E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 29 de abril de 2012

O BOM PASTOR



“Dai graças ao Senhor, pois ele é bom, pois seu amor é para sempre” 
(Sl 118(117),1).

        Alegremo-nos, pois esse amor eterno de Deus é para nós, filhos. Por isto temos alegria e esperança mesmo vivendo num mundo cheio de más notícias, e passando por diversar tribulações. Meus irmãos, não nos esqueçamos que podemos viver o presente e olhar para o futuro como filhos – ou seja entrar num processo de crescimento e cura, que chamamos de conversão, para nos tornar mais semelhantes a Jesus , o Filho. E assim, quando Jesus voltar – no dia da nossa morte ou no final dos tempos - seremos semelhantes à Ele. E, usando uma pobre comparação, nos reconheceremos nele como nos reconhecemos ao olharmos num espelho. É isto que a Bíblia nos fala:
       “Vede com que grande amor o Pai nos amou, para sermos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. O mundo não nos conhece porque também não conheceu o Pai. Caríssimos, somos desde já filhos de Deus, embora ainda não se haja manifestado o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele aparecer, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal qual ele é” (1Jo 3,1-2).

       E de tal forma Deus nos ama que não nos deixou sós: caminha conosco o Ressuscitado como o Bom Pastor: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). Jesus mesmo disse que Ele é o Bom Pastor. Quando pensamos na imagem do pastor nos vem à mente o cuidado, o zelo do pastor pelas ovelhas. Ao longo dos séculos esta figura de Jesus como Bom Pastor tem dado conforto e segurança aos cristãos.

       Continuemos a ler o que o Senhor nos fala: “O mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e dispersa as ovelhas” (Jo 10,12). Jesus nos fala que na vida lidamos também com o mercenário e o lobo. O mercenário é aquele que se aproxima e finge cuidar de nós, mas na hora do perigo nos abandona – podemos identificá-lo com as seduções, mentiras e poderes do mundo, que parecem ser uma coisa boa, mas nos afasta de Deus e nos torna egoístas, insensíveis aos irmãos.

       O outro personagem é o lobo, o maligno. Sobre ele vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica: “... o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O “diabo” (“dia-bolos”) é aquele que “se atravessa no meio” do plano de Deus e de sua “obra de salvação” realizada em Cristo”. (CIC 2851).

Vejamos agora as ações do Bom Pastor:
·         Tem um relacionamento pessoal conosco: “Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai” (Jo 10,14-15).
·           Seu objetivo é nos levar ao redil: à comunhão de amor com a Santíssima Trindade.
·         E a prova que Jesus nos dá é esta: Ele entregou sua vida para nos salvar do Maligno e nos levar à comunhão com Deus, como filhos amados, semelhantes à Ele.

Ó Jesus, Bom Pastor. Abro agora meu coração e minha vida diante do Senhor. Sou uma ovelha ferida, preciso do seu cuidado. Sem a sua proteção e cuidado eu me afasto e me perco nos desvios e perigos do mundo, e nas seduções do Maligno. Tu és meu amparo. Busca-me. Envolva-me no amor eterno do Pai. Jesus, Bom Pastor, cuida das minhas feridas, retira os espinhos e carrapichos que fincaram em minha pele, grudaram em minha alma, e me desfiguraram. Láva-me com as águas puras do teu Espírito, e me apresente ao Pai como filha(o) recuperada(o) que retorna à comunhão desejada por Ele. Amém.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

PROCESSO DE CURA

“Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e das pessoas” (Lc 2,52).

    Como Jesus cada pessoa é chamada a desenvolver integralmente sua vida. Uma vida plena é aquela que está em contínuo movimento sempre indo um pouco além segundo o projeto de Deus para cada um de nós. E o projeto de Deus é que possamos crescer, não de qualquer maneira ou a qualquer custo, mas tendo como modelo Jesus Cristo, de tal modo que o Pai possa ver em nós a imagem do seu Filho. A medida do ser humano é Cristo.

