E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 28 de dezembro de 2014

VIVER NO AMOR


    “Não tenhas medo, pois eu te resgatei, chamei-te pelo nome, tu és meu! Se tiveres que passar pela água, estarei ao teu lado, se tiveres que varar rios, eles não te submergirão. Se andares pelo fogo, não serás chamuscado, e as labaredas  não te queimarão” (Is 43,1-2).

       Quando atendemos as pessoas no ministério de cura interior percebemos que uma das coisas mais difíceis para o ser humano é acreditar plenamente que é amado por Deus. De tal forma fomos marcados por alguma espécie de rejeição que não acreditamos que o Senhor possa nos amar como somos e como estamos. Para fugir do amor de Deus colocamos uma máscara e usamos as mais variadas formas de desculpas – geralmente colocamos a culpa em Deus, na Igreja, na nossa família e em nós mesmos.

         Na vida passamos por muitas coisas, mas, se confiamos no Senhor, ele nos socorre em todas as dificuldades. E quando nos aquietamos sob sua mão  amorosa, quando permitimos que ele cuide de nós, sentimos, com a experiência do seu amor e cuidado, mais alegria do que com todos os bens da terra. A presença de Deus nos alegra o coração.

     Você é o amado, a amada de Deus. Não tenhas medo. Na sua vida há o amor tão grande, tão forte, que abarca tudo, que vai muito além do que você pode imaginar. Deus te ama. E se você permitir e acreditar nesse amor, esta realidade é suficiente para curar as feridas do abandono e as carências que o desamor causou em sua alma. Deus Pai/Mãe jamais te abandonará. Ele caminha com você e te dá força e proteção necessárias para passar pelo fogo dos sofrimentos e pelas águas da impotência. O Senhor te assiste em todos os perigo.

“Permitiste que homens cavalgassem sobre nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água, mas tu nos trouxeste à abundancia”. 
(Sl 66(65),12).

     Mesmo que os dias sejam de deserto, que aconteça uma seca prolongada em sua vida creia que no seu interior esta fonte nunca cessará de jorrar. Ela vem do Espírito de Deus. Dela vem água suficiente para matar a sua sede e você ainda pode repartir essa água com os que se aproximarem. Humildemente reconheça que seu coração é ferido, mas da ferida brota uma fonte de água. No encontro com o Senhor Jesus, a ferida de dor se transforma em ferida de amor. A ferida curada por Ele se torna uma fenda no coração por onde brota a água do Espírito, água que é balsamo para você e para os que estão próximos.

Oremos com confiança:

     Senhor Jesus Cristo, estou aqui na tua presença e te agradeço, pois em vós encontro compaixão, abrigo, misericórdia. Renuncio a toda forma de autodefesa ao seu amor. Reconheço que o Senhor é o meu consolo em todas as situações – no desamor, doenças, depressão, tristeza, desamparo, solidão, fracassos, cansaços, desesperança...  O Senhor me leva a atravessar o vale profundo da sombra da morte e chegar ao mais intimo do meu ser, meu templo interior onde o Senhor habita, onde sou amada e curada, onde há consolação, paz e alegria; onde jorra a fonte perene da vida. Que brilhe, Senhor, a vossa luz diante dos seres humanos, especialmente os que me são caros. Assim seja. Amém.

“Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,38).

“O mais importante é deixar que o Senhor me encontre e me acaricie com carinho” . (Papa Francisco)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

VINDE! VINDE!

   “Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos instrua em seus caminhos e caminhemos em suas veredas” (Is 2,3). 
     
    Amados, como uma criança que descobriu algo muito bom, chamemos uns aos outros: Venha, venha! É o próprio Senhor que nos convida pela voz do profeta: Vinde.  Convida para quê? Para deixar antigos hábitos, antigo modo de ver a vida, deixar os caminhos já batidos pelos nossos pés... caminhos por onde já nos cansamos de passar e neles não há mais novidade de vida. Caminhos que nos cansam e nos amarram em suas teias. Deixar o costume antigo - que até nos ajudou por um tempo – como se deixa uma roupa velha que, de tanto ser usada, já tomou a forma do nosso corpo.

      O Senhor nos convida a olharmos para o alto e começar ou recomeçar a subir o monte. Mas atenção, não é qualquer monte, mas o monte do Senhor. Dele receberemos uma veste nova – a renovação das graças do batismo. Percebemos que há alegria nesse convite, se o coração estiver aberto. Vamos a um lugar definido: à casa do Senhor. Com um objetivo claro: ser instruído e caminhar à luz do Senhor.

         Por mais auto-ditada que a pessoa seja ninguém se instrui de fato sozinho. É na comunidade dos discípulos de Jesus que seremos instruídos. Hoje em dia muitos querem viver a fé cristã sem Igreja, sem a participação em uma comunidade de fé. Mas devemos ter sempre presente que Jesus fundou uma Igreja (cf. Mt 16,18) – formou uma comunidade com os doze apóstolos e os formou durante três anos. Se Ele desejasse um culto solitário Ele mesmo poderia ser um solitário, como João Batista. Podemos perceber também que o convite é feito no plural: subamos, nos instrua, caminhemos.
   
