E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

UM LUGAR DE PAZ

       Às vezes estamos tão envolvidos na correria e barulho do mundo que não percebemos ou nos esquecemos de que de tempos em tempos precisamos quebrar a rotina, sair no nosso lugar de conforto. Pensamos: estou bem aqui, e  todos os lugares são iguais. Mas desde o Antigo Testamento o povo de Deus foi chamado a se retirar a lugares especiais, lugares de peregrinação, em busca de Deus, de si mesmo e do encontro com o outro. Para não nos alongarmos pensamos aqui como lugar especial para os hebreus o monte Sinai ou Horeb (cf. 1Rs 19,8), e Jerusalém. Jesus, como era costume do seu povo, fazia a peregrinação anual a Jerusalém: Todos os anos, na festa da Páscoa, seus pais iam a Jerusalém. Quando ele completou doze anos, subiram a Jerusalém segundo o costume da festa (Lc 2,41-42).
            
          Os Evangelhos nos falam também de outro lugar onde Jesus se retirou para orar. Era costume de Jesus se retirar para orar. Então, por que esse lugar se tornou especial? Por causa do mistério que aconteceu nele: a transfiguração do Senhor. Um dia o Senhor Jesus chamou seus amigos para sair da agitação e solicitação do povo e se retirar com ele a um lugar afastado, um lugar que reconhecemos como um lugar de paz, pois a paz foi o fruto daquela noite de oração.

   ... Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência, suas vestes ficaram brancas e resplandecentes (Lc 9,28).

     Muitas vezes nós também sentimos o desejo de peregrinar a algum lugar – perto ou longe - para sair de nós mesmos, deixar o egoísmo, despojar-se, se por a caminho, num sinal que esta vida é uma peregrinação. Esse lugar pode ser um santuário religioso, um retiro de final de semana, uma visita a um hospital, ou simplesmente uma caminhada pela mata... Tudo o que nos leva ao encontro do outro e a fazer o bem. Mas não adianta ir em peregrinação à algum lugar se não fizermos a peregrinação dentro de nós mesmos, no desejo de nos encontrarmos com Deus.
     

    Se você sente em seu ser um desejo de algo mais, se as coisas do dia a dia não saciam mais sua alma, se o seu olhar se volta para o alto com sede e desejo do infinito, você está pronto para ouvir o chamado: “Vem”. O Senhor Jesus te chama como chamou Pedro, Tiago e João, para subir o Monte Tabor.

   Se você aceita o convite, caminha com eles durante a noite e se esforça para manter os seus passos seguindo os passos de Jesus. Ao subir o monte vem à sua mente uma revisão de vida – o bem que fizemos... o os erros que  cometemos... Suas necessidades, fraquezas, dons, sonhos, vitórias, derrotas... Todo o mosaico da nossa vida passa pela mente em pedaços maiores ou menores, segundo sua importância. A subida deixa a respiração ofegante...  Não importa. O importante é prosseguir.

       Enquanto subimos vamos descortinando um cenário diferente. Nossos olhos se acostumam com a tênue claridade da noite e podemos ver melhor – o contorno das colinas e das árvores, o céu cheio de estrelas...

      Há quanto tempo eu não vejo o céu estrelado? Há quanto tempo tenho me deixado endurecer pelas inquietudes da vida? Há quanto tempo tenho me fechado para o outro? Há quanto tempo tenho me fechado para a novidade da graça de Deus?

     A poluição, o barulho, as luzes da cidade, o ritmo frenético da vida moderna facilmente nos afastam do contato com Deus, conosco mesmo, com o outro, com a natureza. Hoje o Senhor vem nos reconectar com as coisas simples da vida, nos convida a subirmos o monte e olharmos para o alto.

Senhor Jesus, tu és a nossa paz! Entre agora no mais intimo do meu ser e me dê a tua paz. A paz que o mundo não pode dar. A paz que permanece em nós mesmo nos momentos de sofrimento, perdas, doenças... Ó Cristo Senhor, nossa paz. Aquieta o meu coração e minha mente. Dá-me repouso, consolo, abrigo, nos desafios da vida. Guardai-me no teu coração, meu Senhor e meu Deus. Amém.

domingo, 25 de outubro de 2015

CONSOLAÇÃO NOS SOFRIMENTOS

     “Consolai, consolai meu povo!” Diz o vosso Deus. “Falai ao coração de Jerusalém e lhe gritai: Terminou o tempo de seu serviço, foi saldado o débito da sua culpa; ela recebeu do Senhor o dobro por todos os seus pecados!” (Is 40,1-2).

    Nossa vida é profundamente marcada pelo pecado, muitas vezes fazemos o que não queremos e nos ferimos. Isto causa grande sofrimento. Sofrimento por nossas perdas, pelo que a vida e as pessoas nos fizeram, pelo que acontece com as pessoas queridas, pelo que acontece ao nosso redor, num mundo em convulsão. O sofrimento é uma realidade em nossa vida. Não gostamos de sofrer, mas não temos como fugir dele. A palavra de Deus nos traz um anúncio de consolação, pois quem está sofrendo necessita de consolo.

