“Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e das pessoas” (Lc 2,52).
Como Jesus cada pessoa é chamada a desenvolver integralmente sua vida. Uma vida plena é aquela que está em contínuo movimento sempre indo um pouco além segundo o projeto de Deus para cada um de nós. E o projeto de Deus é que possamos crescer, não de qualquer maneira ou a qualquer custo, mas tendo como modelo Jesus Cristo, de tal modo que o Pai possa ver em nós a imagem do seu Filho. A medida do ser humano é Cristo.
Mas nos deparamos com obstáculos à este amadurecimento desejado por Deus, pois todos somos feridos. Feridos pelo desamor; por doenças na infância; apegos exagerados; separações, rupturas de todo tipo; vícios dos pais; morte da mãe, pai, irmãos ou alguém muito próximo; feridos pela pobreza e toda forma de abandono, etc. E as feridas da infância e da juventude marcam nosso pensar, sentir, agir - atrapalham o processo de crescimento. Para retomarmos este processo precisamos reconciliar-nos com as feridas do passado, pois não podemos fazer de conta que elas não aconteceram.
Manter nossas feridas ocultas exige um gasto muito grande de energia. Para ilustrar isto posso imaginar que em todos os meus relacionamentos e formas de expressão estou sempre segurando em minha frente algo para me esconder. Mesmo se eu pensar que seguro algo leve como um papelão, com o tempo ficarei cansada, e se tenho as mãos ocupadas não fico livre. Geralmente escondemos nossas feridas por dois motivos: para que ninguém as percebam ou porque são dolorosas demais. E como não aprendemos em criança a sentir e expressar a dor provocada por feridas emocionais não sabemos entrar em contato com elas para a cura e reconciliação. Muitas vezes as expressamos pela raiva, por compulsões, vícios, desvios sexuais, doenças, etc.
Para que tenha início um processo de cura – enquanto vivermos seremos curados - precisamos entrar em contato com a bondade de Deus, nos refugiarmos nele e receber a cura e paz. Em Jesus Cristo, podemos reconciliar-nos com as feridas do passado permitindo que a dor há muito reprimida venha à tona. Expomos à Ele nossas feridas para que sejam redimidas pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Assim, podemos reconciliar-nos pedindo perdão a Deus pelos pecados cometidos por causa das feridas; pedindo perdão a quem ofendemos; nos perdoando pelos erros cometidos. Quem assim vive é feliz!
“Provai e vede como o Senhor é bom! Feliz o homem que nele se refugia” (Sl 34(33),9).
Oremos juntos:
Meu Pai, eu tomo minha vida nas mãos e te entrego. Eu a recebi do Senhor e a devolvo para vós. Assumo a responsabilidade pela minha vida e sei que os acontecimentos dolorosos ou alegres que me aconteceram, não determinam quem sou. Minha vida como é hoje é fruto dos acontecimentos, mas é também fruto das minhas escolhas. Se escolhi certo ou errado, fui eu que escolhi. Sei que esta escolha não foi totalmente livre - fui influenciada por pessoas, acontecimentos, paradigmas -, mas a responsabilidade é minha. Hoje, eu assumo esta responsabilidade. tomo minha vida nas mãos e entrego-a ao Senhor, de quem tudo recebi. O Senhor, na sua misericórdia, cuidou de mim mesmo nas escolhas erradas que fiz. Senhor jesus, cura as minhas feridas e reconcilia-me com minha história. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário