E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 27 de novembro de 2011

VIVER EM CRISTO


       “Vivei sempre alegres. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vontade de Deus para conosco em Cristo Jesus” (1Ts 5,16-18).

        Deus é a fonte da beleza, bondade, alegria, e deseja que nós, seus filhos e filhas, participemos de sua beleza, bondade e alegria. Creia: Deus se alegra com sua vida e te enche de alegria!

       Para recebermos a alegria de Deus é necessário configurar-nos com Cristo, a imagem do Deus invisível (Cl 1,15). Podemos nos configurar com Cristo imitando Jesus em sua vida simples em Nazaré. E para imitar Jesus preciso deixar que as palavras do Evangelho caia  como uma gota d’água repetidamente penetrando e transformando o meu coração de pedra em um coração de carne (Ez 36,26).
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      Configurar-me com Cristo quer dizer ser pobre como ele foi. Mas, podemos nos perguntar: qual a pobreza que o Senhor quer de nós? Penso que primeiramente a pobreza interior que me faz renunciar ao orgulho, a arrogância, a prepotência, a intolerância, e a coisas semelhantes que nos afastam de Deus. Além disso buscar a simplicidade como estilo de vida, viver uma vida simples, fazendo coisas simples. Jesus foi carpinteiro em Nazaré. O trabalho manual me ajuda a educar o meu eu e faz crescer em mim a humildade. Depois, ter um coração mais aberto, mais acolhedor, partilhando o que sou e tenho – meus dons e bens. Procurando ser generosa com quem Deus colocar no meu caminho, o meu próximo (Lc 10,30-37). Na minha experiência vejo que é importante aceitar e me alegrar com a minha realidade, com o modo de vida e situações de vida que o Senhor me permitiu viver. Por fim, precisamos ter claro que nossa configuração com Cristo é obra do Espírito Santo: “Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8,14).

     Jesus, põe meu coração no teu e teu coração no meu. Senhor, tu moras na alma do fiel. Que verdade grandiosa! Não a podemos alcançar inteiramente! Tu te tornas a alma de minha alma; tua graça me sustenta, ilumina minha inteligência, dirige minha vontade. Unja-me, usa-me, para sua glória e o bem das pessoas. És a fonte da vida que jorra em meu ser. O Senhor não me deixa nem por um instante e, se ouço a voz do Espírito, eu também não o deixo pois não posso deixar a mim mesma. Meu ser interior é a “sala mobiliada, no andar de cima” (Lc 22,12), onde o Senhor instituiu a Eucaristia, e onde no dia de Pentecostes veio o Espírito Santo. Espírito Santo e Eucaristia... É a celebração perene em minha vida. Antes de celebrar na comunidade celebro em minha casa interior onde o Senhor mora. Dá-me a graça de preparar bem esta sala, tendo consciência de quem é o Hospede, quem é o Celebrante. Vem Senhor Jesus. Amém.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A FIGUEIRA E A OLIVEIRA

     “Ao voltar à cidade de manhã cedo, sentiu fome. Viu uma figueira perto do caminho, foi até ela, mas não achou nada a não ser folhas. Então lhe disse: ‘Jamais nasça fruto de ti’. E a figueira secou imediatamente” (Mt 21,18-19).

     Triste é a situação da figueira sem frutos. Quem planta uma árvore frutífera espera colher dela muitos e saborosos frutos. Se isso não acontece fica frustrado na sua esperança e pensa logo em arrancá-la.

     Jesus chama a nossa atenção para cuidarmos de não sermos estéreis como essa figueira. E isso pode acontecer conosco se nossa prática religiosa for de muito aparato, até barulhenta e ostensiva, mas não produzir frutos de amor para o Reino de Deus. O que Jesus buscava na figueira era frutos para matar sua fome. Ele tem fome de nós, pois nos ama, e busca em nós os frutos do Espírito Santo: amor,alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, mansidão, autodomínio (Gl 5,22). Se produzimos esses frutos o Reino de Deus cresce, e há alimento espiritual na Igreja e no mundo. Se não os produzimos nossa fé é vã, podemos ser arrancados pelo Senhor.

