E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

TUDO PASSA

Nada te perturbe
Nada te amedronte
Tudo passa,
Deus não muda,
A paciência tudo alcança,
Quem a Deus tem
Nada lhe falta;
Só Deus basta.”
Sta. Tereza de Ávila
       Tudo passa! Toda a criação teve um começo e está destinada a um fim. Terra e céus passarão, plantas, animais, aves e peixes, tudo passará. Até o universo com as estrelas, planetas, galáxias... tudo está envelhecendo e tudo passará. A vida de cada ser humano é como a erva do campo que pela manhã floresce e a tarde murcha.
       Deus, porém, é o que é. O eu sou. Eterno, permanente, imutável: “Os teus anos não têm fim” (Sl 102(101), 28). Nele encontramos a fonte da vida, da alegria, paz, amor... E o Senhor quer nos comunicar esta vida perene, vida eterna, vida em plenitude, pela ressurreição do seu Filho. Depois que fecharmos os olhos para esta vida eles se abrirão para contemplarmos e vivermos plenamente o amor.
       “Porém, segundo está escrito: Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus preparou para os que o amam”  (1Cor 2,9).
Oremos juntos:
         Senhor, dá-nos tua graça para que a vida eterna comece já nesta vida. Que ainda neste corpo tenhamos a experiência da ressurreição, transfigurados no amor de Jesus. Que ao morrer sejamos como criança que o Pai acolhe em sua casa onde viveremos com Ele para sempre. Onde não haverá mais morte, luto, choro ou dor. Em vós Senhor, delícia eterna e alegria ao vosso lado. Guia-me, Senhor, pelo caminho reto. Que eu nunca me afaste do teu caminho nem para a direita, nem para a esquerda. Dá-me a graça de seguir-te sempre. Amém.

terça-feira, 17 de maio de 2011

NA PRESENÇA DE DEUS


 “A ti fala meu coração, meus olhos te procuram;
eu busco tua presença, Senhor”  (Sl 27(26), 8).
        A presença de Deus é uma realidade concreta mesmo quando não a percebemos. Paulo já falava isso aos atenienses: “Pois ele não está longe de nenhum de nós. É nele que vivemos, nos movemos e existimos”   (At 17,27-28).
Vamos falar com Deus:
       Como uma criança pequenina que busca o colo do pai eu busco tua presença, Senhor. Não encontro palavras para dizer o que experimento quando encontro tua face. É um turbilhão de amor, imenso como o oceano. Sinto que o Senhor me atrai e me chama, a me perder nesse mar para ser curada, para ter vida em abundância. Vejo que muitas vezes eu reluto em aceitar morrer nesse mar, mas ao mesmo tempo sinto que ele me atrai com uma doçura inefável. Ouço tua voz a me chamar: “Vem”. A mesma voz que no início da minha vida falou: “Vive!”. A voz do amor, a voz do Amado.
       Na tua presença, imersa nesse mar de amor, sinto que sou transparente diante de vós. O Senhor me conhece inteiramente, nada em mim te é oculto. E o Senhor pode me curar inteiramente, as feridas superficiais e as mais profundas. Tu conheces minhas falhas, as tendências do meu temperamento, as loucuras que minha mente fabrica; conheces a solidão, o medo, a culpa, a raiva, a angústia, as lutas de cada dia. Conheces também o meu valor, os dons e talentos que de vós mesmo recebi. Sei que podes me curar inteiramente e imediatamente, mas sou um ser inacabado. Por isso o Senhor me olha como um Pai/Mãe que vê a filha ou o filho crescer, descobrir o mundo, cometer erros e aprender com eles. Assim é o teu olhar sobre mim: um olhar de esperança que quer me ver crescer à medida de Cristo. O Senhor busca em mim a imagem do seu Filho. E neste processo nunca me falta a tua graça e é na minha fraqueza que ela se manifesta.
      Senhor, eu nada temo pois estás mais perto de mim agora do que no início da minha vida. E eu permito que o Senhor me  use na minha fraqueza. Nada nem ninguém  pode me afastar do seu amor e do seu cuidado, por isso abro o meu coração para receber a tua graça e a missão que o Senhor me dá. Obrigada pelo dom da vida, quero vivê-la com simplicidade e calma a exemplo de vossa Mãe. Na tua presença eu não temo mal algum. Quero prestar atenção à tua voz quando falas em meu coração. Quero ser livre nas tuas mãos. Apegar-me unicamente ao Senhor. Tudo passa, mas o Senhor permanece para sempre. Amém.



“Vou esperar em teu nome, porque tu és bom para os teus fiéis”   (Sl 52(51),11).

terça-feira, 10 de maio de 2011

DESTE-ME UM CORPO

        “Eis porque, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas preparaste-me um corpo. Não te agradam holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. Então eu disse: eis-me aqui, ó Deus, venho para fazer a tua vontade – no volume do Livro está escrito de mim”  (Hb 10,5-7).
       Antes mesmo de nos dar a vida Deus pensou em cada um de nós com amor, sonhou a nosso respeito. Quando fomos gerados no ventre materno Ele nos deu um corpo através do qual podemos agir e nos relacionar, sobretudo para fazer a vontade dele. Ao sermos criados saimos da nuvem gloriosa da presença de Deus para viver neste mundo. A nuvem gloriosa, a presença do Senhor continua a nos envolver, mas é invisível aos nossos olhos, só a percebemos pela fé que o próprio Senhor nos dá para que possamos nos relacionar com Ele. Temos amor pelo nosso corpo, por isto “não queremos ser despidos mas sim revestidos de uma veste nova sobre a outra” (2Cor 5, 4).
        Durante a nossa vida vamos nos apegando a muitas coisas – coisas boas que o Senhor nos providenciou para nosso bem - e o primeiro apego é pelo corpo. Mas o nosso erro é querer tornar definitivo, nos apegarmos, ao que passa. Com o apego vem  o medo de perder o objeto amado e por isto nós sofremos, sem percebermos que toda nossa vida é um exercício de desapego.
        Começamos nos desapegando da infância com suas brincadeiras e descobertas; depois nos despedimos da adolescência tempo em que começamos a descobrir e formar a identidade; depois precisamos nos desprender da juventude quando começamos a realizar nossos projetos; em seguida vem a idade adulta, tempo de realizações, mas também um tempo de fazer um balanço da vida, ver o que valeu e o que não valeu a pena, tempo de corrigir a rota, e se for necessário mudar o rumo; chegamos por fim a velhice que pode ser um tempo de integridade se bem contarmos nossos dias ou tempo de desespero se percebermos que erramos o alvo, quer dizer, se não realizamos o sonho de Deus para nós.
       Por fim, o último bem do qual precisamos nos desapegar é o nosso corpo. E só nos desapegando dele é que podemos nos entregar inteiramente nas mãos amorosas do Pai e voltar definitivamente para a nuvem gloriosa da presença de Deus, “preferindo deixar este corpo para morar junto do Senhor” (2Cor 5,8). O importante é procurarmos realizar o sonho de Deus a nosso respeito, saboreando a vida e usando as coisas que passam sem apego.
ORAÇÃO DE ABANDONO
Meu Pai, eu me abandono em vós. Fazei de mim o que quizerdes. Por tudo que fizerdes de mim, eu vos agradeço. Estou disposto a tudo, aceito tudo, contanto que vossa vontade se cumpra em mim e em todas as vossas criaturas; nada mais desejo, meu Deus. Ponho minha alma em vossas mãos, eu vo-la entrego, meu Deus, com todo ardor do meu coração, porque vos amo, e para mim é uma necessidade de amor dar-me, entregar-me em vossas mãos sem medida, com infinita confiança, porque vós sois meu Pai.
Charles de Foucauld

quinta-feira, 5 de maio de 2011

À SOMBRA DA ÁRVORE

         Hoje eu te convido a sentar-se à sombra da sua árvore. Feche os seus olhos e veja que tipo de árvore você é ou está hoje. É uma árvore copada com muitos ramos e densa folhagem? Uma árvore carregada de frutos? Ou uma árvore florida em plena primavera? Ou ainda uma árvore que vai perdendo as as folhas no outono? Ou você pode se ver como uma árvore no inverno e que foi podada, que espera a primavera para brotar e dar flores e frutos. Ela não tinha nenhuma folha, mas não estava seca, foi podada para dar mais frutos.
      Olhe para sua árvore e acolha o momento presente, a atual fase da sua vida. Mesmo que você se veja no inverno, se veja como uma árvore podada, lembre-se que é no final do inverno que as árvores são podadas. Então, o seu inverno está chegando ao fim, a primavera já desponta.
       As vezes passamos pelo inverno na vida e ficamos ansiosos para que ele termine. Mas se vivermos este tempo como um tempo em que o Senhor usa para podar em nós tudo o que está sobrando, podar as ilusões a respeito de  nós mesmos, dos outros, da vida, do mundo, se formos dóceis, o Senhor nos tomará pela mão e nos levará a viver a realidade, desmascarando as mentiras e nos levando à verdade. A verdade sobre mim mesma deve me levar a aceitar humildemente e me alegrar com quem sou e como sou, pois Ele se alegra comigo.
        Na presença de Deus eu posso viver tranquilamente esse tempo de poda sem querer apressar o tempo de Deus. Deixar que termine os ciclos na minha vida e na vida daqueles que eu amo. Confiando na misericórdia do Senhor que conduz bem todas as coisas e vela por nós: “Porque o Senhor caminhará à vossa frente e o Deus de Israel será a vossa retaguarda”  (Is 52,12).
 Oremos juntos:
       Meu Senhor e meu Deus, eu te louvo e agradeço por tudo que me permitiste viver. Todas as coisas que me aconteceram, no seu amor e misericórdia, formam o mosaico da minha vida e me tornaram que eu sou hoje. Obrigada Senhor, pois posso experimentar que o Senhor nunca esteve longe de mim, seu amor e misericórdia me alcançaram e me envolveram. Nos momentos em que corri perigo de vida, nas doenças e acidentes, e até mesmo nos pecados sua misericórdia salvadora me envolveu, me curou e libertou. Por isso eu entrego minha vida com toda confiança em suas mãos. Amém.