    Aceitar esse convite requer de nós um coração aberto, humilde e desapegado. Nos apegamos facilmente a muitas coisas, mesmo sabendo que não são boas para nós, que só nos causam sofrimento. Coragem! Se aceitamos o convite o Senhor nos dá a mão para subirmos. Se aceitarmos o convite o Espírito Santo encherá nosso coração de alegria e luz: “Vinde, casa de Jacó, caminhemos à luz do Senhor” (Is 2,5). 
A luz simboliza vida e alegria. Muito mais a luz de Deus iluminará as áreas mais escuras e escondidas do nosso ser se aceitarmos o convite do Senhor para estarmos mais perto dele. Vinde!

Vem Senhor Jesus. 
Vem curar a cegueira, revolta, medo, mágoa e ressentimento. 
Curar o sentimento de não ter sido desejado, de não ter sido amado, que amarga a nossa vida. 
Queremos deixar tudo isto como uma roupa velha ao pé do monte e subir para uma vida nova de amor e paz. 
Restituí-nos a alegria da salvação, a alegria de viver. 
Dá-nos fraternidade, esperança, fé e amor. 
Que a luz do teu Espírito expulse as trevas do nosso coração. 
Amém.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

VIDA E MORTE


“Deixa que os mortos enterrem os seus mortos;” (Lc 9,60).
      

    Constantemente experimentamos estas forças contrárias dentro de nós: vida e morte; luz e trevas; esperança e desespero; alegria e tristeza. Temos sempre diante de nós dois caminhos (cf. Sl 1), e a cada dia, até mesmo a cada momento precisamos escolher. Em que consiste esta luta? No discernimento e sabedoria que nos faz escolher a vida, a luz, a esperança, a alegria. Discernimento e sabedoria que são dons do Espírito Santo.

      Vida e morte. Recebemos o dom da vida como um presente de Deus – a vida vem de Deus e está em nós, mas não nos pertence. Junto com a força vital que recebemos quando fomos concebidos pode ter vindo a força da morte se, por exemplo, fomos gerados, nascemos e vivemos nossos primeiros anos de vida num tempo em que houve mortes na família. Esta força da morte pode ser a raiz da tendência à melancolia, tristeza e depressão presente em nós.

      Luz e trevas. Em outros casos quando fomos gerados nossos pais podem ter colocado uma expectativa exagerada sobre nós. Expectativas do tipo: “esta filha, este filho, será minha alegria e consolo; virá para preencher minha solidão e o vazio do meu coração, etc”. Se houve antes um aborto esta expectativa tem ainda mais força, pois a criança concebida carrega muitas vezes a responsabilidade de viver a vida da irmã ou irmão que morreu. A força das trevas podem se cristalizar em nós e se manifestar como autossuficiência, orgulho, perfeccionismo, obsessão, etc. Esta situação impede a vivencia plena do senhorio de Jesus, pois só deixo a luz do Senhor iluminar a superfície, mas o meu ser profundo é como um iceberg com sua maior parte na escuridão, onde eu reino, onde não permito que a luz do Senhor entre e me converta.

    Esperança e desespero. A esperança vem do amor de Deus: “E a esperança não engana, pois o amor de Deus se derramou em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Rm 5,5). Mas quando vivemos ligados à tudo de mal que acontece no mundo, as vãs preocupações podem nos levar ao desespero. Isto é uma ilusão, pois não podemos dar conta de tudo o que acontece no mundo! O desespero não nos deixa ver a bondade e o amor presente nas pessoas e no mundo. Temos esperança porque o Senhor está no meio de nós, caminha conosco, mesmo se, como aconteceu com os discípulos de Emaús, não o reconhecemos na maior parte do caminho.

     Alegria e tristeza. A alegria é fruto do Espírito Santo. Sua fonte é como uma nascente de água que brota do solo ressequido do nosso coração, na aridez da nossa vida. Às vezes não nos damos conta de como a tristeza nos faz mal – se a ela nos entregamos se torna um câncer em nossa alma. Na tradição monástica antiga a tristeza é vista como o oitavo pecado capital. Vejamos o que nos diz o livro do Eclesiástico: “Não entregues tua vida à tristeza nem te atormentes com tuas reflexões. A alegria do coração é a vida da pessoa, e o contentamento lhe multiplica os dias. Distrai-te, consola teu coração: expulsa a tristeza para longe de ti. Pois a tristeza já causou a perdição de muitos e não traz proveito algum” (Eclo 30,21-23).

    Deixar que os mortos enterrem os seus mortos... Ás vezes somos teimosos e nos agarramos a pessoas, coisas e situações de morte ou que estão mortas para nós. O que passou, passou. O mal e o bem que nos fizeram, que nos aconteceu e que nós fizemos ou deixamos de fazer, não volta mais. Está na misericórdia de Deus. Entregue com toda confiança a sua vida nas mãos amorosas do Pai, pois Ele cuida de nós. Mesmo se você foi gerado em tempo de morte, rejeitado, maltratado, abandonado... você sobreviveu. Sobreviveu porque o Senhor cuidou de você e providenciou o necessário para sua vida. Vamos à Ele com cantos de alegria e gratidão pelo maravilhoso dom da vida.