      “Quanto a mim, qual oliveira verdejante na casa de Deus, confio na bondade divina para todo o sempre” (Sl 52(51),10).

 Ao contrário da figueira sem frutos, como é reconfortante a imagem da oliveira verdejante! Ela é fecunda e sempre produz fruto. Mesmo se tarda a chuva e os ventos a maltratam, produz frutos bons que dão fino azeite. O vigor da oliveira vem de suas raízes e percorre toda a planta.

Pés de oliveira - Fátima - Portugal
Em nós esta seiva é a graça de Deus. Quando estou enraizada nele sua graça vem do mais profundo do meu ser  e fecunda toda minha vida – pensamentos, sentimentos, ações, relacionamentos. Sua graça é a força vital que me cura, dá alegria de viver e servir. Como oliveira verdejante posso dar frutos mesmo em tempo de seca ou tempestade.

Oremos juntos:

Obrigada Senhor, por seu amor e misericórdia que me envolve no abraço do Pai, Abbá.
Obrigada pelo dom do Espírito Santo, seiva fecunda que irriga a minha vida!
Jesus, eu me entrego com confiança em  tuas mãos.
Senhor, que na minha fraqueza brilhe a tua luz e cresça o teu poder.
Vinde Espírito Santo, habitar no meu templo interior e gerar em mim um coração de filha.
Dá-me, Senhor, pureza de coração;
santidade no olhar;
bondade nas ações.
Amém.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

EU VI O SENHOR!


       “Maria ficou do lado de fora, chorando junto ao sepulcro. Enquanto chorava, inclinou-se para o sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram: ‘Mulher, por que choras?’ Ela respondeu: ‘Porque levaram o Senhor e não sei onde o puseram’. Depois de dizer isso, ela virou-se para trás e viu Jesus que ali estava, mas não o reconheceu. Jesus perguntou-lhe: ‘Mulher, por que choras? A quem procuras?’ Crendo que era o jardineiro, ela disse: ‘Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu irei buscá-lo’. Respondeu Jesus: ‘Maria’. Ela, virou-se e disse em hebraico: ‘Raboni’- que quer dizer Mestre. Jesus disse: ‘Não me retenhas porque ainda não subi ao Pai. Vai aos meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus’. Maria Madalena foi anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor. E contou-lhes o que Jesus tinha dito” (Jo 20,11-18).
 
       Maria Madalena ficou olhando para o túmulo e deixou que a dor a cegasse por isso não viu os sinais de Deus. Presa em seus sentimentos, na dor, no medo, na ansiedade, por ter perdido o Senhor não viu os sinais do céu: o sepulcro vazio, os anjos vestidos de branco. Tão cega estava que não reconheceu nem mesmo o Senhor ressuscitado quando Ele perguntou: “Por que choras?” “A quem procuras?”. E estava disposta a fazer algo acima de suas forças: buscar um cadáver: “dize-me onde o pusestes e eu irei buscá-lo”.

       Quando somos dominados pelos sentimentos como Maria Madalena estava, não medimos esforços para realizar até mesmo algo acima de nossas forças. E muitas vezes nesse afã não nos respeitamos, vamos além do nosso limite, e as vezes colocamos todo empenho em algo que não é a vontade de Deus para nós. Como Maria Madalena pensava em por todo seu empenho em recuperar o corpo do Senhor morto quando Deus pedia que ela simplesmente abrisse os olhos para uma realidade nova e uma nova forma de relacionamento com o Mestre.

       Mesmo quando Ele a chama pelo nome tudo o que ela quer é agarrar-se a Ele, reter a fonte de sua alegria. Se Jesus se deixasse reter por ela a privaria da alegria do Espírito Santo, a alegria de ser portadora do anúncio da ressurreição do Senhor, a alegria da vida em comunidade, como irmãos de Jesus, filhos de Deus Pai.