Como lidar com o sofrimento?

     O importante não é o sofrimento, mas a resposta que damos a ele. Diante do sofrimento podemos reagir com angústia profunda que amarga o coração. A angústia gera amargura, amargura gera ressentimento, o ressentimento gera resistência à graça de Deus, à consolação do Espírito Santo. Se vivemos assim somos dominados pelo medo. Medo de novas perdas e de mais sofrimento.

       Uma voz clama: “Abri no deserto um caminho para o Senhor, nivelai na estepe uma estrada para nosso Deus! Todo vale seja aterrado e todo monte e colina sejam abaixados. O terreno acidentado se torne em planície e as escarpas se transformem em amplo vale! Então a glória do Senhor se manifestará, e toda criatura humana verá: foi a boca do Senhor que falou!” (Is 40,3-5).

   Outra resposta que podemos dar é nos abrirmos para a graça de Deus e aceitar o processo de crescimento que Ele quer fazer em nós. A consolação que vem pela misericórdia de Deus abre um caminho no deserto do nosso coração. Não qualquer caminho, mas um caminho para o Senhor. Aterra os vales da angústia e do medo. Abaixa os montes e colinas do orgulho e egoísmo.
   
  Pela consolação do Espírito Santo o sofrimento pode se tornar um serviço ao mundo, um serviço de misericórdia.  Misericórdia para comigo mesma, por meus eganos e pecados. Misericórdia para com os outros. Misericórdia para com a imensa multidão de doentes e sofredores. Uno o meu sofrimento ao sofrimento de Jesus Cristo e participo do cálice de sua misericórdia. Eu me torno consolação.

    Para recebermos a consolação de Deus precisamos desapegar-nos do nosso sofrimento. Às vezes estamos tão doentes e carentes que nos apegamos ao sofrimento como forma de reconhecimento da nossa força e valor. Quando isso acontece de alguma forma recebemos uma consolação de nós mesmos, mas é uma consolação que não gera vida, não nos liberta. A consolação verdadeira é uma graça de Deus. Não depende do nosso esforço. Vem do amor do Pai revelado em Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Podemos rezar como o salmista
Teu amor seja meu consolo, segundo a promessa feita a teu servo! 
(Sl 119(118), 76).

    Senhor, nosso bom Deus, de quem flui toda graça e misericórdia. 
Olha compassivo para nossos sofrimentos, cura nossas feridas, consola-nos nas perdas e no luto. 
Que transborde em nossos corações o teu amor que tudo perdoa, tudo cura e vai muito além do que possamos imaginar, regenerando nossas vidas. 
Que venha sobre nós a consolação do vosso Espírito de Amor. 
Faz-nos beber da fonte de misericórdia que jorra do lado aberto de Jesus, vosso Filho amado. 
Senhor, Deus da vida, encha o vazio do nosso coração com o seu amor.
Amém.

sábado, 12 de setembro de 2015

A FONTE NO DESERTO

   “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7,37-38).

Às vezes fico cansada e sinto o meu coração semelhante a uma terra seca. 
Você também se sente assim?

Pois bem... Quando estou assim busco refugio na oração. E quando começo a prestar atenção à presença de Deus, que sempre vem ao meu encontro, gosto de contemplar a imagem de gotas d’água que caem no solo ressequido. Se continuar prestando atenção a essa água enquanto vou orando, vejo que as gotas de água ao cair no solo do meu coração tem um efeito multiplicado, elas molham muito mais do que aparentemente molhariam. Assim é a água viva do Espírito Santo, basta algumas gotas para regar o solo ressequido do nosso coração. Banhando mesmo os lugares mais escondidos e mais secos do nosso interior; trazendo vida ao que está morto, esperança onde há desespero, paz onde há inquietação, alegria onde há tristeza. 

    Se perseverarmos veremos que o Senhor nos convida a entrar no deserto como alguém que passou pelo fogo e pela água. Alguém que tocou as profundezas da natureza humana e experimentou a beleza, mas também o limite e a fraqueza do ser humano. Entramos no deserto porque o Senhor nos chama, chama para o combate espiritual e o abandono nele. Pois só o abandono em Deus torna o nosso deserto fecundo.

    Ao longo da vida somos pouco a pouco conduzidos ao deserto. O deserto belo e horrível. Belo porque nos convida a aproximarmos mais de Deus, ouvir a voz do Senhor nos convidando a ir além, a ficar com Ele, a ser só dele. Horrível porque o deserto nos leva por um caminho que não é da nossa escolha. Um caminho de desapego, de perdas... A um encontro comigo mesma na realidade do sol do meio dia, quando todas as ilusões são desfeitas e fica só a realidade da fragilidade da vida. Mas no deserto se levanta radiosa a face de Deus.

Este é o Deus que me salva, confiarei e não terei medo, porque minha força e meu canto é o Senhor! Ele se tornou a minha salvação. Tirareis água com alegria das fontes da salvação (Is12,2-3).

