha liberdade, a minha memória, a minha inteligência e toda minha vontade, tudo que tenho e possuo. Vós me destes; a vós, Senhor, o restituo. Tudo é vosso; de tudo disponde segundo a vossa vontade. Dai-me o vosso amor e a vossa graça, que isso me basta”.  
(S. Inácio de Loyola)