A ti fala meu coração,
meus olhos de procuram,
eu busco tua presença, Senhor. (Sl
26(27),8)
Quem experimentou ser amado por Deus,
experimentou a alegria da salvação em Jesus, no poder do Espírito Santo, tem o
coração ferido. O coração foi ferido com uma ferida de amor, de tal forma que
nada nesse mundo tem muito sabor. De forma que mesmo o que é muito bom e muito
belo neste mundo é uma pálida figura do que é realmente bom e belo: Deus. Quem
assim tem o coração ferido vive numa busca constante, seu coração foi seduzido irremediavelmente:
Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei
seduzir (Jr 20,7).
Podemos perguntar: Busca a quem? Busca o
Amado. Busca aquele que entrevemos, mas que depois desaparece – não se deixa
prender. Seguimos na esperança, que já é certeza, de O vermos outra vez. Ele se
deixa encontrar, mas ao mesmo tempo se esconde. Um vislumbre que temos dele é
suficiente para nos plenificar de amor e também para deixar uma saudade
profunda. Saudade, pois desejamos nos unir inteiramente ao Amado. De certa
forma já o possuímos, mas ainda não o possuímos.
Assim caminhamos entre luz e obscuridade,
entre certeza e esperança, entre encontro e saudade. A fé nos faz ir em frente
sem desanimar. Neste processo vamos sendo educados e purificados por ele. Deixamos
pelo caminho o peso dos pecados e apegos, aprendemos a contar com a graça. E a
graça nos basta (cf. 2Cor 12,9).
Firmados no amor de Deus, vivemos no
mundo, mas não somos do mundo. Deixamos para trás a espiritualidade infantil
para crescer na graça e no amor. Graça e amor que nos revelam quem somos, cura
as feridas mais profundas da nossa vida e nos transforma em pessoas firmes, de
pé sobre a rocha. Vivendo em Cristo podemos cuidar de nós mesmos e de todos aqueles
que o Senhor colocar em nosso caminho. Nos tornamos pais e mães espirituais.
Espera no Senhor!
Sê forte e corajoso no teu coração!
Espera no Senhor! Sl 26(27),14