A Bíblia nos diz que: Todos pecaram e todos
estão privados da glória de Deus (Rm 3,23). É verdade. Todos somos pecadores e
por isto temos dificuldade em nos render ao amor de Deus. Desconfiamos que Ele não
vai nos amar e perdoar. Medimos Deus pela nossa medida
e desconfiamos da misericórdia – se somos incapazes de amar e perdoar, Deus
também deve ser. Às vezes a culpa pelos
erros do passado nos atormenta ao longo da vida, não importa quantas vezes já o
tenhamos confessado. Carregar a culpa e o medo do julgamento de Deus é como
carregar um fardo muito pesado que esgota nossas forças, e nos impede de viver
a intimidade com o Senhor e saborear sua presença amorosa.
CENA DO FILME "A MISSÃO" |
Isto me recorda o personagem capitão Rodrigo
Mendonza do filme A MISSÃO. Um homem pecador e violento, mercenário, traficante
de escravos, que matou o irmão por ciúme, ao se converter colocou suas armas
num saco e o levava nas costas. Como andavam por caminhos difíceis no meio da
mata o saco batia e se agarrava em tudo tornando a jornada muito mais penosa.
Um companheiro de viagem, vendo aquele sofrimento, tirou o fardo dele, mas
ele imediatamente o retomou. Assim esse infeliz fazia sua jornada carregando o fardo de seus pecados. Até que um índio, suas maiores
vitimas, cortou a corda que prendia o saco, que caiu pela ribanceira e foi
parar dentro do rio, fora do alcance do penitente. Ele precisava aceitar que no
passado pecou muito. Aceitar que não era um homem puro, o mal morava no mais
intimo do seu ser, aceitar o perdão de Deus, se perdoar, e aceitar ser
acolhido na comunidade.
De agora em diante, pois, já não há
condenação alguma para aqueles que estão em Cristo Jesus. A lei do espírito da
vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte (Rm 8,1-2).
O
remédio que liberta do medo do julgamento de Deus é a entrega amorosa e
confiante nas mãos do Senhor. É a confiança total na misericórdia e no perdão
de Deus. Se entregar como criança no colo da mãe e deixar-se purificar pelo
amor de Deus. No amor o medo do julgamento, a culpa e agressividade
desaparecem. No amor a desconfiança que leva à inimizade com Deus desaparece. A
alma saciada é curada do desamor. Paro de me castigar pelos meus pecados. Tomo
sobre mim a palavra de Jesus: “Vá, e de
agora em diante não peques mais” (Jo 8,11b).
Vamos rezar com o Salmo
131(130) pedindo ao Senhor a graça do abandono confiante nas suas mãos amorosas:
Senhor, meu coração não é
pretensioso,
meus olhos não são
arrogantes.
Não ando à procura de
grandezas
nem de maravilhas fora do
meu alcance.
Pelo contrário, estou
sossegado e tranqüilo;
como criança saciada no colo
da mãe,
como criança saciada, minha
alma está em mim.
Israel, põe tua esperança no
Senhor,
desde agora e para sempre!
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