E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

VIVER COM SABEDORIA


“Ensina-nos, pois, a contar os nossos dias, para alcançarmos um coração sábio!” (Sl 90(89), 12).  

       A vida é o maior presente que recebemos de Deus e por isto é importante viver bem, e cada pessoa tem uma idéia do que seja viver bem. Mas acima das nossas idéias existe a realidade que nos faz deparar com o fato de que a vida é um mistério que nos ultrapassa. É um mistério porque vem de Deus, seu início e fim estão escondidos em Deus. Então, para viver bem precisamos acolher a vida como presente e pedir ao Senhor da vida que nos ensine a vivê-la com sabedoria. Nossos dias passam ligeiros e as vezes até nos assustamos com a velocidade do tempo. Se deixarmos  que o coração fique preso em alguma coisa, a uma situação, projeto, ou até mesmo a pessoas, não poderemos ter vida em abundância e sofreremos mais que o necessário.

      As vezes olhamos ansiosos para o futuro (por exemplo para o novo ano) na esperança de que ele nos traga uma coisa melhor, algo que nos faça suportar a rotina. E isto muitas vezes rouba as nossas forças para bem viver o presente. Ficamos ansiosos com a pressão do tempo, pensando não conseguir fazer o que precisamos no tempo que temos. Isto dificulta estarmos presentes a nós mesmos e a Deus. Além da real falta de tempo diante das solicitações da vida moderna, podemos exagerar esta pressão por insegurança e medo.

        Quando somos dominados pela insegurança que vem do medo, somos como uma criança que caminha à beira de um precipício, escorrega e vai cair nas pedras embaixo. Mas podemos ter a certeza de que o Senhor, como Pai amoroso, corre e nos apanha em seus braços. Não precisamos mais sentir o susto, medo e desamparo que sentiu aquela criança pois estaremos nos braços de Jesus que nos segura fortemente: “Como um pastor ele apascenta o seu rebanho, com o braço o reúne; carrega ao colo os cordeirinhos e conduz as ovelhas que amamentam” (Is 40,11).

         Senhor, dá-me a graça de viver com sabedoria. Quero por em ordem meu coração e direcionar os meus passos para o Senhor. Jesus, toma-me em teus braços, faze que eu experimente tua segurança, proteção e amparo. Tu és o único que pode me curar e dar-me a sabedoria que eu preciso para bem viver. O Senhor ama seu povo e gosta de cuidar de nós. Vinde Espírito Santo fazer do meu coração um verdadeiro templo de Deus, e assim, onde eu estiver estarei em paz porque o Senhor está comigo. Amém.

domingo, 18 de dezembro de 2011

AGRADAR A DEUS


“Tornou-se agradável a Deus e foi por ele amado” (Sb 4,10).

      Este texto do livro da Sabedoria fala da recompensa do justo. Ele não precisa de uma vida longa pois pode correr sua corrida em pouco tempo. O justo manifesta a presença de Deus neste mundo, e é difícil aceitarmos sua morte. Diz o livro da Sabedoria que a morte prematura do justo o livra de muitos perigos, especialmente o perigo de se afastar de Deus e perder a graça numa vida longa: “Foi arrebatado para que a malícia não lhe pervertesse a consciência nem a perfídia lhe seduzisse a alma” (Sb 4,11). Mas vamos meditar em como podemos nos tornar agradáveis a Deus.

      Deus, o autor da vida, nos criou por amor e para o amor. Ao nos gerar no ventre materno se agradou de nós, nos olhou com amor, e esse olhar de amor foi que nos deu a vida. Podemos ter a certeza que ao nos olhar Ele disse: “Tu és o meu Filho amado, de ti eu me agrado” (Mc 1,11). Cada pessoa quando nasce é agradável a Deus. Desde a pessoa mais amada e esperada da terra até a mais pobre e abandonada deste mundo.

        Mas a triste realidade é que ao longo da vida - uns mais outros menos -  nos afastamos de Deus. E para sermos agradáveis a Ele precisamos retomar o caminho, purificar a mente e o coração e ter ações que agradem a Deus. Então, não apenas saberemos, mas experimentaremos, que somos por Ele amados. Os dois amores se encontrarão: o amor de Deus que incansavelmente me busca e o amor de quem se deixa encontrar.

