“Nesse mesmo dia, dois dos discípulos estavam a caminho de um povoado, chamado Emaús, distante uns doze quilômetros de Jerusalém. ...”
(Lc 24,13-35).
Esses dois discípulos estavam numa crise de fé e como acontece com muitos se afastaram da comunidade. Certamente teriam se perdido se o Senhor não se pusesse a caminhar com eles. Nós também muitas vezes somos tentados a agir da mesma forma e geralmente não percebemos com clareza a razão da nosso desânimo. As vezes queremos ficar parados e resistimos as mudanças próprias da vida. A vida é algo dinâmico, quem está vivo está em movimento. Não o movimento da correria, da agitação do mundo moderno, mas um movimento mais profundo que implica uma busca, um encontro, um desenvolvimento, uma descoberta, enfim, um crescimento.
Uma palavra mais própria para descrever nossa vida é peregrinação. Peregrinação supõe algo mais do que simplesmente caminhar. Nos faz pensar numa busca, mas uma busca voltada para o sagrado, para Deus. Quem é peregrino faz a jornada da vida como peregrino, reconhecendo humildemente sua pequenez, seus limites, suas carências, seus pecados, desejos de poder e reconhecimento. Mas direciona sua busca para o alto em primeiro lugar: põe os olhos no céu buscando Aquele que têm a resposta para suas perguntas, suas dúvidas e questionamentos. E mesmo que Ele não responda todas as suas perguntas, mesmo que Ele só faça aumentar a sua sede, o peregrino não desiste da caminhada porque foi seduzido (Jr 20,7), e porque percebe que não caminha só. Alguém caminha ao seu lado. Alguém que um dia desceu do céu e entrou na história humana, deu sentido novo a nossa vida e a nossa busca (Fl 2, 6-11).
Ao percebermos que não caminhamos sós, o coração se enche de paz mesmo nas inquietudes e desencontros da vida porque quem caminha conosco é fiel e nos levará, como num círculo da amor ao ponto em que tudo começou: viemos de Deus e para Deus voltamos. Nossa vida (jornada, peregrinação) é a busca pelo caminho de retorno, e nosso desafio é permanecer nele. O Caminhante que vai conosco sempre nos anima a não parar, a não desanimar e também, como fez com os discípulos de Emaús, a voltar. Olhando à nossa volta percebemos que outros irmãos e irmãs fazem a mesma peregrinação e nos ajudam com sua amizade e seu testemunho de fé.
Oremos juntos:
Pai, Senhor da vida, em nome de Jesus, eu renuncio ao desânimo, ao cansaço do passo mantido, ao fechamento e a força de morte que age dentro de mim e quer me fazer parar. Jesus, eu confio em vós. Não me deixe abater pelas forças negativas que age dentro e fora de mim. Dá-me a graça de ter um coração sempre aberto para o Senhor e para os irmãos. Renova a minha fé. Aumenta a minha fé. Dá-me o teu amor que nunca se cansa. Vinde, Espírito Santo, renovar a minha vida; dá-me tua força, sabedoria e discernimento para bem viver a minha vida. Amém.
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