“Não
recordeis os acontecimentos de outrora nem presteis atenção aos eventos do
passado. Eis que faço uma coisa nova! Já está despontando, não o percebeis?
Sim, abro uma estrada no deserto, faço correr rios em terra árida” (Is 43,18-19).
No mundo de hoje muitas vezes nos sentimos
no deserto, solitários, sem socorro ou esperança. Tantas coisas nos agridem...
somos bombardeados por todos os lados: o medo, a insegurança, as más notícias
sobre o clima, a corrupção, as mortes violentas de tantas pessoas e
especialmente dos jovens, a falta de emprego... e por aí vai... Em um mundo
assim é fácil perder a perspectiva da vida, perder os sonhos e viver no
imediatismo.
Dentro de nós carregamos os fardos e
traumas do passado – o que a vida nos trouxe, o que as pessoas nos fizeram – e as
feridas e fardos dos pecados, dos erros cometidos. Em tal situação sentimos
murchar a esperança e a alegria da salvação. Talvez você não se sinta assim,
mas a maior parte da humanidade vive dessa forma. E o que aflige a
família humana de alguma forma nos afeta. É neste contexto que podemos ler a
palavra de Deus.
O Senhor vem nos buscar como o Bom Pastor
busca a ovelha perdida. Ele procura por nós sem se importar em qual buraco nos
metemos. Vem ao nosso encontro para fazer uma coisa nova – cuidar do
abandonado, saciar os que tem sede e fome, libertar os cativos de toda forma de
escravidão, nos curar profundamente.
Muitas pessoas vivem no passado e
permitem que o passado determine o seu presente e futuro. Vamos imaginar a
nossa vida como uma balança de dois pratos. Em um dos pratos coloque o seu presente
e no outro o seu passado. Agora veja: qual prato tem o peso maior? As vezes o
volume do presente é maior, mas, embora tendo um volume menor, o peso do
passado é maior. Jesus nos convida a tomar posse do presente, do novo que ele
faz em nossa vida, e deixar o passado. Para isto eu preciso reconhecer que
preciso de cura. Preciso de cura, Jesus! Vem me curar, Senhor.
A palavra de Deus nos dá o
remédio: “Senhor, tem piedade de mim,
cura-me, pois pequei contra ti” (Sl (40(41),5).
O perdão de Deus é a cura. Muitas vezes
pecamos porque somos doentes. O Senhor nos perdoa e nos cura profundamente para
que não voltemos a pecar. Todos nós necessitamos dessa cura divina. Só o Senhor
cura as feridas do passado e nos dá o Espírito Santo, unção e selo de Deus em
nossos corações: “Aquele que nos mantém
firmes convosco em Cristo e que nos deu a unção, é Deus. Foi ele também que nos
marcou com seu selo e colocou em nossos corações, como um primeiro sinal, o
Espírito” (2Cor 1,21-22).
Oremos
juntos:
Senhor
Jesus, perdoa os meus pecados e cura as minhas feridas; cura especialmente as
feridas do passado que até hoje estão abertas.
Liberta-me, Senhor, das cobranças
que faço da vida e das pessoas quando penso que alguém me deve algo ou que não me foi dado o que eu
tinha direito.
Cura- me e liberta-me, Senhor, do desejo louco de que as coisas
fossem diferentes - desejo louco porque não tenho o poder para mudar nada em
meu passado.
Creio, Senhor, que fiz o melhor que eu podia fazer no momento, o
resto está na sua misericórdia, e eu confio na sua misericórdia, meu Senhor e
meu Deus.
Amém.