Ó Deus, tu és meu Deus; a ti procuro,
minha alma tem sede de ti; todo meu ser anseia por ti, como a terra ressequida,
esgotada, sem água.
Sl 63(62)2
A vida de oração é um desafio. Cada vez
mais encontro pessoas que não conseguem ter vida de oração, ou seja, rezar
diariamente. Talvez uma das causas dessa dificuldade seja o fato de que não
controlamos a oração. Na vida de oração podemos controlar a decisão de nos
colocarmos em oração, mas o que acontece durante a oração é uma ação do
Espírito Santo – Ele é o mestre da oração.
Como
diz o versículo do salmo 63 que usamos em nossa reflexão, buscamos a oração
porque temos sede de Deus, mas dia após dia sentimos que esta sede nunca é
inteiramente saciada. Como o maná no deserto só podia ser colhido o suficiente
para um dia, assim também precisamos colher na oração o suficiente para um dia.
Para ser saciada preciso voltar continuamente à fonte das águas. E sei que esta
sede só será saciada inteiramente no céu, mas dia após dia, venho, busco, paro,
escuto... Há dias em que escuto claramente, experimento o amor, misericórdia,
compaixão. Mas em outros dias não percebo nada. Apenas o silêncio no escuro da
fé... Mas volto à oração pois sei que Deus é fiel e mesmo quando não o percebo
Ele está presente, vem ao meu encontro porque me ama. É isto que me seduz e faz
perseverar: a oração é um encontro de amor.
Pois tu plasmastes meus rins, tu me
tecestes no seio de minha mãe. Meus ossos não te eram encobertos, quando fui
formado ocultamente e tecido nas profundezas da terra. Teus olhos viam meu
embrião, e em teu livro foram registrados todos os dias prefixados, antes que
um só deles existisse. (Sl 139(138),13.15-16).
Deus é Alguém que me conhece inteiramente,
e isto é motivo de repouso e paz. Ele conhece cada uma das minhas células e
passeia entre elas como no seu jardim. O Senhor conhece as forças da minha
mente, conhece tudo o que se move nos subterrâneos do meu inconsciente. Conhece
o que verdadeiramente move as minhas ações. Ele conhece o que é verdadeiro e o
que é falso em mim; o que domina a minha vontade, o que limita a minha
liberdade, e me conhecendo Ele me ama. Conhece as feridas do meu ser e a todas
Ele quer curar, pois sua misericórdia se estende de geração a geração.
Ele se compadece porque conhece, mais do
que eu mesma, as minhas lutas. Conhece o meu desejo de fazer o bem e o mal que
se esconde sorrateiro em meu íntimo. Conhece a minha mente endurecida,
esclerosada, pelos conceitos e preconceitos que absorvi ao longo da vida.
Conhece o orgulho, a arrogância e o desejo de agradar. Enfim, me conhece como
sou realmente, como não sou conhecida nem por mim mesma, pois eu conheço apenas
uma parte de mim – algumas coisas eu mostro e outras não. As pessoas que
convivem comigo conhecem outra parte de mim – a que eu mostro e a que elas veem
e eu não vejo. O Senhor é o único que me conhece realmente e, me conhecendo, me
ama, perdoa e abençoa.
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