E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

FONTE DAS ÁGUAS

   

“Como a corça suspira pelas águas correntes, assim minha alma suspira por ti, meu Deus.”  (Sl 42,2)

     A água é símbolo da vida, sem ela não podemos viver. Como nosso corpo precisa da água, mais, muito mais, nossa alma precisa da Fonte de água viva: Deus.

    Preparando-me para orar acendo uma vela e contemplo sua chama que na ausência de vento sobe para o alto. Assim eu desejo que o meu espírito esteja em sintonia com o Senhor. Meu espírito busca as coisas do alto, o céu, morada do Deus vivo.

“Um abismo clama por outro...” (Sl 42,8).

    O abismo do meu nada clama ao abismo do amor e misericórdia de Deus. O Senhor sempre escuta a quem o chama, seus ouvidos estão atentos ao nosso clamor. Quando temos sede de Deus foi Ele mesmo que colocou esta sede em nós. O Senhor deseja fazer morada em meu coração, em seu coração, e por isso nos dá sede, desejo por Ele.
A chama da vela acesa simboliza a fé, dom do Espírito Santo.

Vinde Espírito Santo, unir céu e terra dentro de mim. Ó Espírito Santo, Senhor que dá a vida, aumenta a nossa fé para que o desejemos de todo o coração e endireitemos nossos passos no caminho do Senhor. Pai, em nome de Jesus, envia o teu Espírito de Amor, para encher os vazios do nosso coração com a plenitude do seu amor e sua graça. Amém

      A fé me dá coragem para lançar-me no abismo nos braços amorosos do Pai, pois atrás de mim não há nada que me sustente.

    Quando você sentir o peso da solidão, o vazio esgotante da solidão... quando sentir que não há socorro humano... nestes dias em que a tristeza é uma raiz amarga... quando nossos  ossos estão secos, e a alegria de viver quase nos abandona... Nestes dias precisamos nos agarrar ao Senhor com todas as nossas forças. Voltar-nos para Ele, esperar nele, até que passe a tormenta... Ele é o único que fica conosco sempre, que desce conosco às profundezas da dor humana. E eu experimento que quando estes dias passam sou um pouco mais de Deus. Experimento que o remédio para a solidão é buscar a companhia do Senhor na intimidade do meu ser.

     Ó Pai, sou tua filha e estou diante de Vós com confiança. Confio porque o Senhor é bom, confio porque sou amada. Esta é a verdade mais profunda da minha vida. Se subo aos céus da alegria de viver, da experiência do Senhor, da amizade e amor humano, o Senhor está comigo. Se me prostro no abismo da solidão, do pecado, do desamor, da incoerência, da incompreensão, o Senhor está comigo. Teus braços fortes me amparam e me levantam quando tropeço e caio. Como não ser feliz diante desta realidade?  
Um dia eu te encontrei, ó meu Amado. O Senhor me olhou e eu me tornei alguém. Obrigada, meu Senhor e meu Deus.    

      “Teu amor seja meu consolo, segundo a promessa feita a teu servo! Pertenço a ti: salva-me pois tenho procurado teus preceitos”  
(Sl 119,76.94).

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A INTIMIDADE COM DEUS NA ORAÇÃO

   
    Eu creio que a pessoa que se dispõe a orar, que deseja ter uma vida de oração regular, busca a intimidade com Deus. Buscamos a intimidade com Deus porque sabemos, mesmo inconscientemente, que só Ele pode nos dar o que nossa alma mais anseia. Como diz o salmista: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei para ver a face de Deus?” (Sl 42(41),3).

     Vemos neste versículo o relacionamento de duas pessoas: o ser humano que tem sede, que busca, procura, anseia, por algo mais na sua vida, e Deus, que o busca primeiro. O ser humano tem sede de Deus porque sabe que os prazeres, amores e poderes deste mundo não podem saciar seus desejos mais profundos, na complexidade e simplicidade do seu ser. Por isto buscamos na oração nos colocar na presença do Outro que também tem sede de nós e nos busca.

    O Outro é o Deus vivo, que se comunica conosco, nos fala, nos compreende – só Ele compreende totalmente o ser que Ele criou. Só Ele sonda as profundezas do nosso ser e nos ama, nos acolhe como somos.

    Se há uma busca de nossa parte e um Outro que nos escuta e responde, por que temos tanta dificuldade em sermos fiéis na oração e na entrega do coração à Ele?

     A primeira dificuldade é sem dúvida o pecado que causou em cada um de nós uma ruptura com Deus. Esta é uma realidade dolorosa do ser humano e da qual não podemos fugir. S. Paulo descreve claramente nossa situação: “Não faço o bem que quero e sim o mal que não quero. Se faço o que não quero, já não sou eu que faço, e sim o pecado que mora em mim” (Rm 7,19-20).

    Por isto, amados, quem busca a oração de intimidade com Deus vive uma batalha. Uma batalha entre o reino do ego e o Reino de Deus. Esta batalha nós a ganhamos perdendo. Sim. Para viver a oração como intimidade com Deus precisamos perder. Perder o orgulho, o egoísmo, o perfeccionismo, o desejo de posse e de controle, os apegos e a obsessão de que as coisas sejam de acordo com nossos planos e projetos.

     O Reino de Deus é misericórdia, alegria, paz, amor e perdão. Jesus Cristo veio anunciar o Reino e nos convidar a viver nele. O Reino de Deus acontece quando nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo para o coração de Jesus. Assim, transformados pelo Espírito, teremos os pensamentos e sentimentos do Filho, que deseja a vontade do Pai, sobre todas as coisas. “Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade...” (Mt 6,10).

Assim, entraremos, pouco a pouco, na intimidade com o Senhor, na oração e na vida.

Pai, oramos com Jesus: “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Ó Espírito Santo, dá-nos um coração de filho para permitirmos que Jesus, o Senhor, reine em nós. Amém