    Senhor, nosso Deus e Pai. 
Colocamo-nos na tua presença, entramos no teu santuário com humildade e gratidão. Gratidão pelo dom da vida, e alegria, pois o Senhor cuidou de nós. A ferida aberta em meu coração pelos sofrimentos da vida foi curada pela chaga aberta no Coração de Jesus, nosso Redentor.                    Pai, em teu amor, pelo sangue de Jesus, Cordeiro imolado, eu perdoo a todos os que me feriram. E hoje mais uma vez eu me abro para receber o seu amor e a vida que vem pela força do Espírito Santo. Obrigada, Senhor, pela vida. Amém.  

sábado, 1 de novembro de 2014

COMBATE ESPIRITUAL

    “A nossa luta não é contra forças humanas mas contra os principados, contra as autoridades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos maus dos ares” (Ef 6,12).
   
   O combate espiritual é uma realidade infelizmente desconhecida pela maioria dos cristãos. Se por um lado há quem veja demônio em tudo, por outro lado há quem negue sua existência e não o veja em nada. Mas nenhum destes modos de agir nos faz crescer no discernimento dos espíritos e no combate espiritual. 

   Não podemos negar a realidade do mal. Se o Maligno não existisse Jesus não terminaria a oração do "Pai nosso" (Mt 6,9-13) pedindo ao Pai que nos livre do mal. O Catecismo da Igreja Católica, no número 2851, fala assim sobre este pedido de Jesus: “Neste pedido, o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O diabo (dia-bolos) é aquele que se atravessa no meio do plano de Deus e de sua obra de salvação realizada em Cristo”.

    A principal ação do demônio é a tentação. Nisto consiste a batalha espiritual: o demônio nos tenta para nos afastar de Deus. Para vencer o tentador precisamos vigiar e usar o escudo da fé (Ef 6,16). Vigiar quer dizer prestar atenção em quem está agindo numa determinada situação: o maligno que quer nos afastar de Deus e dos irmãos; nossa vontade humana dominada pelo orgulho, o egoísmo e as paixões desordenadas; ou o Espírito Santo que nos atrai para a vontade do Pai e nos dá força para vencermos o tentador. Vivemos esta batalha o tempo todo durante a nossa vida. É uma batalha sem trégua, que acontece dentro de nós e ao nosso redor. Discernir qual o espírito está agindo em nós e na situação presente é algo que não conseguimos fazer sozinhos. Precisamos do Espírito Santo, “o Espírito da verdade” (Jo 16,13).

    O combate espiritual é uma luta disfarçada e precisamos da prudência das serpentes e a simplicidade das pombas (Mt 10,16) para vencê-lo.  Ao discípulo de Jesus o mal costuma atacar conforme nossa fraqueza. Muitas vezes depois de uma ação evangelizadora nos vem um cansaço espiritual – o maligno nos tenta nos fazendo pensar que aquela ação não valeu para nada. Outras vezes nos tenta pelo orgulho e pela vaidade nos fazendo deleitar com o pensamento de como, por nossa causa, aquela ação foi boa. Outras vezes se manifesta no desânimo ou nos faz dar sem medida até nos esgotarmos. 

    Precisamos caminhar no discernimento dos espíritos para vencer a batalha espiritual e desmascarar o tentador. Desmascaramos o tentador quando estamos unidos ao Espírito Santo na oração. A arma mais poderosa contra os ataques do maligno é a mansidão e humildade (Mt 11,29).

Senhor
nos colocamos na sua presença, pedindo que o teu Espírito Santo venha agir em nós. Ó vem Espírito de Amor, dá-nos discernimento para combater o bom combate. Que nada nem ninguém nos faça tirar os olhos de Jesus, nosso Senhor e Salvador. Pai, por nosso Senhor Jesus Cristo vos pedimos, livra-nos do mal. Amém.

 “Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra minhas mãos para o combate, meus dedos para a guerra.” (Sl 144(143),1)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

REPOUSO EM DEUS

“Só em Deus a minha alma repousa, dele vem a minha salvação; só ele é minha rocha, minha salvação, minha fortaleza, jamais vacilarei!” 
(Sl 62,2-3).
  

   A palavra repouso encontra um eco profundo no coração humano. Todos nós desejamos repousar. Percebemos que o repouso pelo qual nossa alma anseia é muito mais do que o simples descanso do cansaço diário. O repouso que desejamos é a integração da nossa mente, corpo e espírito; é saber e sentir que somos amados e aceitos como somos – sentir que fomos desejados.

     A Bíblia fala do repouso de Deus: “e no sétimo dia descansou de toda obra que fizera” (Gn 1,31). O descanso de Deus nos faz refletir que Ele colocou o desejo e necessidade de descanso em nossa alma. Mas nós vivemos numa sociedade barulhenta onde tudo leva para a dispersão, a inquietude e o cansaço. Encontro pessoas que já desistiram de repousar, que muitas vezes não sabem mais repousar. A mente inquieta não permite mais estar verdadeiramente com as pessoas nem estar diante de Deus em oração. Parar, escutar, silenciar, se torna impossível.