      Amados, muitas vezes a vida se torna um deserto e sem querer nos vemos caminhando nele. O sol é forte e não há uma sombra para nos abrigar. A areia quente queima os pés, a pele fica ressecada, o ar é abafado dificultando a respiração. Olhamos para os lados e só vemos a desolação da areia até onde a vista alcança. O caminhar é árduo, é difícil mudar o passo, e continuar a jornada...  Mas podemos sempre levantar os olhos para o céu de onde vem o socorro e pedir:

Vinde Espírito Santo! 
Eu tenho sede. 
Minhas forças se esgotam. 
Não sei onde encontrar água nesse deserto. 
Vinde Espírito Santo! 
Preciso do Senhor como do ar que respiro. 
Vinde sopro de Deus. 
Faça-me encontrar o poço no deserto. 
Conduza os meus passos. 
Quero sentar a beira do poço, retirar água, refrescar minha cabeça e minha alma, banhar os meus pés feridos pelo longo caminhar. 
Descansar. 
Ser renovada pela água fresca. 
E ali, em pleno calor do meio dia, encontrar o Senhor. 
E no encontro com Jesus ser curada, consolada, animada, enviada para a vida, continuando o caminho com um olhar novo. 
E com o olhar com que o Senhor me olhou olhar as pessoas e o mundo. 
Enviada para a missão, para anunciar: “Eu vi o Senhor!” 
Enviada para fazer o bem, manifestar a misericórdia de Deus neste mundo. 
Pois encontrei a fonte no deserto. 
Minha sede foi saciada...
Obrigada Senhor!

domingo, 23 de agosto de 2015

PRESENÇA E AUSÊNCIA DE DEUS


“Deus é para nós refúgio e força, um auxílio sempre disponível na angústia” (Sl 46(45),2).
    
      Todos nós, discípulos do Senhor, experimentamos que nosso caminho é marcado pela presença e ausência de Deus. Em muitos momentos da vida experimentamos que o Senhor está presente, tão real e verdadeiro... Mas em outros momentos parece que se esconde e nos deixa lutar e caminhar sozinhos. No primeiro retiro que fiz ouvi o pregador falar isso e não esqueci. No final do retiro, nos preparando para a vida no seguimento de Jesus, ele desenhou uma linha sinuosa no quadro e nos falou que na caminhada do dia a dia experimentaríamos a presença e ausência de Deus. Mas, explicava ele, quando parecia que o Senhor se escondia era para que, com saudades dele, o procurássemos com mais ardor. 

     Podemos ver a presença forte de Deus ao nos dar a vida. Ele desejou que eu e você existíssemos desde antes da criação do mundo (Ef 1,4). Quando estávamos no ventre materno, quando nascemos e o ar entrou em nossos pulmões pela primeira vez; nos perigos e doenças na primeira infância, nas brincadeiras de criança, nos desafios da vida escolar; na adolescência quando firmávamos nossa identidade, descobríamos o mundo e muitas vezes nos aventuramos em caminhos perigosos; na juventude e na idade adulta quando achamos que éramos os donos da vida e tudo podíamos fazer... De tantas formas o Senhor nos protegeu, livrou dos perigos, livrou da morte e do maligno. E às vezes nem percebemos que era Ele nos salvando.

     Muitos de nós tivemos uma experiência marcante com Deus. Como ouvi alguém dizer: “topamos com Jesus”. Olhando para trás em nossa história podemos perceber que passamos e vencemos coisas que não teríamos suportado ou vencido se Alguém mais forte não lutasse por nós e nos carregasse no colo.

     Amados, podemos ter a certeza de que Deus sempre está conosco, mas nós nem sempre estamos com Ele. Falando conosco ou se calando, lutando por nós ou nos dando força para lutar. Agindo visivelmente ou não, Deus sempre está conosco. Jesus é o Emanuel, Deus conosco (Mt 1,20-23). Ele quer entrar definitivamente em nossa vida, nos dar o seu Espírito e viver em nós, para a glória de Deus Pai.  

     Senhor Jesus Cristo, bom pastor, abra os meus olhos para ver a vossa presença em minha vida e na vida dos meus irmãos. Feche os meus olhos e meus ouvidos para a curiosidade de muito ver e ouvir. Muito do que vejo e ouço trazem a poluição, o barulho, a dispersão, a violência e os maus desejos do mundo para dentro de mim. E todo esse barulho me impede de ouvir a tua voz e de ver os sinais da tua presença conosco. Vem Espírito Santo sintonizar o meu ser com a vontade do Senhor. Amém.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

ENCONTRO COM DEUS

     Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou: “Onde estás?” E este respondeu: “Ouvi teus passos no jardim. Fiquei com medo porque estava nu, e me escondi”. (Gn 30-10).

    Quando medito neste texto sempre fico pensando como seria a história humana se Adão não tivesse se escondido de Deus. Se diante da pergunta ele apenas se apresentasse ao Senhor com sua realidade: “Estou aqui! Desobedeci ao Senhor, mas estou aqui com o meu pecado, porque confio em Vós”. Sim, Adão poderia dizer isso porque conhecia Deus, passeava com Ele à brisa do dia.

