E o deserto florescerá!

E o deserto florescerá!

domingo, 16 de dezembro de 2012

O PÃO DO CÉU



     “Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Trouxeste-nos ao deserto para matar de fome toda esta gente!... ‘Esse é o pão que o Senhor vos dá para comer’” (Ex 16,3.16).

Deserto do Sinai
     O povo no deserto murmurava contra Moisés e Araão – na verdade murmurava contra Deus que o tinha levado ao deserto. O deserto é um lugar solitário e desprovido de tudo, onde todas as nossas certezas e seguranças viram pó. Onde não se tem abrigo contra o calor do dia e o frio da noite. Mas Deus escuta a murmuração do povo e o socorre. Diante da revolta do povo, Deus, que conhece suas fraquezas, age com bondade, ternura e misericórdia: deu-lhes de comer o pão do céu.

      A humanidade hoje é faminta, do pão material – uma grande multidão passa fome – e do pão do amor. Muitos sentem uma necessidade que as vezes não tem, mas que nos são impostas pelos meios de comunicação que nos bombardeiam com seu apelo: compre, coma, beba, use... Há todo um marketing visando atingir as necessidades mais profundas do ser humano que é faminto por natureza. Aqui cabe uma pergunta: Por que somos tão famintos e insatisfeitos. Sto. Agostinho nos ajuda a compreender: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”. Fomos criados por Deus e para Deus e só Ele pode nos saciar plenamente.

   Jesus responde às nossas necessidades mais profundas: “Esforçai-vos, não pelo alimento que se estraga, e sim pelo alimento que permanece até à vida eterna. É este o alimento que o Filho do homem vos dará” (Jo 6,27). Deus ouve de tal forma as nossas preces que nos dá o verdadeiro pão do céu: a Eucaristia. Jesus se apresenta dizendo: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51).

      “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6,34). Eu quero o pão do céu! Quero viver em Cristo. Viver a vida nova em Cristo implica viver em uma batalha espiritual, contra o Maligno, o mundo e a força do pecado em nós (cf. Rm 7,14). Para viver em Cristo precisamos abandonar a nossa antiga conduta, despir a velha natureza, revestir-nos da mentalidade nova (cf.Ef 4,22-24). Isso é obra da graça, dom do Espírito Santo. Quando nos alimentamos diariamente da Palavra de Deus e da Eucaristia o Senhor vai nos transformando.

Vamos orar?

      Senhor Jesus, eu te ofereço o meu coração e peço que o Senhor conduza a minha vida; ela só terá significado pleno se o Senhor a conduzir. Sei que o Senhor quer o meu bem, a minha felicidade e por isto eu opto por te entregar a minha vida. Apesar dos meus desejos desordenados, condicionamentos, orgulho, egoismo, mentiras, acima de todas essas vozes está a escolha que faço pelo teu senhorio pleno. E quando faço esta escolha vejo que a tempestade dentro de mim, os pensamentos e sentimentos, se acalma. O Senhor é o meu porto seguro onde o barco da minha vida encontra abrigo e pode repousar. No teu coração amoroso, Jesus, são feitos os reparos dos danos causados pelos embates das ondas, do sol forte e das tempestades. Ó Vem Espírito Santo! Dá-me a graça de viver em Cristo, segundo o desejo de Deus Pai. Amém

domingo, 2 de dezembro de 2012

PRESTAR ATENÇÃO EM DEUS


     “Estai atentos para que o vosso coração não fique insensível por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e aquele dia não vos pegue de surpresa” (Lc 21,34).

       O mundo hoje nos oferece tantas distrações e tudo passa tão velozmente que é fácil ficarmos com o coração insensível para Deus e para os irmãos. Quem não tem fé olha para os acontecimentos a sua volta, para as injustiças,  misérias, doenças, desastres, e pensam que se Deus existisse não permitiria que essas coisas acontecessem. E para os que tem uma fé vacilante é grande o questionamento diante do mal no mundo e se perguntam: Deus não vê? Como Deus permite tanto mal no mundo? E o sofrimento dos inocentes?

      Mas quem tem fé presta atenção em Deus e à sua ação misericordiosa e salvadora em meio a tantos sofrimentos. E se perguntam: O que seria de nós sem Deus? Não temos resposta para esta pergunta, pois não temos como imaginar o que seria o mundo sem Deus. Como disse o apóstolo Paulo: “É nele que vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).   O cuidado de Deus para conosco é tão grande, estamos tão imersos nele que, mesmo quem não crê em Deus, não poderia imaginar o que seria o mundo sem Ele, por nunca termos vivido esta experiência. O mundo sem Deus seria o inferno. A presença amorosa de Deus envolve o mundo como a atmosfera envolve a terra. Ele é o ar que respiramos, o fogo que nos aquece, o vento que nos refresca. Basta abrirmos os olhos e o coração e prestar atenção em Deus que é “mais íntimo de mim que eu mesma”.