    Quando temos a mente assim agitada a angústia encontra abrigo em nosso peito e o coração dói; ficamos presos na armadilha dos sentidos e dos sentimentos. Experimentamos a solidão e o desamor como se não houvesse no mundo alguém capaz de nos acolher e compreender. Mas Deus não desiste de nós porque nos ama com amor eterno. Seu amor é desde sempre e para sempre.

     Hoje, Ele te convida a não parar na turbulência da sua mente que pode levar à depressão. A tomar posse, pela fé, do lugar de repouso que ele mesmo colocou dentro de você. Escute a voz do Espírito que diz: atravesse o mar revolto dos sentimentos, atravesse o vale das sombras, para chegar ao seu templo interior, o seu espírito, o núcleo do seu ser, onde Deus habita, onde você pode receber consolação e amor.

    Todos nós podemos fazer a experiência de que temos todo o amor que precisamos. Aquele que nos criou e nos regenerou nas águas do batismo, nos ama. Ele nunca te abandonou e jamais te abandonará. Seu amor é fiel agora e por toda eternidade. Busque-o na oração, na leitura e meditação da Palavra de Deus, na participação na comunidade e deixe-o aquietar a sua mente e te levar ao lugar de repouso. Tome posse, hoje, dos bens futuros.

“Como um pastor ele apascenta o seu rebanho, com o braço o reúne; carrega ao colo os cordeirinhos e conduz as ovelhas que amamentam” (Is 40,11).

Senhor Jesus, dá-me a graça de viver na segurança do seu amor. Quero encontrar este lugar dentro de mim em que eu estou em Ti e Tu estás em mim. Quando a angústia apertar o meu coração, tome-me pela mão e atravesse comigo a turbulência da dor para entrar no lugar do meu repouso. Senhor, que todas as minhas ações e relações seja a partir do seu amor em mim. Ó vem Espírito Santo me conduzir a uma vida mais plena como o Senhor deseja para mim. Amém

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

MORADA DE DEUS

  "Nele vós também sois integrados na construção para vos tornardes morada de Deus no Espírito” (Ef 2,22).
   
   O Pai busca em nosso coração uma casa para seu Filho. Lendo e meditando esta palavra me recordo de uma experiência com Deus acontecida há muitos anos atrás. 

    Naquele dia, quando estava orando, tive a imagem do meu coração como um sacrário da Santíssima Trindade, de onde saía uma luz muito intensa. Essa luz traspassava todo o meu ser, me purificando, curando, libertando... vivificando cada uma das células, tocando minha memória, pensamentos, sentimentos. Experimentei a vida de Deus em mim.

Uma autentica experiência com Deus marca de tal forma nossa vida que nunca a esquecemos; basta nos recolhermos em oração, em contemplação, para ela vir à nossa memória, se tornar presente com a mesma força do momento em que a experimentamos.

  Para ter vida em abundância precisamos abrir mais e mais o nosso coração para que o Senhor Jesus venha nele morar. Às vezes nem pensamos nesta maravilhosa realidade: somos o templo de Deus! Não pensamos porque enchemos nossa mente com inúmeras preocupações que roubam nossas forças, ou porque nos sentimos indignos de ser morada de Deus. Mas se não fizermos a experiência de sermos morada de Deus, templo santo do Senhor, nossa fé e vivência espiritual, atingirá apenas a nossa mente, nossa razão, nossos pensamentos, mas não o  coração. E se não atinge o mais profundo do nosso ser, não fazemos a experiência de que Ele vive em nós. Desta forma a experiência de Deus atingirá minha razão, mas não o meu coração. As profundezas do meu ser não serão evangelizadas, Jesus não será verdadeiramente o Senhor e Salvador no mais íntimo do meu ser.

Oremos juntos:

     Senhor, meu Deus e Pai, rompe as barreiras e limites que coloco para o Senhor em minha vida. 
Quero pertencer inteiramente ao Senhor, com todo meu coração, com todo o meu ser.
Senhor, meu coração é a tua casa, vem morar em mim. 
Podes ocupar todos os espaços. 
Desocupa meus depósitos, as reservas que guardo para mim, aquelas áreas da minha vida que não entrego inteiramente ao Senhor. 
Vem Senhor Jesus, fazer de mim “morada de Deus no Espírito”. 
Amém


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

FONTE DAS ÁGUAS

   

“Como a corça suspira pelas águas correntes, assim minha alma suspira por ti, meu Deus.”  (Sl 42,2)

     A água é símbolo da vida, sem ela não podemos viver. Como nosso corpo precisa da água, mais, muito mais, nossa alma precisa da Fonte de água viva: Deus.

    Preparando-me para orar acendo uma vela e contemplo sua chama que na ausência de vento sobe para o alto. Assim eu desejo que o meu espírito esteja em sintonia com o Senhor. Meu espírito busca as coisas do alto, o céu, morada do Deus vivo.

“Um abismo clama por outro...” (Sl 42,8).