     Mas nos deparamos com obstáculos à este amadurecimento desejado por Deus, pois todos somos feridos. Feridos pelo desamor; por doenças na infância; apegos exagerados; separações, rupturas de todo tipo; vícios dos pais; morte da mãe, pai, irmãos ou alguém muito próximo; feridos pela pobreza e toda forma de abandono, etc. E as feridas da infância e da juventude marcam nosso pensar, sentir, agir - atrapalham o processo de crescimento. Para retomarmos este processo precisamos reconciliar-nos com as feridas do passado, pois não podemos fazer de conta que elas não aconteceram.

    Manter nossas feridas ocultas exige um gasto muito grande de energia. Para ilustrar isto posso imaginar que em todos os meus relacionamentos e formas de expressão estou sempre segurando em minha frente algo para me esconder. Mesmo se eu pensar que seguro algo leve como um papelão, com o tempo ficarei cansada, e se tenho as mãos ocupadas não fico livre. Geralmente escondemos nossas feridas por dois motivos: para que ninguém as percebam ou porque são dolorosas demais. E como não aprendemos em criança a sentir e expressar a dor provocada por feridas emocionais não sabemos entrar em contato com elas para a cura e reconciliação. Muitas vezes as expressamos pela raiva, por compulsões, vícios,  desvios sexuais, doenças, etc.

       Para que tenha início um processo de cura – enquanto vivermos seremos curados - precisamos entrar em contato com a bondade de Deus, nos refugiarmos nele e receber a cura e paz. Em Jesus Cristo, podemos reconciliar-nos com as feridas do passado permitindo que a dor há muito reprimida venha à tona. Expomos à Ele nossas feridas para que sejam redimidas pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Assim, podemos reconciliar-nos pedindo perdão a Deus  pelos pecados cometidos por causa das feridas; pedindo perdão a quem ofendemos; nos perdoando pelos erros cometidos.  Quem assim vive é feliz!
“Provai e vede como o Senhor é bom! Feliz o homem que nele se refugia” (Sl 34(33),9).

Oremos juntos:

      Meu Pai, eu tomo minha vida nas mãos e te entrego. Eu a recebi do Senhor e a devolvo para vós. Assumo a responsabilidade pela minha vida e sei que os acontecimentos dolorosos ou alegres que me aconteceram, não determinam quem sou. Minha vida como é hoje é fruto dos acontecimentos, mas é também fruto das minhas escolhas. Se escolhi certo ou errado,  fui eu que escolhi. Sei que esta escolha não foi totalmente livre - fui influenciada por pessoas, acontecimentos, paradigmas -, mas a responsabilidade é minha. Hoje, eu assumo esta responsabilidade. tomo minha vida nas mãos e entrego-a ao Senhor, de quem tudo recebi. O Senhor, na sua misericórdia, cuidou de mim mesmo nas escolhas erradas que fiz. Senhor jesus, cura as minhas feridas e reconcilia-me com minha história. Amém.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

DEUS SEMPRE CURA

“Apenas te mandou tomar banho para ficares purificado” (2Rs 5,13).

       Este texto de 2Reis narra a cura da lepra do general sírio Naamã. Como general ele era acostumado a grandes feitos e certamente se rebelava pela  sua condição de doente. Foi à Israel buscar a cura com Eliseu num mixto de esperança e angústia. E como era acostumado a coisas grandes foi buscar a cura com esse espírito, por isso sua bagagem era muito grande: “Ele se pôs a caminho, levando consigo vinte arrobas de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa” (2R5,5).

       Naamã se pôs a caminho com esperança de ficar curado, mas seu coração precisava ser purificado. Sua grande expectativa o fez ficar decepcionado, furioso mesmo, com o que ele achou ser um descaso - Eliseu nem sequer foi vê-lo pessoalmente -  e com o tratamento proposto para a cura. Antes de curar Naamã da lepra Deus queria curá-lo de sua arrogância. Dar a ele o conhecimento do Deus que nos fez da terra e costuma agir nas coisas simples, no silêncio do coração. Por isso Eliseu o mandou tomar banho no rio Jordão – para tomar banho precisamos ficar nús, sem bagagem, vulneráveis, sem arrogância.

