E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O PAI NOS PROCURA

"Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou: ‘Onde estás?’ E este respondeu: ‘Ouvi teus passos no jardim. Fiquei com medo, porque estava nu, e me escondi’.” (Gn 3,9)

       Como uma criança que se solta da mão da mãe ou do pai no meio da multidão e se perde... é assim que nos sentimos em meio à agitação, e violência do mundo. Perdidos como criança no meio da multidão, buscamos um rosto conhecido, mas todos nos são estranhos. Que alívio, que alegria, que conforto e amparo, sentimos quando somos encontrados. 
    
     Assim somos nós quando nos afastamos de Deus, nosso Pai/Mãe. Afastamos por opção própria ou por não conhecê-lo. Quantos batizados não experimentam o amor do Pai, a salvação em Jesus, a consolação do Espírito Santo. Vivem assim porque não se interessam ou porque não receberam o anúncio, o querigma, verdadeiro. Como crianças num mundo hostil, temos medo, sentimos carência de amor, ficamos ansiosos, tristes e estressados. Esta situação pode nos levar a diversas doenças físicas e psíquicas.
Adão, onde estás?”
      
     Muito antes de sermos gerados no ventre materno fomos gerados no amor do Pai. Quando nos afastamos o Pai nos busca como buscou a Adão na aurora da criação. Adão sentiu nedo porque estava nu. Muitas vezes fugimos e nos escondemos de Deus por causa da nossa nudez, do nosso pecado. Não compreendemos, não aceitamos, o amor apaixonado do Senhor, que não se cansa de perdoar.

      Refletimos na criança que se perdeu na multidão. Pensemos agora na mãe, no pai, que perdeu o seu filho. Quanta angustia...mais do que tudo a mãe, o pai, deseja ver o rosto do filho perdido. Com anseio muito maior que uma mãe ou pai humano, Deus Pai nos busca, vem ao nosso encontro, nos chama: filha, filho, onde estás? E quando ouvimos a sua voz e nos voltamos para Ele, nos deixamos encontrar... a mente humana não pode compreender a imensidão do amor e da alegria de Deus por encontrar a filha, o filho perdido. Jesus diz que “ haverá festa no céu”. Se o céu já é uma festa, como será uma festa no céu? S. Paulo nos fala:

 “Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus preparou para os que o amam” (2Cor 2,9).

Senhor, Pai de amor e misericórdia, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Que busca os filhos perdidos com infinita ternura. 
Sua voz ressoa no mais profundo do nosso ser; 
nos chama: filha, filho. 
Temos medo, Pai, pois somos pecadores, o pecado nos afasta de Vós. 
Pai, que sua voz nos chamando ressoe no nosso coração, vontade e liberdade. 
Que nos deixemos encontrar pelo Senhor, fonte da vida, que tudo perdoa e cura. 
Que o Espírito de seu Filho clame em nossos corações: Abba, Pai. 
Amém


segunda-feira, 19 de maio de 2014

O TEMPLO INTERIOR

Ao entrar no Templo, começou a expulsar os vendedores e disse: Está escrito: Minha casa será casa de oração, mas vós fizestes dela um covil de ladrões”. (Lc 19,45-46)

       Nesse texto Jesus expulsou os vendedores que profanavam o Templo com seu comércio. Nós somos o templo de Deus e muitas vezes profanamos ou permitimos que profanem nosso templo. No mais profundo do nosso ser há um templo interior, morada de Deus, local de adoração, onde somos saudáveis, onde sou verdadeiramente eu mesma. Este lugar é o meu coração, onde tomo as decisões mais profundas, lugar da fé, sacrário da alma, onde Deus habita.  

     Nosso templo interior, o ser profundo, foi purificado, santificado, no batismo. Se tornou casa de Deus, morada do Altíssimo, lugar de oração. Só eu, só você, tem a chave deste templo – o Senhor me confiou o cuidado dele. Mas quantas vezes abri as portas para os “pagãos” – pessoas que não o respeitaram, o profanaram, saíram e deixaram tudo revirado, roubaram algumas coisas, destruíram outras...