       Muitas vezes só nos deixamos alcançar pelo seu amor quando reconhecemos o nosso limite. Só quem faz a experiência do limite de sua pequenez pode gritar a Deus por socorro, reconhecendo que só tem Jesus. Não apenas na atual situação da vida, mas se dá conta de que durante toda a sua vida, seu único apoio foi o Senhor. Reconhece que agrada a Deus  quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo. O Senhor certamente ouve o grito de socorro, e agrada a Deus quem assim por Ele clama.

“E os que conhecem teu nome confiam em ti, porque tu, Senhor, não abandonas os que te procuram”  (Sl 9,11).

À sombra de vossas asas eu me refugio, meu Deus, meu Senhor. Vós sois o meu porto seguro, minha alegria, meu eterno amor. Vós sois meu lar, minha casa, meu abrigo, meu amigo. Aumente em mim o amor e a confiança em vós. Dá-me a graça de ser fiel à aliança que o Senhor realizou conosco em Jesus Cristo. Renova em mim, pelo dom do Espírito Santo, as graças do batismo. Amém.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CICLOS DA VIDA


“Ensina-nos, pois, a contar os nossos dias, para alcançarmos um coração sábio!”  (Sl 90(89) 12).     

        As estações do ano nos ajudam a tomar consciência do ritmo da vida. A natureza nos lembra que nossa vida tem ciclos e tempos, e precisamos de sabedoria para contar os nossos dias. Também o ano liturgico em que celebramos a vida de Jesus nos ajuda a unir nossa vida à dele. Assim, os ciclos da vida ganham um novo significado: não apenas contamos nossos dias, mas cada ano é uma volta que damos ao redor do monte da vida. Subimos o monte em vigilância, para que quando o Senhor vier nos encontre no alto do monte esperando por Ele.

      Há dois anos atrás eu fiz a experiência de viver pela primeira vez o fim do ano no inverno, e pela primeira vez ver a neve. Me recordo que no início da noite caiu a neve e foi cobrindo todo o chão seco, e foi bonito ver como tudo o que estava seco, marrom, foi coberto por um manto branco. Eu levantei no meio da noite e fiquei contemplando a paisagem diferente. Um manto branco cobriu a terra e era impressionante como tudo ficou silencioso. Esse manto branco me falou do silêncio na terra, silêncio que penetrou em minha alma, e me fez pedir a Deus a purificação dos enganos e pecados: “Lava-me e ficarei mais branco do que a neve” (Sl 50(51), 9). Percebi que era um tempo de repouso para minha alma, assim como a natureza  repousa para renascer na primavera. Precisamos deste repouso para a cura das feridas da alma e do corpo. 

    A neve que cobriu a terra me trouxe também a mensagem de que chega um tempo em que precisamos permitir que morra tudo o que não é essencial em nossa vida. Mas o que tem raízes profundas como as árvores não morre. E há ainda os pinheiros e azevinhos que mesmo cobertos pela neve permanecem verdes como um sinal de esperança, da vida que sempre se renova.

     Contemplando esta primeira neve que cobre a terra eu  experimentei o amor e bondade de Deus me cobrindo, me levando a deixar tudo o que passou no lugar certo: o passado. A partir daquele dia faço a experiência de, ao olhar para o meu passado vê-lo coberto por um manto de neve que tudo refresca, tudo acalma, tudo cura.

        Senhor, te agradeço pela minha vida, e pela presente fase da vida. As vezes me vejo como uma árvore com folhas secas que o vento vai levando. Ajuda-me, Senhor, a fazer bem a passagem de uma estação para outra em minha vida. Fica comigo no tempo de perder as folhas e concentrar as forças na raiz, de onde vem a seiva para o caule. Dá-me sabedoria para ficar com o essencial e deixar o supérfluo. Senhor, eu me abandono sem medo em tuas mãos amorosas. Tu és meu amparo e proteção. Renova a esperança em mim e em todas as pessoas do mundo. Esperança, porque o Senhor caminha conosco e "certa como a aurora é a sua vinda". Vem Senhor Jesus!