E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

PEREGRINAÇÃO


“Naqueles dias, Maria se pôs a caminho e foi apressadamente às montanhas para uma cidade de Judá” (Lc 1,39).

       É muito bom perceber que quando entregamos realmente nossa vida ao Senhor, Ele nos conduz. Desde o primeiro momento em que vivi uma forte experiência com Jesus Ressuscitado, que caminha conosco, este foi o meu maior desejo: ser conduzida pelo Espírito Santo! O tempo passou, já faz 30 anos! E com alegria vejo que o Senhor tem me dado o que eu desejo.

      Ser conduzida pelo Espírito Santo sempre implica uma desinstalação, como Maria ir as pressas para onde Deus a conduzia. 2011 está sendo para mim o ano das viagens... Hoje saio em peregrinação – desta vez a Santuários Marianos. Para mim fazer uma peregrinação a santuários marianos é seguir o exemplo de Maria numa vida de amor e de serviço.

       Pôr-me a caminho não apenas para fazer um passeio, sair da rotina ou para conhecer lugares novos. Não. Pôr-me a caminho porque o Espírito Santo me impulsiona. Este é o motivo! Pôr-me a caminho porque o Amado me chama e ao mesmo tempo que vai comigo também me espera. Sair do cotidiano da vida, da acomodação, da segurança da zona de conforto para seguir os passos do Mestre. E neste processo sair de mim mesma e me abrir para Deus e para os irmãos.

      Pensando no caminho que Maria fez de Nazaré até a Judéia, sabemos que viajar naquele tempo era mais difícil do que hoje em dia, provavelmente ela viajou em um jumentinho, junto com um grupo de peregrinos que ia para Jerusalém pois as estradas eram perigosas. Eu também vou com um grupo, minha vida estará ligada a eles pelos próximos 20 dias. E, como já aconteceu em outras viagens, provavelmente alguns se tornarão não só companheiros de viagem mas amigos. Hoje, nos pomos a caminho na certeza de que a mão poderosa de Deus está sobre nós.
Até a volta!

“Cantai ao Senhor um cântico novo!
 Cantai ao Senhor, terra inteira!
 Cantai ao Senhor, bendizei seu nome,
dia após dia anunciai sua salvação!”
Sl 96(95),1-2

domingo, 9 de outubro de 2011

“VIJIAI E ORAI”


“Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto mas a carne é fraca” (Mc 14,38).

       O cristão muitas vezes se sente num deserto neste mundo. E mais forte que a solidão é a luta, a batalha que travamos contra as forças do mal espalhadas pelos ares. Sussurrando no vento das seduções do mundo, chamando no nada, no vazio, procurando a quem devorar. Precisamos estar atentos. Jesus disse “vigiai e orai”, porque esta batalha espiritual é difícil, desgastante e cansativa. Só na oração, com o auxílio do Espírito Santo, podemos desmascarar o acusador, que vem disfarçado de diversas formas. As vezes toma até um ar de zelo e piedade pelas coisas de Deus.

       Mas para orar preciso sair do redemoinho da pressa e dos apelos do mundo, fazer calar as vozes exteriores e interiores que determinam o que tenho que fazer sem prestar atenção a Deus. Parar para ouvir a Deus, sentar-se aos pés do Mestre, é um dos maiores desafios para o homem moderno. Parar e ficar um tempo sem fazer nada ou só fazer o que vai alimentar a minha alma de alguma forma. Parar e achar tempo para estar comigo mesma e com Deus; tempo para respirar calmamente e deixar que os mortos enterrem seus mortos. Parar para achar o alimento, o sustento, em Deus Amor que me diz quem sou, beber da fonte da vida. Fazer a experiência de ficar comigo mesma como uma amiga muito íntima.

     As vezes nos damos conta que estamos vivendo no “piloto automático”, sendo comandados pelas vozes exteriores: tenho que fazer... tenho que ir... tenho que dar conta... tenho que superar... tenho que aceitar... Tudo isto sem prestar atenção em nós mesmos e em Deus. Quando vivemos assim buscamos o valor próprio, buscamos matar a sede de amor em coisas e pessoas, não em Deus que habita no mais profundo do nosso ser. Sempre procurando alguém que nos ame, nos aprove, nos valorize. Alguém que me diga quem sou; fico escrava do desejo de agradar, e, muitas vezes, me culpando por não ser boa o bastante para ser amada.