   O que seria a história humana se a resposta tivesse sido diferente nunca saberemos. Minha pergunta ficará sem resposta. Mas a história não para em Adão; a história continua e a pergunta continua esperando uma resposta. Hoje o Adão sou eu, é você. Hoje, o Pai nos procura e pergunta: “Onde estás?” Como Adão eu desobedeci a Deus. Minha vida é marcada por muitos e graves pecados.  Como São Paulo, reconheço que age em mim uma força que me escraviza: Não consigo entender o que eu faço, pois não faço aquilo que eu quero mas aquilo que detesto” (Rm 7,15).

    Hoje, diante de Deus que me busca com amor apaixonado, preciso dar uma resposta a sua pergunta: “Onde estás?” E eu preciso escolher. Posso dizer simplesmente: Eis-me aqui, com os meus pecados, porque confio em vossa misericórdia. Ou posso me esconder por medo ou rebeldia, por não querer mudar de vida. Sim, mudar de vida, pois se encontro o Senhor que me ama, se me apresento a Ele com minhas feridas e pecados, terei que endireitar os meus passos na direção do Senhor. É impossível contemplar a face de Deus e não mudar de vida. Fazer diferente, querer levar uma vida dupla, dizer sim a Deus e me apegar aos meus pecados seria hipocrisia. E viver na hipocrisia é como comer vidro moído, nos corrói por dentro até não restar mais nada. Nosso estado fica pior do que antes de encontrar o Senhor (Cf. Hb 6,4-6). 

A lei do espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte (Rm 8,2).

    Então, quando nos apresentamos a Deus com nossos pecados dizendo “aqui estou”, revestidos não dos nossos méritos, mas do sangue de Jesus Cristo, o Pai nos vê através do Filho. E Ele se comove com entranhas de misericórdia por nossas fraquezas. O preço pago por nós é o sangue de Cristo, derramado na cruz. Nosso mérito é o sangue do Cordeiro imolado. E ao nos olhar através do Filho crucificado o Pai nos perdoa e acolhe. Mais ainda, nos dá o Espírito Santo que nos faz retornar a amizade com Deus. Podemos outra vez passear com Ele à brisa do dia. Filhos no Filho – nosso senhor Jesus Cristo.

    Senhor, ajuda-me a alcançar o que o Senhor sonhou para mim. Não quero mais levantar barreiras para sua graça. Vem Espírito Santo, inunde o meu ser. Lava o que é impuro, amoleça o que está duro, santifica-me. Faz-me voltar para “o sol da justiça que traz a cura em seus raios”. Dá-me fome e sede de Deus. Leve-me a contemplar as estrelas, alargar meus horizontes. Liberta-me do orgulho, do egoísmo e do fechamento em mim mesma. Conduze os meus passos no caminho de Jesus, para o Pai. Amém. 

domingo, 26 de julho de 2015

DEUS É BELO!

    Outro dia conversando com amigos um deles falava que nos esquecemos da beleza como atributo de Deus. Realmente. Geralmente glorificamos a Deus por sua bondade, seu poder, sua misericórdia, mas nos esquecemos de que Deus é belo. A beleza de Deus é o pano de fundo da Sagrada Escritura. Do Gênesis, narrando a beleza da criação, ao Apocalipse, descrevendo a beleza do céu. E por ser belo Ele criou e cria coisas belas. Deus é o fundamento de toda beleza – tudo o que é belo traz em si um pouco da beleza do Criador.   
        Vemos esta beleza na natureza - nas flores, nas águas, nas pedras, nos montes, nos animais, no sol, na lua, nas estrelas, no céu azul, nas nuvens, no raio e no trovão, e na terra – nossa casa azul. Vemos a beleza de Deus, sobretudo no ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador: Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou  (Gn 1,27).
A obra prima de Deus
  No recém-nascido, no sorriso de uma criança, nos jovens, nos adultos, nos anciãos. Cada um tem sua beleza própria em cada fase da vida. E que beleza existe nos gestos de bondade, no colocar-se junto ao necessitado, no cuidado aos enfermos, na comida saborosa preparada com amor, na convivência com a família e amigos, enfim, nas pequenas coisas que fazemos, às vezes distraidamente, no dia a dia.
Tudo isto vem de Deus que é belo e nos comunica sua beleza. 
 
    Na construção de belas igrejas nossos antepassados louvavam a beleza de Deus dando a Ele o melhor que possuíam.

     Infelizmente a cultura moderna buscando a beleza em si mesma, fez dela um ídolo e se tornou escravo, pois todo ídolo escraviza. Colocou a beleza em padrões – é belo o que os formadores de opinião, as novelas, os modismos, dizem que é. Isso empobreceu a vida e nos fez perder o olhar de encantamento e saborear a beleza que enche o Universo e nos é comunicada pelo Espírito Santo: Porque o espírito do Senhor enche a terra (Sb 1,7).