    O abismo do meu nada clama ao abismo do amor e misericórdia de Deus. O Senhor sempre escuta a quem o chama, seus ouvidos estão atentos ao nosso clamor. Quando temos sede de Deus foi Ele mesmo que colocou esta sede em nós. O Senhor deseja fazer morada em meu coração, em seu coração, e por isso nos dá sede, desejo por Ele.
A chama da vela acesa simboliza a fé, dom do Espírito Santo.

Vinde Espírito Santo, unir céu e terra dentro de mim. Ó Espírito Santo, Senhor que dá a vida, aumenta a nossa fé para que o desejemos de todo o coração e endireitemos nossos passos no caminho do Senhor. Pai, em nome de Jesus, envia o teu Espírito de Amor, para encher os vazios do nosso coração com a plenitude do seu amor e sua graça. Amém

      A fé me dá coragem para lançar-me no abismo nos braços amorosos do Pai, pois atrás de mim não há nada que me sustente.

    Quando você sentir o peso da solidão, o vazio esgotante da solidão... quando sentir que não há socorro humano... nestes dias em que a tristeza é uma raiz amarga... quando nossos  ossos estão secos, e a alegria de viver quase nos abandona... Nestes dias precisamos nos agarrar ao Senhor com todas as nossas forças. Voltar-nos para Ele, esperar nele, até que passe a tormenta... Ele é o único que fica conosco sempre, que desce conosco às profundezas da dor humana. E eu experimento que quando estes dias passam sou um pouco mais de Deus. Experimento que o remédio para a solidão é buscar a companhia do Senhor na intimidade do meu ser.

     Ó Pai, sou tua filha e estou diante de Vós com confiança. Confio porque o Senhor é bom, confio porque sou amada. Esta é a verdade mais profunda da minha vida. Se subo aos céus da alegria de viver, da experiência do Senhor, da amizade e amor humano, o Senhor está comigo. Se me prostro no abismo da solidão, do pecado, do desamor, da incoerência, da incompreensão, o Senhor está comigo. Teus braços fortes me amparam e me levantam quando tropeço e caio. Como não ser feliz diante desta realidade?  
Um dia eu te encontrei, ó meu Amado. O Senhor me olhou e eu me tornei alguém. Obrigada, meu Senhor e meu Deus.    

      “Teu amor seja meu consolo, segundo a promessa feita a teu servo! Pertenço a ti: salva-me pois tenho procurado teus preceitos”  
(Sl 119,76.94).

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A INTIMIDADE COM DEUS NA ORAÇÃO

   
    Eu creio que a pessoa que se dispõe a orar, que deseja ter uma vida de oração regular, busca a intimidade com Deus. Buscamos a intimidade com Deus porque sabemos, mesmo inconscientemente, que só Ele pode nos dar o que nossa alma mais anseia. Como diz o salmista: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de Deus?” (Sl 42(41),3).

     Vemos neste versículo o relacionamento de duas pessoas: o ser humano que tem sede, que busca, procura, anseia, por algo mais na sua vida, e Deus, que o busca primeiro. O ser humano tem sede de Deus porque sabe que os prazeres, amores e poderes deste mundo não podem saciar seus desejos mais profundos, na complexidade e simplicidade do seu ser. Por isto buscamos na oração nos colocar na presença do Outro que também tem sede de nós e nos busca.

    O Outro é o Deus vivo, que se comunica conosco, nos fala, nos compreende – só Ele compreende totalmente o ser que Ele criou. Só Ele sonda as profundezas do nosso ser e nos ama, nos acolhe como somos.

    Se há uma busca de nossa parte e um Outro que nos escuta e responde, por que temos tanta dificuldade em sermos fiéis na oração e na entrega do coração à Ele?

     A primeira dificuldade é sem dúvida o pecado que causou em cada um de nós uma ruptura com Deus. Esta é uma realidade dolorosa do ser humano e da qual não podemos fugir. S. Paulo descreve claramente nossa situação: “Não faço o bem que quero e sim o mal que não quero. Se faço o que não quero, já não sou eu que faço, e sim o pecado que mora em mim” (Rm 7,19-20).

    Por isto, amados, quem busca a oração de intimidade com Deus vive uma batalha. Uma batalha entre o reino do ego e o Reino de Deus. Esta batalha nós a ganhamos perdendo. Sim. Para viver a oração como intimidade com Deus precisamos perder. Perder o orgulho, o egoísmo, o perfeccionismo, o desejo de posse e de controle, os apegos e a obsessão de que as coisas sejam de acordo com nossos planos e projetos.

     O Reino de Deus é misericórdia, alegria, paz, amor e perdão. Jesus Cristo veio anunciar o Reino e nos convidar a viver nele. O Reino de Deus acontece quando nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo para o coração de Jesus. Assim, transformados pelo Espírito, teremos os pensamentos e sentimentos do Filho, que deseja a vontade do Pai, sobre todas as coisas. “Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade...” (Mt 6,10).

Assim, entraremos, pouco a pouco, na intimidade com o Senhor, na oração e na vida.