      O Senhor quer ver nossa submissão, nossa obediência a Ele, nas coisas simples. Muitas vezes Ele nos cura quando tomamos nosso leito – nossa realidade e história de vida – e nos pomos a caminho, ou quando repetimos ritos que nos parecem simples demais. Mas, de repente, percebemos que fomos curados. Libertos de um pecado que não conseguiamos deixar de cometer; curados de um trauma, dor emocional, tristeza profunda, depressão... e curados fisicamente de nossas “lepras”. Em Jesus de Nazaré Deus se manifestou a nós simplesmente, como criança e como servo.

      Senhor Jesus, que manifestaste o amor de Deus em nossa pobreza,  fazendo-se igual a nós em tudo, menos no pecado. Tenha misericórdia de nós, doentes, pecadores. Diante do Senhor depositamos toda nossa bagagem, tudo que acumulamos durante a vida e pensamos ser nossas posses. Queremos nos apresentar diante do Senhor nús, dependentes inteiramente da sua compaixão e misericórdia. Cura-nos, Senhor. Trazemos em nós tantas marcas, tantas dores, tantas doenças. Ó Espírito Santo,  água viva, lava-nos. Cura nosso espírito, alma e corpo.  Jesus, regenera o nosso ser, restaura em nós a imagem e semelhança vossa, para a glória de Deus Pai. Amém

Leia a história de Naamã em 2Rs 5,1-19


domingo, 1 de abril de 2012

O CORDEIRO DE DEUS


“Deus providênciará o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gn 22,8).

        Este texto está no contexto da prova de fé que Deus pede a Abraão. Esta prova de fé é o sacrifício do seu filho Isaac - o filho da promessa, o herdeiro ansiosamente esperado - e a fé de Abraão o leva a dar esta resposta: “Deus providênciará...”. Nós somos o Isaac – eu e você somos o filho esperado, mas somos também a ovelha destinada ao matadouro (cf Rm 8,36). Estávamos condenados à morte por causa do pecado. O Maligno, aquele que é homicida e mentiroso (cf. Jo 8,44), o acusador dos nossos irmãos (cf. Ap 12,10), exigia a nossa morte.

      Mas Deus providenciou o Cordeiro para o holocausto. Jesus, o Filho único de Deus é o Cordeiro sem defeito e sem mancha que tira o pecado do mundo. O monte Moriá é a Igreja onde o Cordeiro de Deus se oferece em sacrifício na missa. Quando vamos à missa estamos indo ao monte Moriá para nos oferecer em sacrifício. Mas chegando lá vemos que Deus providênciou o Cordeiro. O Pai entregou o seu Filho, no Espírito, em sacrifício no meu lugar. E quando participo da missa recebo as graças do sacrifício do Cordeiro em meu favor: o perdão dos pecados, a salvação, o dom do Espírito Santo, a reconciliação com Deus e com os irmãos. Ofereço, junto com Jesus, minha vida ao Pai no Espírito, no altar onde o próprio Cristo é sacerdote, altar e vítima. Céus e terra se unem em ação de graças, louvor e adoração.

      O Pai nos entregou o seu Filho, na missa nós o oferecemos ao Pai, fazendo o que Ele mesmo nos ordenou: “...Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Oferecemos ao Pai a única oferenda perfeita: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós ó Pai Todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda glória agora e para sempre. Amém”. Céus e terra se unem no grande amém, pois: “Realizou-se agora a salvação e o poder, o reino de nosso Deus e a autoridade de seu Cristo” (Ap 12,10).

“Como poderei retribuir ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo? Elevarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor”     (Sl 116,12-13).

Ó Pai, dá-nos um coração agradecido para recebermos o teu Filho, Cordeiro perfeito, imolado por nós;
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Vinde Espírito Santo encher os nossos corações de louvor e adoração.
Toda honra e toda glória sejam dadas a Vós, Deus de amor, ternura, compaixão e misericórdia.
Assim seja. Amém.