     Deus criou todas as coisas e entregou a administração aos seres humanos. Com o pecado nós desviamos o projeto de amor do Pai e pensamos ser os senhores do mundo quando somos apenas administradores e um dia prestaremos conta da nossa administração. O poder pertence a Deus e Ele agirá. Se demora é porque Ele é paciente e espera nossa conversão. Mas Ele não se afastou do governo do mundo. Deus está conosco.

       Penetrar no conhecimento de Deus requer humildade, é para os pequenos, os pobres em espírito, para os que tem o coração manso e humilde. E a revelação do conhecimento do Pai passa por Jesus Cristo, pois só o Filho conhece o Pai (Jo 1,18). E Jesus se revela na Palavra – principalmente nos Evangelhos-, mas se revela também no íntimo do coração de cada pessoa que o busca e escuta, e nos pequenos acontecimentos do dia a dia. Precisamos nos abrir ao conhecimento de Deus, Ele sempre quer se revelar a nós, se comunicar conosco, basta abrirmos os olhos e prestar atenção em Deus.

“Grandes e admiraveis são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. 
Justos e verdadeiros são os teus caminhos, Rei das nações. 
Quem não temerá, Senhor, e não glorificará o teu nome? 
Porque só tu és santo. 
Todas as nações virão prostar-se diante de ti, pois tuas justas decisões se tornaram manifestas” 
(Ap 15,3-4).

domingo, 25 de novembro de 2012

DESEJO E SACRIFÍCIO



     “Portanto, irmãos, eu vos exorto, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Este é o vosso culto espiritual” (Rm 12,1).

      O culto espiritual que o Senhor deseja é fazermos sua vontade. Esta é a santidade de vida que como cristãos somos chamados a viver. Mas muitos se perguntam qual é a vontade de Deus. A Palavra nos diz que a vontade dele não está longe de nós (cf. Dt 30,11-14). Quando desejamos fazer a vontade de Deus geralmente pensamos em um projeto de vida. Este projeto de vida, este sonho, pode ser o desejo de uma consagração na vida religiosa, mas para a maior parte das pessoas é algo que nos parece natural como um casamento no qual se deseja a felicidade e crescimento do outro e não a busca egoísta da própria felicidade, ou realizar-se numa profissão na qual podemos testemunhar no mundo, ser sal, fermento e luz, fazendo o bem.

      Mas geralmente não pensamos que quando Deus olha e se agrada do nosso sonho e assume nosso sonho, nosso projeto, como sendo dele, entramos no sacrifício profundo de todo nosso ser, pois fazer a vontade de Deus sempre implica um sacrifício. É verdade que experimentamos a paz profunda que o mundo não pode dar, sentimos a realização como pessoa, mas vivemos em sacrifício. Quando isto acontece mesmo o projeto, o sonho que nos parecia tão atraente e desejado pode perder o gosto porque ele está sendo purificado para ser do agrado de Deus e se tornar não apenas um projeto nosso, feito do nosso jeito, mas um projeto de Deus.

      Diante do sacrifício podemos fazer duas coisas: aceitar o jugo da vontade de Deus, passar sob o cajado do Pastor ou reclamar, não aceitar o sacrifício da vontade própria, pensar que se enganou e desistir. A escolha é nossa, é na liberdade de filhos que devemos responder a Deus. Nosso sim precisa ser livre. Sabendo que o sacrifício aceito nos une ao Coração misericordioso de Jesus e nos leva a um grau de intimidade e de pertença a Deus nunca imaginado. Quando aceitamos a realização da vontade de Deus em nossa vida o Pai se alegra, pois encontra em nós a semelhança do seu Filho. E faz, com aqueles que aceitam ser sacrifício, uma aliança eterna de amor e misericórdia.

“Eu vos farei passar sob o cajado do pastor e vos farei entrar no vínculo da aliança” (Ez 20,37).
      Vínculo é algo que permanece. O vínculo entre nós e Deus foi feito no batismo e é vivenciado plenamente quando nos submetemos à vontade do Pai.

Se você deseja fazer a vontade de Deus peçamos juntos essa graça.

Vem Espírito Santo, gerar em mim um coração de filha, um coração semelhante ao coração de Jesus, dócil à vontade do Pai. 
Purifica os meus desejos, sonhos e projetos. 
Dá-me a graça de oferecer-me em sacrifício, sacrificando os meus ídolos, os desejos e motivações desordenadas e egoístas do meu coração, para realizar em minha vida o sonho, o desejo de Deus, para mim. 
Amém.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O TEMOR DE DEUS



     “O temor do Senhor é glória e honra, é alegria e coroa de júbilo. O temor do Senhor alegra o coração, dá alegria, regozijo e vida longa. O temor do Senhor é um dom que dele vem e que se encontra nas veredas do amor”.  (Eclo 1,11-12).

       Fazemos a experiência do temor do Senhor quando nos damos conta de estarmos diante do Deus Santo, diante do qual tiramos nosso calçado, dobramos os joelhos, inclinamos a cabeça e nos rendemos. Mas esta rendição é uma rendição de amor porque Deus é amor. Quando ajoelhamos diante dele obedecemos a uma força que vem do nosso espírito rendido.

       Nos rendemos porque Ele é grande, Ele é santo, Ele é amor. E quando reconhecemos isto somos envolvidos pela onda de amor que dele vem. Neste momento vivemos a experiência de um peixe na água: a água é a vida para o peixe, ele se move na água, existe na água, se ela faltar ele morre. Assim devemos viver em Deus, como disse S. Paulo: “É nele que vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).

O temor do Senhor: das trevas para a luz.
       Foi o amor de Deus que nos deu a vida e sustenta a vida em nós. Nós fomos criados por Deus para a felicidade; o temor de Senhor nos faz retornar à felicidade querida por Deus desde o princípio. O que um ser humano mais deseja é ser feliz, mas fora do temor do Senhor ficamos confusos, nos perdemos e confundimos prazer com felicidade. E a busca do prazer muitas vezes nos arruina e nos leva à morte.

       Deus é amor, Deus é felicidade. Quanto mais me aproximo de Deus e me deixo envolver por seu amor, mais encontro a felicidade. Pelo pecado a desordem entrou na natureza  humana, mas quando nos voltamos para o Senhor Ele vai nos regenerando e reeducando para a sabedoria de viver, a saúde, o equilíbrio, a felicidade. Isto é nascer de novo, ser nova criatura em Cristo Jesus, que “faz novas todas as coisas” (Ap 21,5).

 “Cantai a Deus um cântico novo, pois ele fez maravilhas” (Sl 98(97),1).

     Senhor, eis-me aqui. Quero cantar este cântico novo. Ponha este cântico em minha vida, minha boca e em meu coração. Este cântico é um cântico de paz, vida e alegria. Um cântico messianico que anuncia a vinda do Senhor Jesus. Como filhos de Deus nos levantamos em meio as dificuldades deste mundo como sinal de esperança, alegria e paz. Deus está conosco. Amém. Aleluia!

domingo, 28 de outubro de 2012

ORAÇÃO PESSOAL


      No mundo barulhento em que vivemos, em meio ao corre corre diário está cada vez mais difícil se tirar um tempo para a oração pessoal. Eu tenho encontrado muitas pessoas assim: vão à Igreja, servem em alguma pastoral ou movimento, estão de alguma forma ligadas à Deus, mas se pergunto se têm a prática da oração pessoal geralmente a resposta é não. 

    Quando falo de oração pessoal quero dizer se tiro diariamente um tempo para me encontrar com Deus, falar com Ele sobre a minha vida, abrir o meu coração com Aquele que eu sei que me ama, experimentar o seu amor e cuidado, fazer a leitura orante da Bíblia, sentar-se aos pés do Mestre e ouvir o Senhor. Eu penso, pela minha experiência, que ninguém consegue crescer verdadeiramente na vida espiritual sem oração pessoal.

“Mas quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai que está no oculto. E o Pai, que vê no oculto, te dará a recompensa”. (Mt 6,6).

      Quando entro em meu lugar de oração e fecho a porta para os barulhos externos eu abro espaço para Deus em minha vida e em meu coração. Meu coração se torna de fato o templo interior onde Deus habita. E o desejo dele é encher este templo de glória (cf. Is 6,1-3) - quer dizer, encher do seu amor, bondade, ternura, compaixão, misericórdia, perdão... Assim, pouco a pouco, desce da cabeça para o coração que eu sou amada. Não apenas sei que sou amada, mas experimento que sou filha amada do Pai. Fazendo a experiência de ser amada recebo a cura profunda que acontece quando encontramos Jesus, o Salvador e Senhor.

      Sou tocada por Jesus e o toco. Tocando o Senhor, aquietam-se as vozes internas e entro no espaço de silêncio dentro de mim, no meu ser profundo, que é o sacrário da minha alma. Acontece um duplo encontro: encontro a Deus autor da vida e encontrando-o encontro a mim mesma naquilo que tenho de bom e puro como Ele me criou. Faço a experiência de que do meu interior jorrarão rios de água viva (cf. Jo 7,37-39). Este encontro profundo comigo mesma em Deus me converte, me cura e me dá forças para viver os desafios desta vida com alegria e esperança, pois o Senhor está conosco.

      Uma grande inimiga para a concentração na oração são as preocupações. Quando vou rezar parece que todas pulam de algum lugar da minha mente. Há algum tempo faço um ritual que tem me ajudado: ao iniciar minha oração acendo uma vela cantando um refrão de um salmo e deixo vir à tona todas as minhas preocupações e todas as pessoas e causas que eu quero colocar diante de Deus em intercessão. Oro um tempo no Espírito pedindo a benção de Deus para todos. A vela acesa significa a minha intercessão diante de Deus. Assim, minha mente se acalma para eu prestar atenção em Deus.

Passos para oração:
·         Decidir-se. Se eu não tomar a decisão de orar nunca serei fiel.
·         Escolher um horário que for mais propício para o tempo de oração (manhã, tarde, noite) e determinar a duração da oração. Talvez você ache isto desnecessário, mas a razão é: eu marco um encontro diário com Deus e sei que Ele está me esperando.
·         Escolher a postura que mais te ajuda – de pé, sentado, de joelhos – o nosso corpo também está orando.
·         Colocar-se na presença de Deus – ter consciência que estou diante daquele que me ama – e deixar-se envolver no seu amor.
·         Fale para Ele o que vai em seu coração: suas alegrias, dores, medos, pecados, desafios do dia se for de manhã, entrega do dia vivido se for à noite...
·         Tome sua Bíblia e leia um texto escolhido. Eu oro com as leituras da liturgia do dia, experimento muitas vezes que as leituras meditadas por toda a Igreja respondem e até antecipam algo que eu preciso. Deus fala na liturgia.
·         Deixe-se conduzir pela Palavra de Deus: lendo, meditando, orando, contemplando.
·         Termine agradecendo e pedindo que o Espírito Santo faça a Palavra se tornar carne em você.

Senhor Jesus, 
dê fome e sede de oração, desejo de encontrar o Senhor, ao meu irmão ou irmã que está lendo este post.
Derrame sobre essa pessoa o dom do seu Espírito e faça-a experimentar o amor do Pai e a alegria de viver. 
Jesus, luz do mundo, que a sua luz brilhe em todas as pessoas. 
Amém.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

AMAR E SERVIR



     “Pois quem é o maior, quem está sentado à mesa ou quem serve? Não é quem está sentado à mesa? Pois eu estou no meio de vós como quem serve”. (Lc 22,27).

        Somos da família de Deus, Ele nos criou à sua imagem e semelhança, colocou em nós uma centelha divina, e o projeto dele é que nos identifiquemos com Jesus - ter os pensamentos, sentimentos, o olhar de Jesus sobre as pessoas, as coisas, a vida e o mundo: “Mas nós temos o pensamento de Cristo” (1Cor 2,16). Deus nos fez pouco menos que os anjos (Sl 8,6), mas o poder para Deus é amar e servir. Jesus veio como aquele que serve. Seguir Jesus é viver para amar e servir.

       Mas o amar e servir precisa ser purificado em nós. Muitas vezes amamos e servimos de forma compulsiva, a partir de feridas interiores, e desta forma nosso amor e serviço acaba sendo, de forma disfarçada, uma busca de poder, de dominação, de satisfazer nossa necessidade de amor, aceitação, atenção e desejo de controle. Quando agimos assim não damos espaço para que Deus troque a nossa mente e coração, e nos converta verdadeiramente, mesmo participando assiduamente na Igreja. E quando isso acontece na verdade não sigo a Jesus, mas ao meu eu. 

      Às vezes é um ideal que nos escraviza. O ideal é uma coisa boa pois nos aponta para algo que ainda não somos mas podemos vir a ser ou um bom projeto a ser realizado. Mas corremos o risco de fazermos do ideal um ídolo. Muitas vezes encontramos pessoas dispostas a tudo sacrificar pelo seu ideal. Colocam o ideal como um ídolo que governa sua vida, e este ídolo toma o lugar de Jesus. Jesus deixa de ser o Senhor dessa pessoa, o senhor é o ideal. E como geralmente esse ideal é uma coisa boa a pessoa fica sem discernimento, pensa estar fazendo a vontade de Deus, mas na verdade é escrava do ideal.

       Faço as coisas de modo compulsivo quando não presto atenção à motivação mais profunda que me move. Quando não paro, sento aos pés do Mestre, e não apresento a Ele um projeto que tenho ou algo que desejo fazer. Quando ajo de modo compulsivo no fundo busco a minha própria glória e não a glória de Deus. Preciso prestar atenção e discernir as motivações do meu coração. E se acontecer de, mesmo tendo apresentado a Deus o meu projeto, descobrir depois que me enganei, ter humildade de voltar atrás e retomar o caminho mesmo deixando coisas que se tornaram importantes para mim.

Vamos orar:

        Senhor Jesus, eu te apresento o meu eu doente e frágil que está sempre em busca de poder, aceitação, reconhecimento, amor. Te apresento, Senhor, todos os mecanismos que a minha mente usa para obter isto. Apressa-te Senhor em socorrer-me. Liberta-me do medo que me faz buscar controle como forma de segurança. Tu és meu Senhor. Aquele que tem resposta para para minhas dúvidas, questionamentos, inquietações e frustrações.
Senhor, não me deixe errar o alvo, me enganar no caminho. Conduza-me no teu Espírito. Cura minhas feridas; dá-me uma vida nova. Retira-me da prisão que eu mesma construi. Coloca meus pés em campo aberto, liberta-me de todas as amarras, meu Senhor e meu Deus.  
Senhor, dá-me humildade para reconhecer que mesmo desejando acertar vou me enganar e cometer erros. Que a tua graça me conduza nos caminhos da vida. A tua graça me basta. Amém.
Senhor, "como a abelha precisa da flor eu preciso de você".

sábado, 6 de outubro de 2012

CAMINHAR SOBRE AS ÁGUAS



     “Tomando a palavra, Pedro disse”: ‘Senhor, se és tu, manda-me andar sobre as águas até junto de ti’. Ele disse: ‘Vem!’ Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as águas ao encontro de Jesus” (Mt 14,28-29).

          Caminhar sobre as águas... Às vezes ficamos pensando nesse episódio em que Pedro caminhou sobre as águas e gostaríamos de fazer a mesma experiência. Ter domínio sobre as forças da natureza, fazer o que não nos é natural. Mesmo não fazendo a experiência de literalmente caminhar sobre as águas,  podemos fazer a experiência de caminhar sobre as águas agitadas da vida e da nossa mente. Se você olhar para seu passado verá por quantas coisas você já passou, quantos desafios você já venceu, e quantas coisas já passaram por sua vida. Por melhores ou piores que tenham sido, já passaram...

        Não sei quantos anos você têm ou que experiência está vivendo agora – se é um tempo de dor, perda, doença ou se é um tempo de alegria e realizações. Mas de uma coisa eu sei. É tempo de caminhar sobre as águas, pois os discípulos de Jesus sempre são convidados a sair da segurança do seu barco e fazer a experiência de confiar nEle.

       Para caminhar sobre as águas precisamos de humildade e coragem. Humildade de reconhecer que tudo depende de Deus e para Ele nada é impossível; coragem para confiar plenamente nEle, entregando sua vida nas mãos daquele que é amor e te ama. Caminhar sobre as águas é viver o desapego. Viver o desapego enquanto estamos passando pela experiência é doloroso, nos faz sofrer. Mas depois que saimos do barco, que olhamos para Jesus e caminhamos sobre as águas ao encontro dEle, sentimos alívio. Pois o apego é um fardo que arrastamos pela vida afora. O fardo é pesado, mas nos acostumamos com ele e não queremos soltar. Mas todo processo de desapego é libertador. E Jesus nos diz: “Coragem! Sou eu! Não tenhais medo! (Mt 14,27).

         Por isso, anime-se! Tenha coragem de tirar os olhos de suas mazelas, de tirar os olhos do mal presente no mundo, olhar para Jesus e caminhar sobre as águas do mar revolto de sua mente, pensamentos e emoções. E você verá o que o Senhor quer fazer em você e através de você como discípulo missionário. Crer e por isto obedecer. Obedecendo, ser transformado e testemunhar a ação de Deus em sua vida. Maravilhar-se como e com Maria: “O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome” (Lc 1,46-49). Fazer o bem enquanto é tempo. Viver para a glória de Deus abrindo-se mais e mais ao Espírito Santo. Viver a alegria de cada dia, pois o Senhor caminha conosco e “certa como a aurora é a sua vinda”.

Senhor, dá-me a graça de saber viver na tua presença todos os dias da minha vida e assim encontrar o amor, alegria e paz que eu preciso. 
Jesus, encha o vazio do meu coração com o amor do Pai. 
Eu quero ser conduzida pelo Espírito Santo! 
Que Ele me leve a caminhar sobre as águas. 
Quero viver como Maria: vazia de mim mesma e dos meus apegos, para ser cheia da graça de Deus. 
Amém.

domingo, 16 de setembro de 2012

IMAGENS CONSOLADORAS



       Nós vivemos num mundo onde a imagem é o mais poderoso meio de comunicação, e sabemos que aquilo que vemos se grava fortemente em nossa memória. Quantas vezes vemos coisas que não gostaríamos de ver! Outras vezes são coisas que nos aconteceram, fatos desagradáveis do passado que nos governam através da memória visual. Precisamos abrir nossa mente para o Senhor entrar e trocar as imagens dolorosas por imagens consoladoras, nos curando interiormente.

 “Não entregues às feras a vida de tua rolinha, nem esqueças para sempre a vida dos teus aflitos”  (Sl 73(74), 19).