Pai, oramos com Jesus: “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Ó Espírito Santo, dá-nos um coração de filho para permitirmos que Jesus, o Senhor, reine em nós. Amém


sábado, 30 de agosto de 2014

A GLÓRIA DO SENHOR

“O resplendor que a envolvia tinha o mesmo aspecto do arco íris que se forma nas nuvens em dia de chuva. Tal era a aparência visível da glória do Senhor. Ao ver isto, caí prostrado e ouvi a voz de alguém que falava.” Ez 1,28

    Este texto é o final da narrativa da visão que o profeta Ezequiel, exilado na Babilônia, teve da glória do Senhor. Nesta visão Ezequiel retoma a crença dos antigos patriarcas de que Deus caminhava com o seu povo. Crença esta esquecida, pois depois da construção do Templo em Jerusalém vincularam a presença de Deus a uma terra e a um local: o Templo.

E nós? Qual a visão da glória do Senhor que temos?

    S. João diz que Deus é luz (1Jo 1,5). A visão de S. João é semelhante à visão do profeta Ezequiel. Mas S. João vai além quando diz: “Deus é amor” (Jo 4,8). O que S. João diz ele ouviu do Filho, Jesus Cristo, a testemunha verdadeira (1Jo, 1-3). A revelação que Jesus nos trouxe de que Deus é amor e é luz nos enche de alegria (1Jo 1,4). 

     Na transfiguração o Senhor Jesus Cristo revelou a luz da glória de Deus: “E transfigurou-se diante deles: “Seu rosto brilhou como o sol e as roupas se tornaram brancas como a luz” (Mt 17,2). “Rosto como o sol”, “roupas como a luz” são palavras humanas, limitadas, que certamente não correspondem plenamente ao que Pedro, Tiago e João realmente viram – a glória de Deus manifestada em Jesus Cristo. Mas na transfiguração de Cristo eles também foram transfigurados e foram fiéis até o fim.

     Só em Jesus Cristo encontramos a plena revelação da glória de Deus. Olhando para Jesus, o Filho do Homem (Ez 1,26) - olhando para sua vida, paixão, morte, ressurreição – vemos a compaixão, o perdão, a misericórdia, a ternura, a bondade, a paixão pelos seres humanos a quem Ele chamou de irmãos: “Vai aos meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20,17).

    Só Pedro, Tiago e João viram a glória da transfiguração. Mas, todos podem ver a glória muitas vezes escondida - mas que se revela a quem busca – no amor, na Eucaristia, na Palavra de Deus, na conversão de cada pessoa que encontra o Senhor, na graça, no dom do Espírito Santo... Na fé: “Eu não te disse que, se acreditásseis, verias a glória de Deus?” (Jo 11,40).

Este convite é para você: “Por meio de nosso evangelho, ele também vos chamou para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo” 
(2Ts 2,14).

Senhor Jesus Cristo, revelação plena do Pai, dá-nos a graça de sermos regenerados, curados, santificados, na sua glória. 
Preciso hoje, Senhor, da manifestação da sua glória na minha vida.
 Envolva-me no seu amor, compaixão, misericórdia e perdão. 
Espírito Santo, consolador, encha os nossos corações com a glória do amor do Pai revelada em Jesus Cristo nosso Senhor. 
Amém

Vivamos na alegria da glória do Senhor!

sábado, 23 de agosto de 2014

REDENÇÃO DO NOSSO CORPO

    “Mas também nós que possuímos os primeiros frutos do Espírito gememos dentro de nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo” (Rm 8,23).

     É verdade que recebemos o Espírito Santo no batismo, somos filhos. Mas sentimos dentro de nós uma certa angústia pois possuímos, mas ainda não. Nossa sede é saciada pelo Espírito de Deus, mas não totalmente. Ansiamos por mais. Ansiamos pelo céu, por contemplar a face de Deus, pela visão beatífica, pelo dia sem ocaso, pela vida plena no Senhor, quando conheceremos como somos conhecidos.


    Amo esta vida, amo meu corpo, amo as pessoas, amo este mundo, mas anseio por algo melhor e maior: anseio por vós, meu Senhor e meu Deus. Tenho saudades do Senhor, fonte da vida. Quero voltar para casa e participar com o Senhor no banquete, na ceia eterna, junto com os anjos, a Virgem Maria e os santos que me precederam no céu. É esta esperança que me move e anima. Mais que tudo eu quero a Deus. 

  Contemplo algo melhor e maior: Deus. Experimento já nesta vida seu amor e misericórdia. Meu coração se enche de esperança, paz e alegria. Minha fé é renovada. Acolho a semente do Reino que o Senhor planta em meu coração. Semente pequena e escondida, mas que tem uma força vital poderosa. Quero mais meu Deus, quero o céu.

   “Não vos inquieteis com coisa alguma. Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas necessidades em oração e súplica, acompanhadas de ação de graças” (Fl 4,6)

Vamos orar por nossa cura física.