Passos para vigiar e orar: Oração pessoal com leitura orante da bíblia; participação nos sacramentos, especialmente na Eucaristia; participação na comunidade de fé. Juntos desmacaramos o acusador.

      Ó meu Deus! Rico em amor e misericórdia, que nos  “amou e escolheu em Cristo para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1,4). O Senhor me busca nos lugares por onde me dispersei e me conduz ao profundo do meu ser, onde o Senhor habita. Obrigada, meu Deus, por teceres ao meu redor uma rede de cuidados, e me conduzir através dos acontecimentos da vida ao seu amor misericordioso. Eu quero, Senhor, obedecer à tua voz, ouvir e seguir a condução do teu Espírito. Ó Espírito Amigo, dá-me a graça de parar e me alimentar da fonte da vida que é o Senhor que habita em meu coração. Dá-me, Senhor, pureza no coração, santidade no olhar, bondade nas ações. Amém.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

BEBER O CÁLICE




“Não hei de beber o cálice que o Pai me deu?” (Jo 11,11).

“Podeis beber o cálice que eu vou beber?” (Mt 20,22).


         Vamos meditar com estas duas perguntas que o Senhor nos faz e deixar que elas questionem nosso modo de viver. Primeiro Jesus faz uma pergunta a Pedro e a cada um de nós na qual revela seu profundo amor e obediência ao Pai. Em Jo 12, 27-28 Jesus revela sua perturbação diante da paixão e da morte, mas acima da sua dor está sua missão e o objetivo dessa missão: nossa salvação para a glória do Pai, reconciliando a humanidade com Deus como o primogênito de uma multidão de irmãos.

        A segunda pergunta Jesus faz a seus discípulos desejosos de poder, que ainda não tinham compreendido o projeto de Jesus e sua missão. A mesma pergunta Jesus faz a nós, seus discípulos hoje, que ainda não compreendemos que seguir o Mestre é servir. E ainda mais, não compreendemos a natureza do serviço a que o Senhor nos chama.

       A primeira pergunta se refere a nossa vida pessoal. Há um cálice que a vida nos traz e diante do qual não temos saída, só nos resta beber com tudo que há nele de bom e de ruim. O cálice da vida muitas vezes é doloroso, mas é também um cálice de alegria e de benção. Como aconteceu na vida de Jesus também em nossa vida a cruz e a glória estão juntas.

       A segunda pergunta se refere ao nosso apostolado, missão, com o desafio de amar como Jesus amou, com o cansaço do passo mantido, as dificuldades de relacionamento, o não ver muitas vezes o fruto do nosso trabalho. Tudo isto só tem sentido se for para a glória do Pai.  Saber que faço parte de um projeto muito maior, que eu não vejo em sua totalidade, mas o Pai vê e conduz todas as coisas em nossa vida e missão pelo seu Espírito de Amor.

      Jesus nos ensina como beber o cálice da vida e da missão - que estão juntos - um influencia o outro. Com o olhar no Mestre, caminhamos pondo nossos pés em sua pegadas, temos paz para beber o cálice da vida.

    Senhor Jesus, reconheço tenho dificuldade em beber o cálice da vida. Muitas vezes ele é amargo e me traz coisas que eu não gostaria de passar. E muitas vezes quando ele está cheio de coisas boas eu não sei reconhecer e celebrar. Mas com tua graça eu posso tomá-lo em minhas mãos, erguê-lo em ação de graças e beber. Com confiança no Senhor que o bebeu antes de mim e recebeu o penhor da vitória em sua ressurreição. Amém.

“Mas em tudo isso somos mais do que vencedores, por Aquele que nos amou” (Rm 8,37).

terça-feira, 4 de outubro de 2011

SOMOS OS AMADOS


      “Predestinou-nos à adoção de filhos por Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade, para louvor da glória de sua graça que nos concedeu gratuitamente em seu Bem-amado”. (Ef 1,5-6)

       Queridos irmãos, esta é a melhor notícia que podemos receber: em Jesus, o Bem-amado, somos os amados de Deus! É a melhor notícia porque tudo que o coração humano mais anseia é ser amado. O amor é que dá sentido à nossa vida e nos dá felicidade. Somos felizes porque somos amados, e porque somos amados podemos amar!

