E o deserto florescerá!

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sábado, 13 de agosto de 2016

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

      Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a sós para um monte alto e afastado. E transfigurou-se diante deles. Seu rosto brilhou como o sol e as roupas se tornaram brancas como a luz... (Mt 17,1-8).
   

    A transfiguração de Jesus é um mistério (algo que não compreendemos completamente). Não é algo que Jesus faz, é algo que se realiza nele. É a revelação de quem Ele é: o Filho de Deus. E mostra o que viremos a ser: a esperança da glória futura, que já acontece, está escondida em nós.
Mostra a realização do passado (Lei e profetas). Antecipa o futuro, como fala o profeta Isaias: Eis que faço uma coisa nova! Já está despontando, não o percebeis? (Is 43,19). O que é a coisa nova? O amor do Pai, a salvação em Jesus, o dom do Espírito Santo, a segunda vinda de Jesus, o esplendor dos santos, a glória a que somos predestinados (cf. Ef 1,5-6).

      Jesus Cristo é o centro do tempo e do universo, une o céu e a terra. Na transfiguração vemos a glorificação de Cristo e a nossa: quando contemplamos nos transfiguramos. Mais ainda, o universo é transfigurado. Contemplando Jesus Cristo refletimos a glória divina e somos transformados na imagem que contemplamos (cf. 2Cor 3,18). Quer dizer: ter a mente, os pensamentos, os sentimentos, a visão de Jesus.

    Vamos subir o Monte Santo (2Pd 1,16-18). Entrar na nuvem luminosa: o Espírito Santo. Deixe que o Senhor me tome pela mão, na solidão, no silêncio da noite... Distanciar-me, subir o monte. Jesus não se transfigura em meio a multidão.
Do que você precisa sair, se distanciar?

      Enquanto Jesus rezava a luz provém do seu interior... até suas vestes se tornaram de luz: Deus é luz, nele não há trevas (1Jo 1,5). Jesus brilha com luz própria, mostrou algo de sua divindade. No monte, Jesus revela a Pedro, Tiago e João, um momento íntimo de oração entre Ele e o Pai. A transfiguração é um mistério da felicidade divina. Os discípulos se tornaram participantes; nós somos participantes.

       Deslumbrado Pedro diz: “Senhor, como é bom estarmos aqui!” - retornou a beleza perdida com o pecado, beleza desvirtuada em nossos dias. “Se quiseres, levantarei três tendas: uma para ti, uma para Moisés, uma para Elias”. Pedro não sabia o que dizia. Por que? Porque Jesus não é igual a Moisés ou Elias, outro profeta. Jesus é Deus. Depois ele não precisava fazer tendas. A tenda estava feita! Deus fez uma tenda: a nuvem, o Espírito Santo, sinal visível, os envolve. E do meio da nuvem, da tenda, se ouve uma voz: “Este é o meu Filho amado, escutai-o”. Completou-se a revelação. Deus não precisava falar mais nada (cf.Hb 1,1-2).

E, de repente, tudo voltou ao normal... viram só Jesus com eles. E Jesus lhes disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Jesus caminha conosco. Não precisamos ter medo. Nele encontramos o Pai e o Espírito Santo.

       Amados irmãos, o reino está dentro de nós! Vamos subir o monte interior...  entrar na tenda armada por Deus – com Jesus, o Pai e o Espírito Santo. Saborear a doçura e beleza de Deus.  Deixe que os projetos, as preocupações, o medo, a ansiedade, a tristeza... voem para longe, e aconteça em nosso coração uma profunda paz. Paz que é dom do Ressuscitado. Contemplar a transfiguração é uma cura para o stress e nos torna portadores da paz no mundo em guerra. Este é o sinal visível da espiritualidade da transfiguração: a paz. A primeira cura é a paz no coração. Deus nos cura pela paz. Ele é a nossa paz.

Senhor, toma-me pela mão e conduze-me ao monte alto e afastado do meu ser profundo. 
Leva-me contigo ao sacrário da minha alma, onde sou eu mesma e onde posso experimentar a beleza, a bondade e o poder de Deus. 
Leva-me ao lugar dentro de mim que é o seu templo. 
Onde sou sã. 
Onde o mar revolto da agitação do mundo não tem poder, porque neste lugar o Senhor reina e dá a sua paz. 

Todos nós, de face descoberta, refletimos a glória do Senhor como um espelho, e somos transformados nesta mesma imagem, sempre mais gloriosa, pela ação do Senhor, que é Espírito (2Cor 3,18).

Inspirado no livro O MISTÉRIO DA TRANSFIGURAÇÃO – Raniero Cantalamessa – Ed. Loyola