Senhor, somos teus filhos e filhas, necessitamos da sua misericórdia. Pai, em nome de Jesus, pelo seu preciosíssimo  sangue, por sua morte e ressurreição, pelo dom do Espírito Santo, nos colocamos em sua presença com toda confiança.
Senhor, cura as feridas que o pecado e o sofrimento deixaram em meu corpo. Em certas situações, às vezes por tempo prolongado, passei por situações que deixaram marcas no meu corpo e em minha alma.
Cura, Senhor, o órgão do meu corpo que se tornou o órgão de choque por onde estas coisas que guardo, às vezes inconscientemente, encontram uma forma de se manifestar e me faz adoecer.
Senhor, eu peço perdão pela raiva, ressentimento e mágoa, que roubam minha alegria de viver e me faz adoecer.
Cura, Senhor Jesus, o sistema nervoso; os ossos e as juntas; os males do aparelho digestivo; o fígado; as doenças cardíacas; do sangue e das veias; as doenças autoimunes; os males da garganta; os pulmões; os rins e bexiga; útero, ovários, mamas; próstata; toda forma de câncer; os males da tireoide; as doenças do cérebro; a depressão...
(Continue orando, apresentando ao Senhor com confiança suas enfermidades).
Por tudo te damos graças, Deus de misericórdia e compaixão, por Cristo nosso Senhor. Amém 

“Por suas chagas fomos curados” (Is 53,5).

segunda-feira, 28 de julho de 2014

TUDO CONCORRE PARA O BEM

“Nós sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, dos que são chamados segundo seu desígnio”. (Rm 8,28)

      Como está palavra é animadora para nós, discípulas e discípulos de Jesus Cristo! Realmente nos conforta nas tribulações desta vida. Como é bom experimentar que o Senhor vai tecendo nossa vida para a salvação; Ele aproveita tudo para nos converter, exortar, animar, curar, libertar... Tudo concorre para o bem se meu coração for aberto para o Senhor, se desejo fazer, por amor, a vontade dele. Se permito que o Espírito Santo vá me transformando.

      Meditando nessa palavra olho para minha vida e vejo quantos erros cometi... quantos enganos e incapacidade de fazer o bem... Mas o Senhor em sua infinita misericórdia quer que eu acolha, abrace, ame, minha pequenez, pois, pela graça, tudo concorreu para o bem – do mal o Senhor tirou um bem. A graça de Deus é a flor que brota nos emaranhados da vida.

 Amar a pobreza, a limitação, a incapacidade, não é fácil. Vai contra o orgulho, a autossuficiência e o desejo de auto realização segundo os padrões do mundo. Amar minha pequenez, meus enganos e limitações, é um ato de conversão. Conversão do orgulho para a humildade e mansidão. É obra do Espírito Santo em nós, só alcançamos pela graça.

Oremos juntos

Vinde Espírito Santo! 
O Senhor que sonda as profundezas, que conhece o que está oculto em mim... 
Espírito da verdade, vinde! 
Minha alma tem sede de vós como a terra seca anseia pela chuva. 
Vinde Água Viva. 
Senhor que dá a vida. 
Vinde transformar tudo o que fiz, vivi, sofri... num bem, 
para a glória de Deus Pai. 
Amém

quarta-feira, 16 de julho de 2014

ESCOLHA E MISERICÓRDIA


      “Porque ele disse a Moisés: ‘Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia. Terei compaixão de quem eu desejar ter compaixão’. Desta forma a escolha não depende de quem a quer nem de quem corre, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9,15-16).

     Diante dessa palavra sinto desejo de dobrar os joelhos, curvar a cabeça, e acolher a bondade e misericórdia do Senhor. Que coisa admirável! Sempre me surpreende o modo como Deus age no íntimo do coração humano. Como ele escolhe muitas vezes o mais fraco, como ele entra na vida de uma pessoa criada num ambiente que aos nossos olhos é estéril e até hostil à graça.

     Meu irmão, minha irmã, a misericórdia de Deus nos envolve totalmente. Desde o ventre materno estávamos envoltos na misericórdia do Pai. Fomos gerados na misericórdia. E nunca fomos abandonados, pois a misericórdia do Senhor nos protegeu e conduziu por toda a vida. É verdade que às vezes nos afastamos dele. Pecamos, erramos, nos enganamos... Não prestamos atenção à sua presença em nossa vida. Mas a misericórdia do Senhor nunca nos abandonou. Fomos salvos, atraídos, curados, pelo amor gratuito de Deus. Tudo o que vivemos – as alegrias, os sofrimentos, os erros cometidos... - são transformados em experiência de amor pelo conhecimento de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta. Será que vocês não valem mais do que os pássaros?(Mt 6,26).



Vamos rezar juntos

Senhor Jesus, 
eu sou a ovelha perdida e um dia o Senhor saiu para me buscar. Eu te agradeço Senhor por teres me escolhido. O Senhor me encontrou, me pegou no colo, cuidou de mim, curou minhas feridas... Tudo o que tenho recebi do Senhor. Por isto eu vivo para o Senhor, em ação de graças.
       Hoje esta ovelha que era perdida permanece e se alimenta aos teus pés. Estando aos teus pés estou sob o teu olhar de amor que me cura e me revela quem sou eu. Estou ao alcance de suas mãos e sempre que quiser o Senhor passa suas mãos sobre mim. Outras vezes me toma no colo, me põe no teu peito onde posso ouvir as batidas do seu coração unido ao meu e escutar as palavras de sua boca. Obrigada Senhor. Amém


sábado, 21 de junho de 2014

A CRUZ E A GLÓRIA

“Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!  (Jo 16,33).

