“Se
alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do
seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,37-38).
Às vezes fico cansada e sinto o meu coração semelhante a uma terra seca.
Você também se sente assim?
Pois bem... Quando estou assim busco refugio na oração. E quando começo a prestar atenção à presença de Deus, que
sempre vem ao meu encontro, gosto de contemplar a imagem de gotas d’água que
caem no solo ressequido. Se continuar prestando atenção a essa água enquanto
vou orando, vejo que as gotas de água ao cair no solo do meu coração tem um
efeito multiplicado, elas molham muito mais do que aparentemente molhariam.
Assim é a água viva do Espírito Santo, basta algumas gotas para regar o solo
ressequido do nosso coração. Banhando mesmo os lugares mais escondidos e mais
secos do nosso interior; trazendo vida ao que está morto, esperança onde há
desespero, paz onde há inquietação, alegria onde há tristeza.
Se perseverarmos veremos que o Senhor nos
convida a entrar no deserto como alguém que passou pelo fogo e pela água. Alguém
que tocou as profundezas da natureza humana e experimentou a beleza, mas também
o limite e a fraqueza do ser humano. Entramos no deserto porque o Senhor
nos chama, chama para o combate espiritual e o abandono nele. Pois só o
abandono em Deus torna o nosso deserto fecundo.
Ao longo da vida somos pouco a pouco
conduzidos ao deserto. O deserto belo e horrível. Belo porque nos convida a
aproximarmos mais de Deus, ouvir a voz do Senhor nos convidando a ir além, a
ficar com Ele, a ser só dele. Horrível porque o deserto nos leva por um caminho
que não é da nossa escolha. Um caminho de desapego, de perdas... A um encontro
comigo mesma na realidade do sol do meio dia, quando todas as ilusões são
desfeitas e fica só a realidade da fragilidade da vida. Mas no deserto se
levanta radiosa a face de Deus.
Este
é o Deus que me salva, confiarei e não terei medo, porque minha força e meu
canto é o Senhor! Ele se tornou a minha salvação. Tirareis água com alegria das
fontes da salvação (Is12,2-3).
Amados, muitas vezes a vida se torna um
deserto e sem querer nos vemos caminhando nele. O sol é forte e não há uma
sombra para nos abrigar. A areia quente queima os pés, a pele fica ressecada, o
ar é abafado dificultando a respiração. Olhamos para os lados e só vemos a
desolação da areia até onde a vista alcança. O caminhar é árduo, é difícil
mudar o passo, e continuar a jornada... Mas podemos sempre levantar os olhos para o
céu de onde vem o socorro e pedir:
Vinde Espírito Santo!
Eu tenho sede.
Minhas forças se
esgotam.
Não sei onde encontrar água nesse deserto.
Vinde Espírito Santo!
Preciso do Senhor como do ar que respiro.
Vinde sopro de Deus.
Faça-me
encontrar o poço no deserto.
Conduza os meus passos.
Quero sentar a beira do
poço, retirar água, refrescar minha cabeça e minha alma, banhar os meus pés
feridos pelo longo caminhar.
Descansar.
Ser renovada pela água fresca.
E ali,
em pleno calor do meio dia, encontrar o Senhor.
E no encontro com Jesus ser
curada, consolada, animada, enviada para a vida, continuando o caminho com um
olhar novo.
E com o olhar com que o Senhor me olhou olhar as pessoas e o mundo.
Enviada para a missão, para anunciar: “Eu vi o Senhor!”
Enviada para fazer o
bem, manifestar a misericórdia de Deus neste mundo.
Pois encontrei a fonte no deserto.
Minha sede foi saciada...
Obrigada Senhor!