E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O AMOR INCONDICIONAL DE DEUS


     “Mas Sião reclama: ‘O Senhor me abandonou, meu Deus me esqueceu!’ Pode uma mulher esquecer seu bebê, deixar de querer bem ao filho de suas entranhas? Mesmo que alguma esquecesse, eu não te esqueceria!”  (Is 49,14-15).

      
   Para o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, na sua beleza e bondade original, é impossível esquecer um filho, por isso Deus, que pensa em nós com a natureza que ele criou, acha impossível uma mãe esquecer o seu filho. Mas a realidade do pecado nos marcou profundamente e distorceu até nossos sentimentos e valores mais profundos. Por isto vivemos a triste realidade do desamor, da rejeição. Com facilidade se rejeita um filho, uma filha, chegando mesmo a matá-lo pelo aborto, a abandoná-lo em uma lata de lixo.

       A rejeição é a ferida mais profunda que o ser humano pode sofrer e marca dolorosamente toda sua vida. Madre Teresa de Calcutá, acostumada a cuidar das pessoas mais abandonadas e doentes das ruas, nos dá esse testemunho: “A mais terrível pobreza é a solidão e o sentimento de não ser amado. A maior doença hoje não é a lepra ou a tuberculose ou aids, é, antes, o sentimento de não ser desejado".

        A experiência de não ser aceito, não ser amado, não ser recebido com alegria, fica impressa na mente, nos nervos, nos ossos, nos rins, enfim, em cada célula do nosso corpo, em todo nosso ser, fisíco, psíquico e espiritual – quando transferimos para Deus a rejeição sofrida. E se é doloroso ser rejeitado por um ser humano muito mais doloroso é sentir que não é amado por Deus, fonte da vida.

       Os sentimentos mais comuns provocados pela rejeição são: raiva, mágoa, ressentimento, indiferença, carência afetiva, culpa, cobranças, sentimento de não pertença, dificuldade de manifestar sentimentos... Quem está cheio de rejeição vai distribuindo rejeição por onde passa. Podemos tratar a rejeição de muitas formas: fazendo terapia, firmando a auto-estima pelo desenvolvimento integral como pessoa, amando a si mesmo, fazendo o exercício de se acolher e acolher o outro... Mas a cura das feridas profundas da rejeição só Deus pode curar. Só Deus pode encher os vazios do coração e reverter o desamor sofrido em amor.

        O primeiro passo para abrir o coração para a cura que o Senhor quer nos dar é reconhecermos que fomos rejeitados em alguma fase da vida. Sim, todos nós fomos rejeitados ou vivenciamos um amor condicional: eu te amarei se fores assim ou assado, e para sermos aceitos e amados tomamos a forma que alguém queria e com isso muitas vezes perdemos nossa verdadeira identidade - ser como Deus me criou.

      O ser humano é a obra prima de Deus, quer dizer o que de mais precioso ele criou. Rejeitar o ser humano é rejeitar a vida, é uma forma de suicídio. O Pai de nosso Senhor Jesus Cristo deseja restaurar a nossa vida nos dando seu amor incondicional, nos amando com amor eterno.


       Te dou graças, Senhor, pelo seu amor eterno; 
por teres me chamado à vida e me salvado em muitas ocasiões, me cercando de cuidados. 
Senhor, dá-me a graça de experimentar que o Senhor se alegra com a minha vida, me ama como sou e quer restaurar em mim a imagem e semelhança vossa que perdi ao longo da vida. 
Perdoe as minhas loucuras... 
livra-me do medo, do apego e do desejo de morte. 
A tua graça me basta, Senhor. 
Que o teu amor cure as feridas do desamor em mim. 
Tenho certeza de experimentar a bondade e o amor do Senhor, na minha vida.
Amém.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

DESEJAR A CURA


          Deus sempre quer curar porque nos ama! Ele se apresenta assim: “Eu sou o Senhor que te cura” (Ex 15,26). Em Jesus Cristo o Pai se revelou, se comunicou plenamente. Ele é o Salvador, o portador da cura do Pai. Cura envolve, perdão dos pecados, restauração da filiação divina – ser imagem e semelhança de Deus -, libertação do mal.

“Dois cegos, sentados à beira do caminho, ouviram que Jesus passava e começaram a gritar: ‘Senhor, Filho de Davi, tem piedade de nós!’ O povo repreendia-os e mandava que se calassem. Mas eles gritavam ainda mais alto: ‘Senhor, Filho de Davi, tem piedade de nós!’ Jesus  parou, chamou-os e perguntou: ‘Que desejais que eu vos faça?’ Eles disseram: ‘Senhor, que nossos olhos se abram. Compadecido, Jesus lhes tocou os olhos; eles começaram a ver de novo e se puseram a segui-lo" (Mt 20,30-34).

        O texto fala do encontro de Jesus com dois cegos sentados à beira do caminho. Quem está sentado à beira está parado... estagnado... à margem... marginalizado... rejeitado... e não há dor maior que a rejeição. Olhando para nossa vida reconhecemos que todos nós fomos rejeitados e todos nós rejeitamos, a nós mesmos e aos outros. Quem, ou o que, você mais rejeita hoje?

       Os cegos estavam à beira do caminho, mas esperavam algo – esperavam salvação da situação em que viviam. E porque esperavam estavam atentos, ouviram e agiram gritando:
“Senhor, Filho de Davi, tem piedade de nós!” 

     Esperavam e tinham fé, por isso reconheceram Jesus e clamaram: Ó Messias prometido de Israel, tem piedade de nós! E não se deixaram calar: enquanto os outros os repreendiam eles gritavam mais alto.

       Jesus olhou-os, não como quem está à beira, olhou-os com amor e perguntou: “Que desejais que vos faça?” Para sermos curados precisamos desejar a cura. O desejo é algo importante em nossa vida, quem deixa de desejar deixa de viver. Antes de encontrar à Deus eu desejo Deus, mesmo sem ter muita clareza que O estou desejando.

        E qual era o desejo deles? “Senhor, que nossos olhos se abram!” Muito mais que ser curados da cegueira física eles desejavam a luz espiritual que nos permite ver, reconhecer, a presença de Deus no caminho da nossa vida: “É o Senhor!” (Jo 21,7).

        Cheio de compaixão, Jesus os tocou e curou – a cura sempre é um ato de amor de Deus. Tocando-os, restaurou neles a dignidade de filhos de Deus. Jesus os curou e eles começaram a ver de novo. Isso quer dizer houve um tempo em que não eram cegos. Por que será que eles perderam a visão? E você, por que perdeu a visão? Todos nós perdemos a visão de alguma forma ao longo da vida.

      Curados, puseram-se a seguir Jesus, entraram na vida da Igreja, como discípulos do Senhor. Esse passo é muito importante, pois seguindo Jesus é que os meus olhos se abrirão mais e mais. É seguindo Jesus que minha cura e conversão se completará.  É seguindo Jesus que experimentarei mais e mais que sou filha, tenho uma família, estou em casa: a Igreja – onde sou cuidada e cuido de outros; onde sou acolhida e acolho exercitando o dom que o Senhor me deu: “Dei-vos o exemplo para que façais o mesmo que eu vos fiz” (Jo 13,15).

Jesus, só o Senhor pode me curar e restaurar o meu ser. Que os meus olhos se abram para ver que o seu amor eterno envolve todas as fases da minha vida e por isto nada do que vivi está fora do seu amor. Cura-me, Senhor. Eu preciso da sua misericórdia. Cura-me, Jesus, para que eu veja a luz de Deus em mim e no meu próximo . Amém.