E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

UM LUGAR DE PAZ

       Às vezes estamos tão envolvidos na correria e barulho do mundo que não percebemos ou nos esquecemos de que de tempos em tempos precisamos quebrar a rotina, sair no nosso lugar de conforto. Pensamos: estou bem aqui, e  todos os lugares são iguais. Mas desde o Antigo Testamento o povo de Deus foi chamado a se retirar a lugares especiais, lugares de peregrinação, em busca de Deus, de si mesmo e do encontro com o outro. Para não nos alongarmos pensamos aqui como lugar especial para os hebreus o monte Sinai ou Horeb (cf. 1Rs 19,8), e Jerusalém. Jesus, como era costume do seu povo, fazia a peregrinação anual a Jerusalém: Todos os anos, na festa da Páscoa, seus pais iam a Jerusalém. Quando ele completou doze anos, subiram a Jerusalém segundo o costume da festa (Lc 2,41-42).
            
          Os Evangelhos nos falam também de outro lugar onde Jesus se retirou para orar. Era costume de Jesus se retirar para orar. Então, por que esse lugar se tornou especial? Por causa do mistério que aconteceu nele: a transfiguração do Senhor. Um dia o Senhor Jesus chamou seus amigos para sair da agitação e solicitação do povo e se retirar com ele a um lugar afastado, um lugar que reconhecemos como um lugar de paz, pois a paz foi o fruto daquela noite de oração.

   ... Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência, suas vestes ficaram brancas e resplandecentes (Lc 9,28).

     Muitas vezes nós também sentimos o desejo de peregrinar a algum lugar – perto ou longe - para sair de nós mesmos, deixar o egoísmo, despojar-se, se por a caminho, num sinal que esta vida é uma peregrinação. Esse lugar pode ser um santuário religioso, um retiro de final de semana, uma visita a um hospital, ou simplesmente uma caminhada pela mata... Tudo o que nos leva ao encontro do outro e a fazer o bem. Mas não adianta ir em peregrinação à algum lugar se não fizermos a peregrinação dentro de nós mesmos, no desejo de nos encontrarmos com Deus.
     

    Se você sente em seu ser um desejo de algo mais, se as coisas do dia a dia não saciam mais sua alma, se o seu olhar se volta para o alto com sede e desejo do infinito, você está pronto para ouvir o chamado: “Vem”. O Senhor Jesus te chama como chamou Pedro, Tiago e João, para subir o Monte Tabor.

   Se você aceita o convite, caminha com eles durante a noite e se esforça para manter os seus passos seguindo os passos de Jesus. Ao subir o monte vem à sua mente uma revisão de vida – o bem que fizemos... o os erros que  cometemos... Suas necessidades, fraquezas, dons, sonhos, vitórias, derrotas... Todo o mosaico da nossa vida passa pela mente em pedaços maiores ou menores, segundo sua importância. A subida deixa a respiração ofegante...  Não importa. O importante é prosseguir.

       Enquanto subimos vamos descortinando um cenário diferente. Nossos olhos se acostumam com a tênue claridade da noite e podemos ver melhor – o contorno das colinas e das árvores, o céu cheio de estrelas...

      Há quanto tempo eu não vejo o céu estrelado? Há quanto tempo tenho me deixado endurecer pelas inquietudes da vida? Há quanto tempo tenho me fechado para o outro? Há quanto tempo tenho me fechado para a novidade da graça de Deus?

     A poluição, o barulho, as luzes da cidade, o ritmo frenético da vida moderna facilmente nos afastam do contato com Deus, conosco mesmo, com o outro, com a natureza. Hoje o Senhor vem nos reconectar com as coisas simples da vida, nos convida a subirmos o monte e olharmos para o alto.

Senhor Jesus, tu és a nossa paz! Entre agora no mais intimo do meu ser e me dê a tua paz. A paz que o mundo não pode dar. A paz que permanece em nós mesmo nos momentos de sofrimento, perdas, doenças... Ó Cristo Senhor, nossa paz. Aquieta o meu coração e minha mente. Dá-me repouso, consolo, abrigo, nos desafios da vida. Guardai-me no teu coração, meu Senhor e meu Deus. Amém.