     Amado, amada, um dia Deus sonhou com você e te criou belo. E sua beleza se revelará plenamente na santidade: Ele nos escolheu em Cristo antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor (Ef 1,4). Não tenhas medo de Deus. Não tenhas medo de romper com os padrões deste mundo e viver a santidade. O inicio está na beleza de Deus e durante a vida caminhamos para o encontro com a plenitude da beleza. Para Deus.

Senhor, nosso Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. 
Nós vos pedimos, purifique nosso olhar, nossos pensamentos e sentimentos para que possamos ver a sua beleza presente em toda a criação. 
E que possamos ser mensageiros da vossa beleza no mundo. 
Pedimos, ó Pai, que em nosso coração transborde a consolação do Espírito Santo que nos revela e enche da vossa beleza. 
Que possamos, como Jesus, contemplar as aves do céu, a semente que germina na terra, as flores do campo, o pão que fermenta e cresce, a simplicidade dos pequeninos, a beleza do ser humano. 
Por Cristo nosso Senhor. 
Amém.


sábado, 13 de junho de 2015

TRANSFORMAÇÃO INTERIOR

     No passado todas essas coisas valiam muito para mim, mas agora, por causa de Cristo, considero que não tem nenhum valor. E não somente essas coisas, mas considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo. Fl 3,7-8


     Através desse texto vemos que S. Paulo viveu uma profunda transformação em sua vida. A transformação é uma ação da graça de Deus em nós e acontece de dentro para fora. Às vezes fazemos um grande esforço para nos converter – deixar hábitos, vícios e pecados, que nos afastam de Deus e das pessoas, nos levam à morte espiritual e emocional, faz o corpo adoecer podendo causar a morte física e, pior, a morte eterna que é o afastamento definitivo de Deus.

   Mas a transformação não depende tanto do nosso esforço. É um abandono na graça e misericórdia do Senhor, no seu amor que nos cura, perdoa e salva. E nunca é demais dizer: é o amor de Deus que nos transforma. Só um encontro com Cristo pode nos levar à transformação e regeneração do nosso ser, como aconteceu com S. Paulo.
 Podemos nos perguntar: o que precisa ser transformado em mim pela graça de Deus?
Geralmente o que mais nos atrapalha é: o amor egoísta, a mágoa profunda, e a decepção.

     O amor egoísta é difícil de identificar porque se disfarça de muitas formas. Ele se resume em amar o outro buscando um benefício próprio, ou seja, buscando satisfazer nosso egoísmo. Amo o outro não pelo que ele é, mas pelo que ele pode me dar ou satisfazer. Todo amor humano é contaminado em maior ou menor grau pelo amor egoísta.

    A mágoa profunda é uma ferida antiga, que teve tempo de se aprofundar e sobre a qual foram feitas outras feridas. Sobre ela foi criada uma casca, até parece curada, mas continua corroendo o nosso interior. Para que ela seja curada precisamos deixar Jesus retirar a casca – e isto dói! –, limpar a ferida, lavá-la com o seu sangue e curá-la.

    A decepção acontece desde o momento do nascimento. Todos nós nascemos com a expectativa ou desejo de ser aceito e amado. E ao longo da vida a expectativa e decepção caminharão juntas, nos prejudicando sempre. Como nenhum ser humano vive totalmente sem expectativas, podemos diminuí-las, mas não nos livramos inteiramente delas. Por isto precisamos apresentá-las diariamente ao Senhor para que Ele as cure e transforme em acolhimento da realidade. Foi o que aconteceu com os discípulos de Emaús: Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que essas coisas aconteceram! (Lc 24,21). Apresentaram sua decepção ao Senhor, escutaram sua resposta e foram curados. Sua tristeza se transformou em alegria (Lc 24,32-33).

    Para sermos transformados precisamos retornar ao Senhor, abrir o coração para Ele, caminhando num processo de conversão. A Palavra de Deus tem o poder de nos curar e transformar.
Oremos com ela:

O Senhor Deus diz:
Vou curar o meu povo da sua infidelidade
e vou amá-los com todo o meu coração,
pois não estou mais irado com eles.
Serei como a chuva para Israel,
e ele dará flores, como os lírios.
As suas raízes serão profundas como as das árvores do Líbano.
Os seus galhos se estenderão, bonitos como os galhos das oliveiras
e perfumosos como os cedros do Líbano.
Mais uma vez, Israel viverá debaixo da minha proteção;
eles crescerão como o trigo, darão frutas como a parreira
e serão famosos como o vinho do Líbano.
O povo de Israel dirá: os ídolos não valem nada!
Sou eu, o Senhor Deus, que atendo as orações do meu povo;
sou eu que tomo conta deles.
Como um pinheiro verde eu lhes dou abrigo,
e de mim eles recebem todas as bênçãos.

Oséias 14,5-9

domingo, 31 de maio de 2015

NÃO ESTAMOS SOZINHOS

    Quem me enviou esta comigo. Não me deixou sozinho, pois faço sempre o que é do seu agrado (Jo 8,29).
   