       Quando pensamos em Jesus as vezes não nos damos conta da realidade de amor entre Ele e o Pai: Ele é o Filho Amado. Na limitação do entendimento humano, acostumados com um amor tão limitado, não alcançamos a intensidade do amor de Deus Pai por seu Filho. Como criancinhas podemos apenas pensar que o Pai ama o Filho com todo amor que existe, pois Deus é amor (1Jo 4,8).

       O amor verdadeiro vem de Deus e chega a nós na pessoa de Jesus. É Jesus quem nos revela o amor do Pai e nos ama com o amor do Pai: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho, para que todo aquele que crer não morra mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Por isto eu posso dizer: sou a amada! Você pode dizer: sou o amado. E quando deixo o amor de Deus inundar o meu ser sou profundamente curada de toda experiência de desamor. O amor de Deus supre todo amor que me faltou na vida. Cura as feridas causadas pelas palavras de raiva, de desprezo e desamor que me foram ditas. Sou curada da auto-rejeição, do desprezo por mim mesma que veio dessas palavrás más.

         E Quando experimento que sou a amada posso olhar para cada pessoa humana como o amado. Sim, é verdade, cada pessoa humana é o amado de Deus em Jesus Cristo. Quer o conheça ou não, pois, Jesus veio trazer a salvação, o amor, para todos. Esse é o projeto de amor do Pai para nós: Ele enviou o seu Filho  amado para nos revelar que nós somos os amados, e assim, podemos viver como irmãos, na força do Espírito Santo.

Oremos juntos:

        Senhor Jesus, Filho amado, cheio de graça e verdade. Quero levantar o meu olhar para o Senhor e contemplar a Ti, o mais belo dos filhos dos homens. E te contemplando deixar que o amor de Deus passe do Senhor para mim. Que o seu amor me envolva agora como bálsamo que cura e força que liberta. Quebre, Senhor, as correntes do ódio, do ressentimento, da mágoa, do medo, da auto-rejeição e do desprezo pelo outro. Derrube, Senhor, com a força do seu amor, o muro de inimizade entre os seres humanos. Apresente-nos, Jesus, como criancinhas ao Pai. Que todos nós, sejamos banhados no mar de amor e misericórdia de Deus. Amém.

sábado, 1 de outubro de 2011

ELE CAMINHA CONOSCO!

Em todas as etapas da viagem os israelitas punham-se em movimento sempre que a nuvem se elevava de cima da morada; nunca partiam antes que a nuvem se levantasse. De fato, a nuvem do Senhor ficava durante o dia sobre a morada, e durante a noite havia um fogo visível a todos os israelitas, ao longo de todas as etapas da viagem”. 
(Ex 40,36-38).

        Quando os israelitas caminhavam pelo deserto experimentavam a presença do Deus que morava na tenda da reunião e caminhava com eles. A tenda, a morada de Deus é hoje em primeiro lugar o coração humano, e quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo faz a experiência da reconstrução do seu templo interior onde a glória de Deus quer habitar, encher nossa tenda.

       Como os israelitas fizeram a peregrinação pelo deserto rumo à terra prometida nós fazemos uma peregrinação no tempo da nossa vida rumo à terra prometida definitiva: o céu. E o próprio Senhor vai nos conduzindo. As vezes a nuvem enche o templo interior e nos fala que é tempo de edificar a vida, ou de parar e simplesmente saborear o momento presente. Mas de repente a nuvem se levanta e o Senhor coloca nossa vida em movimento. É o tempo de mudanças, de caminharmos mais um pouco entrando mais no deserto, indo além de nós mesmos ou subindo um pouco mais o monte.

      O importante é estarmos atentos para reconhecer, ouvir, a voz do Senhor e obedecer. Viver feliz nos dias calmos em que a glória do Senhor enche a morada, e também nos dias de mudanças em que a glória do Senhor se levanta e nos convida a caminharmos um pouco mais.

       Vinde Espírito Santo encher meu coração de glória e me conduzir segundo a vontade do Pai. Dá-me, Senhor, a graça de ouvir a tua voz dizendo quando ficar e quando me por em movimento. Dá-me docilidade à vossa vontade, e alegria de ser conduzida por vós. Caminha conosco, Senhor Jesus, pelo caminho da vida, para glória de Deus Pai. Amém.

“Sonda-me, ó Deus, e conhece meu coração! Examina-me, e conhece minhas preocupações! Vê se estou no caminho funesto e conduze-me pelo caminho duradouro!”  (Sl 138(137), 23-24).