          São inumeras as imagens consoladoras na Bíblia. Acho bonita essa imagem em que o salmista apresenta o povo de Deus e se apresenta como uma rolinha desprotegida, necessitada da proteção divina. Imagens consoladoras são aquelas que vem à nossa mente quando estamos em oração e precisamos da consolação de Deus. Elas ficam gravadas em nossa mente, mudam o nosso estado de espírito, nos animam durante muito tempo - as vezes dias, meses, anos, e algumas podem nos acompanhar durante toda vida. Aqui estão algumas imagens consoladoras. Experimente fechar os olhos e orar com elas pedindo que o Senhor Jesus cure sua mente cansada.

      Se há dias em que você sente que sua alma e seu corpo ficam semelhantes a uma dobradiça enferrujada, e você se move com esforço como se estivesse atritando ferro com ferro, sem ânimo e alegria de viver. Feche os olhos e veja pingar sobre esta dobradiça um óleo finíssimo que penetra profundamente. Esse óleo é o Espírito Santo consolador. É Ele a vida da nossa alma. Ele quer te ungir com o óleo perfumado da alegria da salvação que dá novo sentido à vida.

      Outro dia seu coração pode estar como uma terra seca onde não chove a muito tempo. Quando isto acontece nos sentimos no deserto. O deserto é um lugar solitário ou um estado solitário onde até respirar é difícil. É baixa a umidade do ar, parece que a poeira se infiltra na garganta, nos pulmões e na pele; as plantas, que simbolizam a vida, estão murchas. Neste estado que alegria quando vem a chuva, a água viva do Espírito Santo.  Que alegria é poder ver de novo a terra molhada, as plantas brotarem, florescerem, frutificarem. A água viva do Espírito Santo lava toda a poeira impregnada em nós, renovando nossa vida. E você pode orar assim:

Ó Espírito Santo, Água viva, flua em mim e através de mim para que eu experimente o amor de Deus Pai. 
Espírito que é vida, traga fecundidade à minha vida. 
Amém.
  
       Quando o Espírito Santo vem, amplia o nosso horizonte. Nos leva à um vale amplo, com riacho, campos floridos, colinas suaves, e altas montanhas ao fundo. Ali o Senhor te convida a armar a sua tenda, uma tenda espaçosa: “Amplia o espaço de tua tenda e estica as lonas da morada, sem olhar despesas! Alonga suas cordas, firma bem as estacas” (Is 54,2). E onde você estiver pode sentir que esse é o seu lugar, o seu lar. E a sua tenda deve permanecer aberta à todas as pessoas necessitadas de abrigo. Por ser uma tenda esse lugar te lembra que tudo nesta vida é provisório. Só Deus permanece. E é Ele que te fala para permanecer nessa tenda, a casa que Ele mesmo, no seu cuidado paterno, escolheu para você. Veja que a terra é boa e fecunda e você tem alegria em tomar posse dessa terra. É o lugar que você buscou durante toda a sua vida. Nesse lugar você pode ser feliz, e com segurança recomeçar a vida, se estabelecer. Esse lugar é o seu coração onde Jesus quer entrar e viver em intimidade com você: "Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos" (Ap 3,20). Ore assim:

Senhor, eu quero permanecer aqui! 
Aqui eu posso plantar o que quiser pois a terra é fecunda. 
Posso caminhar até o riacho, me sentar e ouvir o canto das águas, o vento nas folhas das árvores e o canto dos pássaros. 
Experimentar que sou amado e cuidado. 
Senhor Jesus, entre em meu coração e em minha vida.
Vem, Senhor Jesus!

       Se  prestarmos atenção à presença de Deus que sempre vem ao nosso encontro quando o chamamos, poderemos viver uma vida diferente. Eu não o vejo, mas sinto sua presença que enche a minha vida e o universo. Todas as coisas me falam de Deus, do Deus vivo.

Senhor Jesus, deixe os rastros de tua passagem em mim para que as pessoas te vejam ao me olhar. 
Que eu seja como o jumentinho que te levou pelas ruas de Jerusalém.
 Amém.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

SALVOS PELA MISERICÓRDIA



“Quero misericórdia e não sacrifícios” (Mt 12,7).

       Deus é amor, Deus é misericórdia. E sua maior obra de misericórdia para conosco é o perdão dos pecados e o conhecimento dele. Conhecer a Deus quer dizer ter uma experiência do seu amor misericordioso. Esta é a maior alegria que Ele pode nos dar e isto envolve e se desdobra em tantas outras coisas que nossa mente não conseque alcançar plenamente. E há as pequenas e grandes manifestações do amor misericordioso de Deus para conosco nos pequenos acontecimentos de cada dia. Às vezes somos surpreendidos pela providência divina que nos dá extamente o que precisávamos naquele momento. E como é bom quando isto acontece! Só quem já se viu assim alvo do cuidado amoroso do Senhor nas pequenas coisas pode experimentar o que significa ser cuidado por Deus. E há aqueles momentos em que Ele nos livra de graves perigos ou passa conosco "pelo vale da sombra da morte". Esse cuidado está à nossa disposição, basta pedirmos e  confiar nossa vida a Ele. Faça a experiência. O Senhor quer cuidar de você!