       Essa palavra de Jesus é um convite para ficarmos unidos à Ele, a estar no seu coração. Estar no coração de Jesus, ficarmos intimamente unidos a Ele, às vezes é doloroso porque partilhamos da sua cruz. Cruz do sofrimento, da solidão humana; cruz da purificação do pecado. Estar no coração de Jesus é sentir um pouco do que ele sentiu pela humanidade. Isto nos purifica da ilusão, da vaidade, do orgulho, do egoísmo, que matam nossa alma, nos afasta de Deus e das pessoas.

      Acontece que quando ficamos assim, unidos ao coração do Senhor, muitas vezes não sentimos a consolação dEle. Mas podemos ter a certeza da fé que Ele nos cobre com a sua mão, nos protege e nos livra do mal: “Mas eu serei para ela - oráculo do Senhor – uma muralha de fogo ao redor e no seu interior serei sua glória” (Zc 2,9). 
E quando nossas forças se esgotam Ele envia um anjo consolador para nos consolar – o mesmo anjo que O consolou no Getsêmani (Lc 22,43).

   
Imagem da internet
 A cruz não está separada da glória; na dor ressoa forte o convite à alegria: “Exulta, alegra-te, filha de Sião, porque eu venho para morar no meio de ti – oráculo do Senhor” (Zc 2,14). A dor de estar unidos ao sofrimento de Cristo é uma dor que gera alegria. É a dor do pecado, da realidade dura e sofrida da vida humana, é a dor da cruz em que o Senhor nos salvou do pecado e da solidão da morte: "Onde Está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?"
(1Cor 15,55).
 A salvação gera em nós a alegria que vem do Espírito Santo. Deus se alegra porque seus filhos que estavam dispersos foram resgatados.

    Compreender isto é compreender o caminho por onde o Senhor passa dentro de nós e em nossa vida. Esta realidade, esta experiência, vai muito além do que eu posso expressar com palavras...

Senhor, quando estou em seu coração sou profundamente ferida. 
Uma ferida de amor que só encontra consolo em Vós, pelo Espírito. 
Ó Espírito Santo, faça-me penetrar mais profundamente no mistério da vida, paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo.
Espírito Santo, conduza-me às profundezas da vida em Cristo, onde encontro a fonte de onde jorra a vida e a alegria. 
Minha alegria é estar perto de Deus, do Deus vivo. 
Aleluia, amém.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

RAÍZES E LIBERDADE

“Sai de tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12,1).
   
    Muitas vezes para realizar sua obra de amor e salvação em nós e através de nós, Deus precisa nos transplantar. Quer dizer que, como Ele fez com Abraão, precisa nos tirar de nossa terra, do meio familiar, e nos levar para terras distantes num projeto de amor e salvação para nós, e para nos usar como instrumento em suas mãos. 

    Às vezes isto é necessário, pois do contrário ficaríamos muito apegados às nossas coisas, nossos projetos e às pessoas queridas. Apegados à mesmice da vida, sem oportunidade de abrir a mente e o coração para a vontade do Senhor para nós. Apegamos-nos a limites estreitos demais, a um mundo pequeno...

     Como fez Abraão quando ouviu o chamado de Deus, o que importa é seguir Jesus sem olhar para trás, mas sem se esquecer de suas raízes. Fincados na terra de origem como base para nos lançarmos nos braços do Absoluto, pois foi lá que o Senhor nos chamou à vida, em uma família, em um tempo e lugar concreto da história. Jesus nunca deixou de ser reconhecido como Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro. Nós também precisamos ser reconhecidos, trazer em nós, cultivar e apresentar ao Senhor nossa família, nossas raízes, para sermos curados. Quanto mais me ligo sem apego, mais cresce o amor e a liberdade.

    Assim, consciente e em paz com nossas raízes podemos ser livres para seguir o Senhor com alegria. Quando compreendemos o projeto de Deus para nossa vida, tudo se encaixa, e vemos que tudo o que nos aconteceu e acontece – mesmo os erros e sofrimentos – contribuiu e contribui para o nosso bem no projeto de amor do Pai.

       Senhor, trago na sua presença as minhas raízes, minha árvore genealógica, todos os meus antepassados que me fizeram ser quem sou. Cura Senhor, os relacionamentos familiares, peço esta cura não só para mim, mas para todos os membros da minha família. Que na vida e no coração de todos eles seja abundante tua graça e paz. Que possamos viver reconciliados com o Senhor, conosco mesmo, com os familiares, com as pessoas e com a natureza. Realiza em todos nós seu projeto de vida e amor. Dá-nos força, alegria e esperança, para testemunharmos o teu amor e misericórdia, que experimentamos mesmo em meio as contradições, incoerências, pecados, perdas e desacertos da nossa vida. Amém.