         Está é a boa notícia que rompe a solidão do coração: O Senhor está comigo, está conosco. No atendimento de oração vemos que cada dia mais as pessoas estão solitárias. Busca o amor, busca quem a compreenda, mas não encontra. Se hoje você não está sozinho já esteve em algum tempo de sua vida ou estará. Há também aqueles que se sentem sozinhos mesmo não vivendo sós. Muitas vezes para fugirmos da solidão cometemos desatinos – podemos até atentar contra a própria vida com atitudes de risco ou colocar em risco a vida dos outros.

       Amados, na realidade que vivemos hoje essa palavra é um bálsamo para o coração ferido: Quem me enviou para a vida, quem me criou está comigo, não me deixou só nos momentos mais difíceis e dolorosos da vida, e não me deixará só em nenhum momento.

      Mas para experimentarmos a presença amorosa de Deus precisamos abrir o coração para fazermos o que é do seu agrado. Renunciar ao apego à própria vontade e desejar fazer a vontade de Deus que nos ama com amor eterno e definitivo: Eu te amei com um amor eterno, por isso conservei amor por ti (Jr 31,3). O Senhor busca quem deseja fazer a vontade dele não por obrigação ou medo, mas por entrega de amor.

      O amor de Deus é o único capaz de preencher o vazio do meu coração, o único que está comigo desde sempre e para sempre. Só em Deus encontro a plenitude do amor que desejo, porque Ele é o único que me ama com amor incondicional. Deus me ama com amor de Mãe: amor que gera vida, amor fecundo, que sacia, acolhe, acalenta. Deus me ama com amor de Pai: amor que confirma, que sustenta, amor que envia e diz: “Você pode, Eu te capacito”. Deus me ama com amor de Esposo: Amor de unidade, de comunhão; amor que me leva a assumir um projeto juntos, um compromisso com o Reino de Deus. Amor apaixonado que me convida a segui-Lo e dar minha vida por Ele, meu sumo bem. Deus Pai, Filho, Espírito Santo. Trindade Santa que adoro. Meu Senhor e meu Deus.

      Como Filho de Deus, Jesus tinha a plena confiança na presença amorosa do Pai no Espírito que nunca o deixou só. Ele nos convida a seguirmos os seus passos a fazermos a experiência do Amor que é a resposta para nossa vida.

Senhor, eu preciso de vós como do ar que respiro. 
Como viver longe da tua face? 
Tua presença é vida para mim, se a retiras volto ao pó. 
Um minuto na tua presença vale mais que anos longe de vós. 
O Senhor me sustenta com seu amor e misericórdia. 
Por isto eu peço: Vem, Espírito Santo! 
Vem, Senhor que dá a vida, doce hospede da alma, vem fazer morada em mim. 
Vem preencher o vazio do meu coração com o amor do Pai. 
Vem me curar e dar uma vida nova em Cristo Jesus. 
Amém. 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O SENHOR É REI!

    Dizei entre as nações: O Senhor é Rei! Assim o mundo está firme sem jamais vacilar; Ele julga os povos com retidão. Sl 96(95),10

     Quando olhamos ao nosso redor o coração se sobressalta, a mente fica inquieta. O mundo, a sociedade em que vivemos não está nada firme, muito pelo contrário, parece ter tomado um rumo estranho, esquisito, que não sabemos onde vai dar e por isto sentimos medo e insegurança.
      
    Nesse contexto ouvimos a palavra de Deus: “O Senhor é Rei!”. Quando edificamos nossa vida na Rocha que é Jesus Cristo, permanecemos firmes. Mesmo que o mundo pareça desmoronar, o mundo criado por Deus, o mundo daqueles que vivem a fé, permanece firme. Está firme porque nossa segurança não está nas coisas deste mundo, nosso olhar vai além... Nosso olhar percebe as coisas boas do mundo – a bondade, a beleza, a presença do Espírito Santo que enche a terra (Sb 1,7). Percebemos a ordem do Universo, a beleza da criação, a dignidade do ser humano.

Pensando nessas coisas recordo do diálogo sobre o ser humano entre Aslam e o rei Caspian no livro “As Crônicas de Nárnia” de C. S. Lewis:
“- Compreendo, Senhor. Estava pensando que gostaria de ter tido uma ascendência mais honrosa.
- Descende de Adão e Eva – tornou Aslam. É honra suficientemente grande para que o mendigo mais miserável possa andar de cabeça erguida, e também vergonha suficientemente grande para fazer vergar os ombros do maior imperador da Terra. Dê-se assim por satisfeito.”

    Desta realidade nenhum ser humano escapa: honra e vergonha. Honra, pois assim fomos criados por Deus: Tu o fizeste um pouco inferior a um ser divino, tu o coroaste de glória e honra (Sl 8,6). Vergonha, quando vemos o que somos capazes de fazer. Pelo pecado rompemos a imagem e semelhança de Deus como fomos criados – rompemos a amizade com Deus. 

   Só descobrimos a real beleza do ser humano olhando para Jesus Cristo. Ele assumiu nossa natureza, se fez igual a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4,15). Viveu nossa vida, morreu nossa morte, por amor, para nos libertar do pecado, da morte eterna: A este Jesus Deus ressuscitou, e disso nós somos testemunhas (At 2,32). Ele vive para sempre. Verdadeiro Deus, verdadeiro Homem. Ele é nossa segurança.