       Quando nos falta a experiência da misericórdia de Deus vivemos uma religião de sacrifícios, da prática da Lei. A prática da Lei é necessária para ordenar nossa vida e nos predispõe a abrir o coração para Deus. Mas, como descobriu S. Paulo, a observância da Lei por si mesma é incapaz de salvar: “Pois é pela graça que fostes salvos mediante a fé. Não é de vós mesmos que vem a fé. É dom de Deus. Não provém das obras para que ninguém se orgulhe. Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus, em vista das boas obras que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”  (Ef 2,8-10).

       As nossas boas obras devem revelar a obediência ao Senhor, pois Ele mesmo as preparou para que através delas sua misericórdia pudesse se manifestar no mundo. Nada temos que não recebemos da misericórdia divina. O Senhor nos dá o dom da fé que nos faz abrir o coração para Ele e assim recebermos o perdão, a salvação. Tudo é graça. Tudo é para a glória de Deus.

Oremos juntos:

      Envolva-me Senhor na tua misericórdia. Que a tua misericórdia esteja entre mim e vós. Que ela envolva o meu passado me purifique dos erros cometidos e cure minhas feridas. Que ao me olhar o Senhor me veja através do Sangue de Jesus, seu Filho amado, derramado por nós na cruz. E assim o seu coração de Pai amoroso se enterneça de amor por mim e por todos os meus irmãos e nos salve. Senhor, quantas vezes eu quis acertar e errei. Perdoa-me, Senhor, os erros cometidos e cura-me com tua misericórdia. E, curada no seu amor, eu possa ser instrumento da sua misericórdia. Amém.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

MONTES… MONTE



        “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a sós para um monte alto e afastado” (Mt 17,1).

    Na esperiência do povo da Bíblia sempre há o convite de Deus para subir um monte. Assim foi com Abraão no monte Moriá; Moisés no Sinai; Elias no Carmelo e Horeb, etc. Jesus gostava de se retirar para um monte para orar e convidou seus discípulos mais próximos para subir com Ele o monte Tabor como testemunhas de sua  transfiguração.

       Quando visitei a casa onde nasceu João Paulo II ficou em minha lembrança uma foto dele ainda jovem, de costas, olhando para os montes. Me lembro também do monte Assos, na Turquia por onde Paulo passou esperando os companheiros (At 20,13) – para mim foi um momento de graça conseguir subir o monte e lá de cima, contemplando o mar Mediterrâneo, pensar na espera de Paulo e nas esperas da nossa vida. Me recordo ainda de que gostava de subir os montes na fazenda onde cresci e lá do alto ver mais longe. E há ainda o monte místico de S. João da Cruz... O convite a subir o monte é sempre um convite ao desapego, a deixar coisas para se aproximar mais de Deus.

    O monte simboliza também nossa vida – quanto mais tempo vivemos mais alto se torna o nosso monte, cada ano que passa subimos mais um pouco na liturgia da vida. E ao subir o monte da vida preciso escolher o que levar e o que deixar pelo caminho. Algumas coisas que deixamos nos dá alívio como quando caminhamos carregando sacolas pesadas e podemos afinal deixá-las. Outras coisas que precisamos deixar faz doer o coração, não queriamos deixá-las, mas não tem jeito, para subir o monte não podemos levar sacolas pesadas. Ninguém consegue subir um monte carregando pesos.

      O monte nos transmite firmeza, segurança, e nos convida a “buscar as coisas do alto” (Cl 3,2). E nunca subimos sós. Ao subirmos o monte da vida sempre podemos contar com o auxílio precioso dos irmãos e amigos. E se subimos um monte há as flores do campo, os passarinhos – me lembro uma vez quando descia do monte Sinai e um bando de passarinhos me acompanhou por um bom tempo, provavelmente esperando receber comida. Se me uno à natureza posso sentir o respiro da terra e da vida em mim. Do sopro de Deus em mim e em toda sua criação. Faço a experiência de que faço parte do universo.

      Ao criar o ser humano Deus o fez à sua imagem e semelhança colocando em nós a semente do divino.  Assim, todo o universo, criação de Deus, está contido no ser humano imagem e semelhança de Deus. O pecado causou a ruptura dessa ordem e beleza que é a essência do ser humano. Nos afastando da nossa essência passamos a pensar que somos apenas animais racionais, quando Deus nos fez “pouco menos do que os anjos” (Sl 8,6). Mas, nos alegremos irmãos! Em Jesus Cristo, Deus se reconciliou com os homens, nos fez filhos (Rm 8 15), e quer restaurar em nós sua imagem e semelhança.