Oremos juntos:

        Senhor, dá-me a graça de desapegar-me de mim mesma, dos meus sentimentos, projetos e forma de ver a vida.
Que os meus olhos estejam sempre abertos para vós e para a novidade de vida que o seu Espírito me dá. 
Dá-me a graça de perceber teus sinais no caminho, e que eu nunca me canse de anunciar: Eu vi o Senhor!
 Que ao te reconhecer dizendo: Rabuni, Mestre, meu coração e minha mente possa estar inteiramente abertos para a sua presença amorosa, salvadora, curadora. 
E assim todas as minhas forças estejam voltadas para ti, pronta para ti seguir, meu Senhor, meu Mestre.
Amém.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A VIDA EM PEREGRINAÇÃO


RECORDANDO O PASSADO...

Fátima - Portugal
       Amigos, só podemos fazer uma boa viagem de peregrinação se a fizermos seguindo  os passos da vida. Assim, cada passo que eu dou reflito sobre os passos que já dei na vida, mas não paro aí, tomo consciência do presente e vou para frente num anseio de mudança de vida, num processo de amadurecimento para me tornar cada vez mais a imagem e semelhança de Jesus Cristo. Começamos a peregrinação por Fátima, Portugal. Sendo nossa primeira parada revi ali o meu passado  para colocá-lo na misericórdia de Deus num processo de cura. Lá me veio à lembrança este versículo da Bíblia: “Mas tu guardaste o bom vinho até agora” (Jo 2,10).

        Eu me lembro que há muitos anos atrás, num tempo de muito sofrimento, o Senhor me disse que a parte final da minha vida seria melhor que o começo; que Ele estava guardando o melhor vinho para depois. Hoje é o depois. Hoje é o tempo de saborear o melhor vinho. Vejo que a promessa de Jesus se cumpriu. E  na igreja da Santíssima Trindade eu experimentei o abraço do Pai. Meu Senhor e meu Deus! Minha alegria, consolo de minha alma.

“De volta, louvava-se e bendizia o Céu, porque ele é bom e eterno o seu amor” (1Mac 4,24).

NO PRESENTE...
Montserrat - Barcelona
    Em Barcelona fomos a Montserrat – montanha belíssima com sua formações rochosas e sua natureza exuberante, tudo nos fala da glória de Deus. No alto existe um belo santuário dedicado a Nossa Senhora de Montserrat, padroeira da Catalunha. O lugar é majestoso, um hino a Deus criador. Aqui trago diante de Deus o meu presente, e por isto a subida me faz refletir: o que eu preciso deixar para subir à montanha de Deus?

       E refletindo na minha vida, sinto uma profunda gratidão pelo dom da vida. Este presente que recebi de Deus, que se alegra com a minha vida e me enche de alegria.  Senhor, obrigada por este dia maravilhoso! Foram muitas experiências marcantes, preciosas. Obrigada porque na celebração da Eucaristia completou-se as graças de hoje. Eu pude experimentar mais uma vez que sua mão poderosa está sobre nós.

Lourdes - França
         A reflexão sobre o presente continua em Lourdes . A maior experiência vivida em Lourdes foi o cuidado de Deus, Deus cuida. A beleza da procissão das velas onde uma grande multidão de peregrinos de todas as linguas, povos e nações louvavam a Deus. Fiquei pensando que os poderosos do mundo pensam que tem o poder, mas o verdadeiro poder está escondido no povo simples, que ora, crê e espera no Senhor. No final de tudo este povo será o vitorioso, e nem sabemos qual a influência que tem nos destinos do mundo com sua oração e fé. Só vamos ter esse conhecimento no céu.

