Nós
esperávamos que fosse ele quem iria libertar Israel. Agora, porém, além de
tudo, já se passaram três dias desde que essas coisas aconteceram (Lc
24,21).
O relato do encontro de Jesus com os
discípulos da Emaús é cheio de significado. Podemos refletir sobre ele de
muitas formas e vê-lo de diferentes perspectivas. O mais importante é, seja
qual for nosso ponto de vista, chegar sempre a esta verdade: O Senhor
ressuscitado caminha conosco mesmo quando não o reconhecemos.
Hoje escolhi este versículo para refletir
sobre o texto do ponto de vista da tristeza e frustração dos discípulos.
Tristeza e frustração tão presentes no mundo em convulsão em que vivemos, e percebemos que as pessoas e especialmente os
jovens não estão preparados para vivenciar suas frustrações. A propaganda dos
meios de comunicação e a sociedade de consumo sem cessar nos passam a mensagem
de que não podemos sofrer frustrações. Identificam frustração com infelicidade.
No tempo dos nossos antepassados as
pessoas sabiam vivenciar melhor que a vida é cheia de frustrações – as
realizações e até mesmo a felicidade passa por frustrações. Hoje em dia
percebemos duas atitudes diante das frustrações: a revolta, e a fuga. As duas
geram tristeza ao ser humano.
Na revolta a atitude é: se não tenho eu
tomo, agrido, invado, não assumo responsabilidade e ponho a culpa no outro. Em
resumo reajo com violência diante das frustrações. A outra atitude é: se não me
agrada eu fujo. A fuga pode nos levar à imaturidade, vícios, tristeza, derrota e
depressão. Quando reagimos de uma ou outra forma ficamos presos num circulo
vicioso – novo casamento, novo emprego, novo lugar, novo carro, nova religião,
etc. E o alívio só dura até a próxima frustração.
Qual é o remédio?
O remédio é a coragem. Coragem para
assumir sua história de vida. História muitas vezes marcada pela dor, fracasso,
abandono, rejeição, insegurança, abusos, vícios... Assumir que na nossa
história há luz e sombra, envolvendo muitas vezes um processo doloroso.
É no contexto da nossa vida que
precisamos abrir o coração, a mente e os olhos, para perceber que o Senhor
Jesus caminha conosco como caminhou com os discípulos de Emaús. A eles Jesus
explicou as Escritura e reacendeu a chama da fé. Conosco talvez Ele precise
falar sobre a nossa vida... a fraqueza das pessoas, as consequências de nossas
escolhas, e curar nossas feridas.
A cura passa pelo perdão. Perdoar a vida
pelo que ela nos trouxe, perdoar as pessoas pelo que nos fizeram, perdoar a nós
mesmos pelas escolhas erradas. Às vezes precisamos perdoar a Deus, pelo que Ele
permitiu que nos acontecesse, e por parecer que nos deixou sozinhos no
sofrimento ou nos pediu algo além das nossas forças – Em nome de Cristo vos pedimos: deixai-vos reconciliar com Deus!
(2Cor 5,20). Reconciliando-nos com Deus, com os outros e conosco mesmo, nosso
coração se abrirá mais plenamente para o dom do Espírito Santo.
Vem
Espírito Santo! Dá-me o dom da fortaleza. Liberta-me da raiva, covardia e
reclamação. Renuncio à rigidez e dureza
de coração. Quero apenas me entregar, me render a sua divina misericórdia, e
receber do Senhor um coração misericordioso. Jesus, eu entrego a minha vida em
tuas mãos e permito que o Senhor cuide de mim. Quero viver uma vida nova com
alegria, paz e esperança. Amém.
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