E o deserto florescerá!

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CICLOS DA VIDA


“Ensina-nos, pois, a contar os nossos dias, para alcançarmos um coração sábio!”  (Sl 90(89) 12).     

        As estações do ano nos ajudam a tomar consciência do ritmo da vida. A natureza nos lembra que nossa vida tem ciclos e tempos, e precisamos de sabedoria para contar os nossos dias. Também o ano liturgico em que celebramos a vida de Jesus nos ajuda a unir nossa vida à dele. Assim, os ciclos da vida ganham um novo significado: não apenas contamos nossos dias, mas cada ano é uma volta que damos ao redor do monte da vida. Subimos o monte em vigilância, para que quando o Senhor vier nos encontre no alto do monte esperando por Ele.

      Há dois anos atrás eu fiz a experiência de viver pela primeira vez o fim do ano no inverno, e pela primeira vez ver a neve. Me recordo que no início da noite caiu a neve e foi cobrindo todo o chão seco, e foi bonito ver como tudo o que estava seco, marrom, foi coberto por um manto branco. Eu levantei no meio da noite e fiquei contemplando a paisagem diferente. Um manto branco cobriu a terra e era impressionante como tudo ficou silencioso. Esse manto branco me falou do silêncio na terra, silêncio que penetrou em minha alma, e me fez pedir a Deus a purificação dos enganos e pecados: “Lava-me e ficarei mais branco do que a neve” (Sl 50(51), 9). Percebi que era um tempo de repouso para minha alma, assim como a natureza  repousa para renascer na primavera. Precisamos deste repouso para a cura das feridas da alma e do corpo. 

    A neve que cobriu a terra me trouxe também a mensagem de que chega um tempo em que precisamos permitir que morra tudo o que não é essencial em nossa vida. Mas o que tem raízes profundas como as árvores não morre. E há ainda os pinheiros e azevinhos que mesmo cobertos pela neve permanecem verdes como um sinal de esperança, da vida que sempre se renova.

     Contemplando esta primeira neve que cobre a terra eu  experimentei o amor e bondade de Deus me cobrindo, me levando a deixar tudo o que passou no lugar certo: o passado. A partir daquele dia faço a experiência de, ao olhar para o meu passado vê-lo coberto por um manto de neve que tudo refresca, tudo acalma, tudo cura.

        Senhor, te agradeço pela minha vida, e pela presente fase da vida. As vezes me vejo como uma árvore com folhas secas que o vento vai levando. Ajuda-me, Senhor, a fazer bem a passagem de uma estação para outra em minha vida. Fica comigo no tempo de perder as folhas e concentrar as forças na raiz, de onde vem a seiva para o caule. Dá-me sabedoria para ficar com o essencial e deixar o supérfluo. Senhor, eu me abandono sem medo em tuas mãos amorosas. Tu és meu amparo e proteção. Renova a esperança em mim e em todas as pessoas do mundo. Esperança, porque o Senhor caminha conosco e "certa como a aurora é a sua vinda". Vem Senhor Jesus! 

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