       Minha primeira lembrança relacionada a N. S. de Lourdes é de quando criança ir rezar na gruta em minha cidade natal. Me recordo de ver as imagens da Virgem Maria e de Bernardete, ler a mensagem de conversão escrita na frente da gruta. Eu gostava da paz do ambiente e da possibilidade de ter a mãe de Jesus cuidando de mim: “Eis aí a tua mãe”. Hoje vejo que aquelas simples orações de criança causaram um grande efeito em minha vida. Ouvia contar a história da aparição da Virgem Maria a Bernadete sem jamais imaginar que um dia eu estaria no local dos acontecimentos. Aqui me deparei com uma mensagem que dizia: Bernadete é você. Eu vi que realmente eu era a criança pobre, necessitada do cuidado de Deus, e mesmo quando eu estava longe Ele cuidou e cuida de mim.

RUMO AO FUTURO...

      Saindo de Lourdes percebi que nos passos seguintes o Senhor me fazia olhar o futuro. A mensagem que Ele me dava para o futuro começou pelo milagre eucarístico de Avignon: as águas se dividem, passam ao redor de Jesus Eucarístico. Quem crê em Jesus fica no alto, com pé exuto, junto com Ele. Passou por La Salete – onde vejo que a unidade é dom de Deus. Mesmo nos contrários da vida, onde não parecia ser possível, Deus realiza a unidade. E na capela de N. S. das Graças, em Paris, recebi do Senhor a esperança, a força e coragem para continuar a peregrinação da vida. Se aproxima nosso regresso e o Senhor nos prepara para o envio, a missão.

Jardim na casa de S. Terezinha - Lisieux
      Em Lisieux o Senhor me fala através das florzinhas que a santidade acontece na simplicidade das coisas pequenas como aconteceu com S. Terezinha.  “Eu vos garanto que se não se converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus” (Mt 18,3).
                                                           Abadia do Mont Saint Michel - França

       Nossa peregrinação terminou no Monte Saint Michel, um belíssimo e antigo local de peregrinação com uma história cheia de contradições. Antigamente os peregrinos que vinham aqui corriam muitos perigos, por exemplo: o mar, as areias movediças e a neve no inverno. Os perigos representam as dificuldades da vida, e a chegada ao monastério no monte o nosso destino último: o céu. Onde chegaremos se perseverarmos apesar dos perigos. Deus nos trouxe aqui para nos provar que para Ele nada é impossível.
       Em sua maior parte esta foi uma peregrinação aos santuários marianos onde a Virgem Maria é venerada com um titulo dado pelo povo de Deus e confirmado pela Igreja. “Alegra-te cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28). Por ser vazia de si o Senhor pode enchê-la plenamente de sua graça. Aos pés da cruz ela recebeu sua missão do próprio Filho: “Vendo a mãe e, perto dela o discípulo a quem amava, Jesus disse: ‘Mulher, aí está o teu filho’. Depois disse para o discípulo: ‘Ai está a tua mãe’. E desde aquela hora o discípulo a tomou sob seus cuidados” (Jo 19,26-27). E desde aquela hora Maria se tornou a mãe dos cristãos, dos discípulos amados de Jesus. A mensagem que Maria nos traz é sermos tão próximos de Deus como ela foi. Termos o coração em Deus como ela teve: “Eis aqui a serva do Senhor. Aconteça comigo segundo tua palavra! “ (Lc 1,38).

       Meu Senhor, por favor, me tome pela mão como uma criança e caminhe comigo nesta peregrinação da vida. Dá-me a graça de viver plenamente o que o Senhor tem para mim. Muitas vezes eu não sei porque minha vida toma este caminho e não outro, e tu sabes que muitas vezes sou tarda para compreender. Só te peço que não permitas que eu me afaste de tua vontade. Obrigada, Senhor, pelo seu amor e cuidado para comigo. Abençoe a quem encheu as talhas para que o Senhor transformasse a água no melhor vinho. Abençoe a quem cooperou com o Senhor para a sua manifestação em minha vida. Senhor, meu Pai, ponho em tuas mãos minha vida. Espírito Santo dirija meu ir i vir, num caminho reto em direção a Jesus. Senhor, eu confio que sua mão poderosa está sobre nós nesta viagem da vida. Amém.