E o deserto florescerá!

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domingo, 22 de abril de 2018

GRAÇA E REBELDIA


    Podemos perceber dentro de nós duas forças contrárias. Uma é o desejo de fazer a vontade de Deus, de seguir Jesus com mais entusiasmo, de amar mais o próximo. Esta força foi gravada por Deus, no mais intimo do nosso ser, ao nos criar. Mas podemos perceber também a rebeldia, o desejo de controle, a arrogância, soberba, orgulho, egoísmo, e medo de fazer a vontade de Deus.

        Pela graça do batismo somos atraídos para Deus, fonte de todo bem. O desejo de fazer a vontade de Deus gera vida e consolação do Espírito Santo, mesmo quando passamos por tribulações na vida. A rebeldia, ao contrario, gera a morte, a tristeza, o medo, a frustração e reclamação. O desejo de me entregar ao Senhor vem do Espírito Santo; a rebeldia vem do Maligno, é fruto do pecado, do orgulho da carne. A rebeldia vem do amor próprio desordenado, fruto do orgulho, do desejo de dominar a vida, de ser como Deus.

     A mulher notou que era tentador comer da árvore, pois era atraente aos olhos e desejável para alcançar inteligência. Colheu o fruto, comeu e deu também ao marido, que estava junto, e ele comeu (Gn 3,6).

       Este versículo da Bíblia revela a tragédia da humanidade: a rebeldia e desobediência ao Criador. O Maligno apresentou a Adão e Eva a tentação do orgulho, e eles caíram perdendo a graça da amizade com Deus. O orgulho, o amor próprio desordenado, entrou pelos olhos (o fruto era atraente), dominou a inteligência (razão, pensamentos e sentimentos), e se tornou ação (colheu o fruto e comeu). Seus olhos se abriram, e viram, não a grandeza que esperavam, mas a pequenez do ser humano (estavam nus). Pois nossa grandeza vem de Deus, e quando nos afastamos dele só nos resta a miséria, o fracasso como pessoa. Por isso S. João nos exorta em sua primeira carta:

       Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – os maus desejos da carne, a cobiça dos olhos e o orgulho da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa junto com sua cobiça, mas quem faz a vontade de Deus permanece para sempre. 
(1Jo 2,15-17).

       O remédio para a ferida do pecado é a graça. O tratamento é vigiar sobre o amor próprio desordenado. Vigiamos reconhecendo que a raiz do pecado está em nós, e se tentarmos arrancá-la por nossas próprias forças ela brotará em outro lugar ainda mais forte. Mas Deus não nos criou para o pecado e a infelicidade. Deus nos criou para a vida, o amor e a santidade. O Espírito Santo é quem nos faz sair do reino do pecado e nos dá a vida da graça. É Ele quem nos torna dócil à vontade de Deus.

Então, o que posso fazer? Reconhecer que o pecado mora em mim (cf. Rm 7,14-25), e nas áreas onde sei que ele me domina, mudar as ações de orgulho para a mansidão. Combatemos o amor próprio desordenado pela mansidão e humildade. Mansidão e humildade é o jeito de ser de Jesus (Mt 11,29). 

   Nossa vida é transformada quando abrimos o coração para o Espírito Santo, dom de Deus. É Ele quem nos configura com Cristo e nos dá a alegria de sermos filhos do Pai. Ouçamos a voz do Espírito que nos exorta a obediência da fé. 
O amor próprio desordenado nos leva a incredulidade, pois quando me deixo dominar pelo orgulho eu creio em mim mesma e não em Deus. “Não me submeterei!” Este é o pecado de Lúcifer, que pela desobediência, de anjo de luz se tornou anjo das trevas, o Maligno.

    Para quebrar o orgulho não precisamos procurar muito, basta nos submetermos as situações humilhantes que a vida nos traz. Em tudo preciso discernimento, que é dom do Espírito Santo. Ele afina nossos olhos e ouvidos para perceber onde está a vontade de Deus.

          Senhor Jesus, lava-me com o teu sangue. Aos pés de vossa cruz me refugio. Renova a graça do meu batismo. Dá-me o Espírito Santo. Eu renuncio a satanás e as suas obras. Renuncio ao orgulho e a desobediência a Deus. Maria, mãe da divina graça, ajuda-me a obedecer ao Senhor. Desperta meus ouvidos para escutar sua exortação: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Amém.

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