Senhor Jesus, Rei Salvador! 
Liberta-nos da angústia e do medo das forças maléficas que agem no mundo. 
Dá-nos a graça de firmar nossos pés na Rocha que é o Senhor. 
Dá-nos a paz e alegria do amor do Pai, e a consolação e força do Espírito Santo. 
Restaura a dignidade humana que perdemos pelo o pecado. 
Ajuda-nos, Senhor, a fazer o bem que o Senhor nos permite fazer hoje, sem nos angustiarmos com o que está além das nossas forças. 
Amém

Disse-vos estas coisas para que minha alegria esteja convosco, e vossa alegria seja completa. Jo 15,11

domingo, 3 de maio de 2015

VIDA NOVA

   
     Na natureza vemos a primavera como um tempo de renovação de todas as coisas. O tempo pascal é como a primavera na Liturgia da Igreja. É o tempo propício para recordarmos a vida e a fé dos primeiros cristãos através da leitura dos Atos e das Cartas dos Apóstolos – nesse tempo não fazemos leitura do Antigo Testamento. A Igreja nos convida a vivermos a ressurreição de Jesus Cristo como os primeiros cristãos. Olhamos para o passado: o Senhor ressuscitou! Vamos em direção ao futuro: o Senhor virá! Vivemos esta dinâmica na liturgia e na vida, pois na vida precisamos olhar para o passado e permitir que o Senhor cure nossas feridas, para construirmos o futuro.

 O que ensinavam e anunciavam os apóstolos e discípulos de Jesus no início da Igreja?

     Eles tinham um objetivo claro: para ser cristãos e viver a vida nova em Cristo, é preciso ter um encontro pessoal com o Senhor. E a pregação deles levava as pessoas a experimentarem isso de tal forma que seus corações ficavam tocados: Ao ouvirem isto, sentiram-se tocados no íntimo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?” (At 2,37).

Os passos da pregação dos primeiros cristãos:

     “Deus é amor”. Criou-nos por amor e sustenta nossa vida no amor. Vivemos porque Deus nos ama. Deus te ama e por isto te criou único, irrepetível! Nunca existiu, não existe e não existirá alguém como você: Ele nos escolheu em Cristo antes da constituição do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor (Ef 1,4).
No seu amor e misericórdia o Senhor perdoou nossos pecados e nos deu um Salvador, Jesus Cristo. Se vivermos o senhorio de Jesus somos salvos: Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho da quantos há no céu, na terra, nos abismos, e toda língua proclame, para glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor (Fl 2,10-11).
Por sua graça nos convertemos e vivemos a fé, recebemos o dom do Espírito Santo: Quem guarda seus mandamentos permanece em Deus, e Deus nele. Pelo Espírito que nos deu, sabemos que ele permanece em nós (1Jo 3,23-24).

    O Senhor nos dá uma vida nova que se sustenta na vivência comunitária. O projeto de Jesus é o Reino de Deus vivido em comunidade. Ele formou comunidade com os apóstolos e discípulos. Ele os enviou dois a dois, e depois da ressurreição pediu que eles permanecessem juntos: Eu vos mandarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto (Lc 24,49). A promessa se cumpriu quando estavam reunidos em oração: Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar (At 2,1). E os primeiros cristãos viveram conforme a orientação do Senhor: Barnabé deu testemunho sobre Saulo e o introduziu na comunidade (At 9,27). A fé cristã se propaga pelo testemunho.

     O encontro com Jesus ressuscitado é que nos purifica dos nossos pecados, nos faz experimentar o amor do Pai, na força do Espírito Santo, para viver uma vida nova em comunidade.

       Senhor, quero experimentar plenamente toda a graça do Batismo. Quero viver no amor do Pai, na alegria da salvação em Jesus, na consolação e força do Espírito Santo. Derruba em meu coração o muro da divisão que me afasta do Senhor e dos irmãos. Dá-me a graça do amor fraterno e a alegria de viver em comunidade. Amém.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

REFUGIO EM DEUS

Empurraram-me violentamente, para eu cair, mas o Senhor me ajudou. O Senhor, que é minha força e meu vigor, ele foi minha salvação (Sl 118(117),13-14).
   
  Este salmo é uma solene ação de graças ao Senhor, por sua ação na vida de quem a Ele se confia. Um salmo próprio para o tempo pascal – como Deus ressuscitou Jesus levantando-O do sepulcro, assim Ele nos levanta nas tentações e tribulações da vida. O mundo, a carne e o maligno sempre nos empurram, quer ver nossa queda, mas o Senhor, Deus conosco, nos sustenta, nos faz crescer e nos levanta, firmados na rocha da salvação: Jesus Cristo.

     Como o mundo, a carne e o maligno podem nos empurrar? Vejamos o que a Palavra de Deus nos diz: Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Pois tudo o que há no mundo – os maus desejos da carne, a cobiça dos olhos e o orgulho da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo (1Jo 2,15-16). Ficamos vulneráveis quando nos deixamos prender no apego às coisas do mundo.

    Os maus desejos da carne nos atacam na área afetiva e sentimental. Os desejos desordenados do coração, a luxúria, os apegos, o egocentrismo, querer realizar o meu projeto de vida sem prestar atenção a Deus e ao outro.   A cobiça dos olhos - o que entra pelos olhos é o que mais nos atinge, se fixa na memória e faz morada nos pensamentos e sentimentos, mudando nossa mentalidade. A cobiça dos olhos é permitir que faça morada em nós tudo o que entra pelos olhos: pornografia, violência, maldades... cobiçar o que o outro possui, passar por cima dos outros para se apoderar do que desejamos. O orgulho da riqueza se faz presente em toda espécie de dominação sobre o outro, o desejo de poder sem medida, o apego aos bens materiais, a manipulação, a corrupção.

     Além disso, somos também empurrados pelas feridas da vida – causadas pelos traumas dos acontecimentos dolorosos da vida, e o que fizeram conosco, especialmente os mais próximos. Pois quanto mais próximo estiver quem nos fere mais seremos feridos. O salmo nos confirma isso quando diz: Não é um inimigo que me insulta: eu o suportaria; não é um adversário que se levanta contra mim; eu me esconderia dele; mas és tu, homem de minha condição, meu amigo e confidente (Sl 55(54), 13-14).

    Mas em todas as situações encontramos refúgio no Senhor, Ele nos acolhe e protege porque nos ama. Para sermos curados precisamos nos deixar amar por Deus e experimentar a sua misericórdia. É na cruz de Jesus, sob o seu sangue, no poder de sua ressurreição, na força do Espírito Santo, que vencemos o mal e permanecemos de pé. O Senhor Jesus é o nosso redentor.

Vinde Espírito Santo. Senhor que dá a vida. Muitas vezes corremos o risco de cair no pecado, no desânimo, tristeza, medo, angústia, e tantas outras coisas que nos empurram... Vinde Espírito Santo nos socorrer com vossa força e poder. Sede nosso sustento e abrigo nos dias maus; nas lutas internas e externas. Livrai-nos do inimigo e do opressor, solta nossos pés das ciladas. Vinde, santo Espírito de Deus. Vinde. 

segunda-feira, 30 de março de 2015

LARGAR O LENÇOL

      Um jovem, envolto apenas em um lençol de linho, estava seguindo Jesus, e eles o prenderam. Mas ele largou o lençol e fugiu nu. 
Mc 14,51-52
  
          A vida é um caminho e em suas diversas fases precisamos deixar “um lençol”. Coisas que fazíamos e não fazemos mais, coisas que desejávamos e não queremos mais... muda o tempo, muda a fase da vida, muda nossos sonhos e sentimentos. A vida nos convida a um longo processo de desapego, de desprendimento.

     Acontece assim com todas as pessoas, e muito mais o discípulo de Jesus é chamado a ter consciência desse processo. O discípulo de Jesus é convidado a dar a mão ao seu Mestre e se deixar conduzir por Ele no caminho da vida.

      Tudo passa rapidamente – os momentos bons e os maus. Olhando para nossa vida certamente podemos ver os momentos felizes, as realizações, as vitórias e alegrias. Mas podemos ver também as lutas, o sofrimento, as perdas, os enganos e erros cometidos, nossa impotência diante da fragilidade da vida... Tudo passa.

Mas ele largou o lençol...

Qual o lençol você precisa largar hoje para salvar sua vida?

    Talvez o lençol da vontade própria... do nosso projeto de vida (ainda tenho tantas coisas para fazer e sonhos a realizar)...  do orgulho ferido... da falta de perdão... da mágoa e ressentimento... do desejo de vingança... de todo e excesso – comer demais, beber demais, querer demais, acumular demais... Precisamos largar para salvar a vida. Ficar nu para entrar na vida.

    E depois de longo aprendizado o ultimo lençol que largaremos será o nosso corpo. Deixar nosso amado corpo, nossa casa neste mundo... este é o lençol mais difícil de deixar. Mas precisamos deixa-lo para viver nossa páscoa – nossa passagem da morte para a vida.

     O Senhor Jesus Cristo fez esta Páscoa antes e nos mostrou o caminho. Viveu nossa vida, morreu nossa morte, por nós, por amor. Mas a morte não o reteve. Ele está vivo e nos dá a vida. Por Ele deixamos os apegos; por Ele nos desprendemos das coisas que nos dominam; por Ele renunciamos ao poder do orgulho, arrogância e egoísmo. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, passamos da morte para a vida.
Deixemos, então, os lençóis que nos prendem, e caminhemos na Luz do Senhor.

 Senhor Jesus, dá-nos um coração leve para deixar o Senhor nos conduzir nas mudanças da vida. 
Dá-nos asas como as águias para poder ver todas as coisas do alto. 
Ver nossa vida, as pessoas e todas as coisas com o olhar de Deus. 
Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, dá-nos a graça de nos rendermos ao Senhor, com confiança profunda no seu amor e misericórdia. 
Amém.