      Muitas vezes o Senhor mostrou-me que meu templo interior estava assim e pediu-me para fechar as portas, para recolher-me com Ele deixando-o curar o que foi ferido, arrumar o que foi desarrumado...

      Outras vezes abri a porta para o maligno, não vigiei, permiti que o tentador viesse colocar maus pensamentos que se tornaram sentimentos e ações.

   O Senhor nos pede vigilância sobre o nosso templo interior. Nele não pode haver ídolos, vendilhões ou profanadores – espirituais, emocionais, afetivos. Nele só pode reinar um Senhor:
“Que entre o rei da glória” (Sl 24,7).

Vem Senhor Jesus, Rei da glória, tome posse do lugar que é teu por direito. Fui comprada por um alto preço: o seu sangue. Fui purificada nas águas do batismo; regenerada pelo Espírito Santo. Eu pertenço a vós, Senhor. Dá-me sabedoria e discernimento para zelar pelo meu templo interior. Amém

domingo, 4 de maio de 2014

CHAGAS DE CRISTO, NOSSAS CHAGAS

    “Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos se alegraram ao ver o Senhor” (Jo 20,20).
   
Imagem da internet
 Quando Cristo ressuscitado apareceu aos discípulos mostrou as suas chagas, os sinais de sua crucifixão, para provar que era Ele mesmo. Jesus ressuscitado tinha uma aparência diferente, tanto que os discípulos custavam a reconhecê-lo, mas trazia em seu corpo glorioso o sinal das suas chagas. O Senhor ressuscitado é o crucificado!

    Também nós carregamos nossa cruz. A cruz dos sofrimentos, desamor, perdas, traumas, doenças, pecados, vícios... Às vezes ela se torna pesada, difícil de levar... em outros tempos ela se torna mais leve. Todos nós carregamos a cruz, mas o ser humano não foi criado para o sofrimento, por isto não aguentamos viver só na angústia, tristeza ou desespero. Então, mesmo no tempo em que a cruz se torna muito pesada a luz insiste em brilhar em nós; mesmo em meio aos sofrimentos temos alguma alegria, pois, se assim não fosse não aguentaríamos.

     Tudo o que nos aconteceu ou acontece nos marca, fica gravado em nós - marca nosso corpo e nossa alma. Se somos feridos no corpo quando a ferida é curada fica a cicatriz; assim também acontece com as feridas da alma: o Senhor nos cura, mas fica a cicatriz. Carregamos durante toda a vida os sinais das nossas chagas. E no dia eterno, quando ressuscitarmos definitivamente traremos em nós as marcas das nossas chagas, e poderemos dizer como o Senhor: “Vede minhas mãos e pés; sou eu mesmo!” (Lc 24,39).

     Mas, se trazemos em nós as marcas da cruz trazemos também as marcas do amor de Deus. E o amor é mais forte que qualquer sofrimento. Só o amor cura nossas feridas. O amor de Deus e o amor das pessoas. Por isto somos chamados a participar da missão curadora de Jesus. Jesus nos cura e nos envia para  sermos ministros de cura para os irmãos. Por amor.

    O Senhor nos convida a tomar nossa cruz e segui-lo decididamente. Ele ressuscitou, é o vencedor da morte, do pecado e do maligno. Se cremos em Jesus também nós ressuscitaremos com Ele para a glória de Deus Pai.

Ó Cristo ressuscitado, rei da glória! Cura as nossas feridas. Faz-nos renascer pelo Espírito Santo. Renova em nós todas as graças do batismo. Dá-nos a alegria da filiação divina, da força e consolação do Espírito Santo, da pertença à Igreja... Renova em nós a fé, a esperança e o amor. Amém.

“Vós me ensinais vosso caminho para a vida; 
junto de vós felicidade sem limites, 
delícia eterna e alegria ao vosso lado!” 
Sl 16(15),11