E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

CRIADOS, REMIDOS, REGENERADOS

     
     Todos nós, em alguma fase da vida, já nos perguntamos pelo sentido da vida. Para que viemos a este mundo? Qual é o meu destino? Quais as forças desagregadoras do meu ser? O que me torna inteira? E por aí vai...
A vida é um mistério, por mais que queiramos não a dominamos. A vida passa por nós e vai além de nós... Hoje é grande o número de pessoas perdidas e sem rumo, vivendo na superficialidade de uma vida sem sentido. Mas aquele que tem fé busca resposta a estes questionamentos em Deus, autor da vida. E em Deus podemos ver o sentido da vida numa ordem amorosa onde tudo mais é acréscimo. Podemos encontrar esta ordem em três palavras: criados, remidos, regenerados.

      Criar é chamar os seres à vida a partir do nada. Tudo o que o ser humano cria tem um começo anterior, ou seja, cria a partir de alguma coisa existente. Só Deus cria a partir do nada, Ele chama à vida coisas inexistentes – para esta criação o ser humano por mais que pesquise não encontra explicação definitiva. E a ação criadora de Deus é contínua, isto é, mantém a vida criada. A Bíblia afirma que Deus é o criador de tudo. Esta é a nossa fé. Deus é amor e todas as coisas foram criadas por amor. Deus não nos criou para o sofrimento, mas para participarmos da felicidade e amor que existe Nele. Deus criou você por amor. Esta certeza nos cura da rejeição e das feridas do abandono. Seja qual for a situação em que a sua vida começou, você não nasceu por acaso. Deus te desejou e te chamou à vida numa ação criadora através dos seus pais.  Deixe o amor do Pai curar você da rejeição e desamor presente em sua história.

      E a ação criadora de Deus continua na sua vida pela redenção em Jesus Cristo. O demônio, o pecado e a morte dominavam o ser humano. Dominar quer dizer, nos mantinham cativos, presos – não podíamos nos libertar por nossas próprias forças porque a prisão era muito forte. Por sua encarnação, paixão, morte e ressurreição, Jesus Cristo veio resgatar os cativos pelo pecado. Ele é o Redentor. Nenhum cativo pode ser feliz e ter uma vida plena. Libertos do mal podemos viver para Deus – o pecado não reina mais sobre nós: Assim, também vós, considerai-vos mortos para o pecado, porém vivos para Deus em Cristo Jesus. O pecado já não reine em vosso corpo mortal, fazendo-vos obedecer aos seus desejos. (Rm 6,11-12).

       A ação de Deus em nossa vida se completa pela regeneração, a renovação espiritual, pelo dom do Espírito Santo. O Espírito nos anima e vivifica no amor da Santíssima Trindade: Ele nos salvou, não por causa das obras de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia, mediante o batismo de regeneração e renovação do Espírito Santo (Tt 3,5).
      Pelo batismo recebemos uma vida nova em Cristo, nascemos de novo. Esta vida nova consiste em deixar que Deus troque nosso coração de pedra por um coração de carne: Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo. Removerei de vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne (Ez 36,26).
     Um coração de pedra é um coração indiferente a Deus e aos outros. O coração de carne é um coração aberto para Deus, um coração que ama, um coração semelhante ao de Jesus. A regeneração é uma obra divina mas espera nossa resposta. A conversão é a resposta humana ao amor de Deus, permitindo que Ele vá completando em nós sua ação salvadora.

       Amados, Deus espera que deixemos os apegos, egoísmo, orgulho, mentiras, ilusões... e nos voltemos para Ele. Que nos deixemos amar e curar pelo Amor. Que abramos o coração para a consolação do Espírito Santo e vivamos na paz e alegria do Senhor Jesus. Uma vida cheia de sentido.

       Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer não morra mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele (Jo 3,16-17).



sexta-feira, 2 de junho de 2017

OS POBRES EM ESPÍRITO

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. (Mt 5,3)

       Neste tempo em que o apego ao dinheiro domina a muitos e é causa de grandes pecados e crimes, somos convidados a refletir sobre os pobres em espírito, pois tudo começa no coração (cf.Mt 15,19). Sem a pobreza do ser humano diante de Deus o dinheiro se torna o nosso deus e o coração se endurece para tudo e todos. Vamos refletir sobre a pobreza do coração tão necessária no mundo de hoje, como já exortava o profeta Sofonias no Antigo Testamento: Deixarei no meio de ti um povo pobre e humilde; eles procurarão refúgio no nome do Senhor: o resto de Israel (Sf 3,12). Os pobres e humildes, os que dependem de Deus, são parte “do resto de Israel” que acolheram Jesus como o Messias e receberam a salvação.

        Jesus, manso e humilde de coração, é a encarnação perfeita do pobre. Nas bem-aventuranças Jesus ensina aos seus discípulos - os que estão abertos e dispostos para os bens espirituais - um modo de vida que pode dar a eles a paz do coração e alegria de viver (Mt 5,2-12). Jesus falou do seu modo de vida, de como precisamos viver para ser feliz.
  
         Segundo o ensinamento de Jesus, pobre é aquele que não confia em suas próprias forças, suas riquezas ou nos poderes humanos, mas confia e depende unicamente de Deus. É ativo, trabalha, dá o melhor de si, mas sabe que sua vida, sua família, seus bens e todas as suas necessidades, estão nas mãos do Senhor e Ele tudo providenciará a seu favor. Como fala S. Paulo: Nós sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8,28).

      Como exemplo de pobres em espírito a Bíblia nos apresenta aqueles que acolheram Jesus: Maria e José, Zacarias e Isabel, os pastores, os magos, Simeão e Ana. Entre estes se destaca a Virgem Maria, que foi totalmente aberta para a vontade de Deus e gerou em seu ventre o Salvador (Lc 1,38).

       Maria e José eram pessoas simples que não tinham muitos bens e poder neste mundo. Dependiam de Deus, eram os pobres de Javé. E receberam a maior missão deste mundo: cuidar do Filho de Deus, Jesus. Maria e José viveram para essa missão. Atentos ao que o Senhor lhes falava, prontos a seguir a direção de Deus. Dóceis à sua condução.  Juntos formaram a Sagrada Família, uma família voltada para o centro: Jesus. E porque eram pobres de coração acolheram o Messias Salvador. Viveram para Jesus, e como não tinham poder para fazer isso por eles mesmos estavam atentos a condução de Deus. A vida que a Sagrada Família vivia está descrita nas bem-aventuranças.

    O ser humano hoje busca a riqueza, o poder e o prazer acima de tudo. Saiu do seu centro e está cada vez mais, infeliz e doente. Precisamos voltar à nossa essência e buscar viver como Jesus nos orienta:
Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo (Mt 6,33).


Senhor Jesus, dá-nos a graça de ordenar a nossa vida segundo a vossa vontade. A graça de ser manso e humilde como o Senhor. De ter um coração semelhante ao teu. A graça de voltar à essência, ao que realmente importa. A graça de retirar o supérfluo e deixar de acumular. Renunciar ao acumulo de bens, riqueza, poder, raiva, mágoa, ressentimento... e tudo mais que envenena nossa vida. Ensina-nos a ser feliz, a bem aventurar a vida. Amém.