Convido você a orar com o Salmo 80(79) pedindo restauração.

 “Restaura-nos, Senhor Deus Todo-poderoso: faze brilhar tua face e seremos salvos”  (Sl 80(79), 20).

sábado, 11 de agosto de 2012

JESUS, O BOM PASTOR DA FAMÍLIA


        A família foi constituida e amada por Deus desde o início da criação: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher e se tornarão uma só carne” (Gn 2,24). E Deus tomou sob seus cuidados a família que é a base da grande família humana, objeto do amor de Deus. Pois, Deus ama cada pessoa com amor único e eterno (Jr 31,3). E na Antiga Aliança Deus se apresenta muitas vezes como o pastor do seu povo. Por exemplo: “Ele o guardará como um pastor a seu rebanho” (Jr 31,10); “Eis que eu mesmo buscarei minhas ovelhas e tomarei conta delas” (Ez 34,11); “O Senhor é meu pastor: nada me falta” (Sl 22(23),1).

         Na Nova Aliança Jesus se apresenta como o Bom Pastor: chegou a “plenitude dos tempos”, Deus veio pessoalmente pastorear o seu povo, sua família. Reunidos aqui vamos ouvir a voz do Bom Pastor, como se estivesse sentado na sala ou na mesa da nossa casa, ceando conosco e nos falando pessoalmente.
Vamos ler Jo 10,1-16

       Procuremos nos colocar no texto. As ovelhas é a nossa família. As vezes pensamos que somos o centro de tudo, mas quando nascemos entramos numa família que já existia antes de nós. Avós, pais, tios, irmãos mais velhos, constituiram esta família antes de nascermos. Honrar pai e mãe é reconhecer isso e tratá-los conforme este reconhecimento.

       A família na qual somos inseridos ao nascer influencia muito nossa vida. De muitos modos eu sou a soma daquilo que foi construido por meus antepassados. Para ter boa saúde emocional preciso me conectar ao depósito de memória deles e ver os valores para reforçá-los, e conhecer também os pecados, os maus hábitos, aquilo do qual eu preciso me desligar. Por isso precisamos valorizar os mais velhos, conhecer suas histórias e a história da família.

        Geralmente a família é constituída no amor, mas precisamos ver que tipo de amor acontece em nossa família: amor que adoece ou amor que cura. Amor que adoece é aquele que chantageia, amedronta, oprime, manipula, escraviza,  não deixa a pessoa crescer, geralmente gera morte. Amor que cura, ao contrário, dá segurança, boa auto-estima, flui o perdão, a comunicação, liberta e faz a pessoa crescer.

       A ovelha é um animal ingênuo, uma vítima natural. Mas ela tem uma qualidade: ouve bem e sabe reconhecer a voz do Pastor, reconhecer em quem pode ou não confiar. E se não confia não segue, empaca, não sai do curral. Deus lhe deu esse sentido para sua proteção - para saber se alguém veio “para roubar, matar e destruir”. Para nós este sentido é o dom do discernimento que era considerado o mais importante pelos padres do deserto. Na família esse papel é do pai e da mãe. Na sua família há alguém com ouvidos aguçados para ouvir a voz do Bom Pastor? Nos dias de hoje observamos a perda do discernimento na família pela falta do temor a Deus e confusão nos papéis de cada um. Muitas vezes os filhos não percebem que os pais são os pastores da família e ficam à mercê do mercenário – as más companhias, o traficante, falsas doutrinas, etc. – que os levam, e as vezes à toda família, para a boca do lobo.

        O lobo é o malígno.  A luta de Jesus contra o demônio faz parte de sua obra de salvação: “O Filho de Deus apareceu para isso: para destruir as obras do diabo” (1Jo 3,8). Jesus diz que “ele foi homicida desde o princípio”, “vem para roubar, matar e destruir”. Em relação ao inimigo costumamos ter duas atitudes: dar importância de mais ou de menos. Há quem pense que todo mal é obra do demônio sem levar em conta nosso livre arbítrio; outros não vêem a ação do maligno em nehuma situação. Mas, olhemos à nossa volta: a violência, infelicidade, tristeza, raiva, insatisfação, angústia, assassinatos, roubos, impureza – que traz consigo todas as formas de pornografia - , etc, não é obra só da maldade humana. Ele é o inimigo que desfaz à noite o que construimos durante o dia. Um dia eu estava orando por minha família e me veio esta imagem: durante o dia eu carregava tijolos para a edificação da minha casa, mas durante a noite o maligno roubava tudo. Era uma luta desgastante e desigual. E na atual situação do mundo vemos que o mal vai se tornando natural, parte de nossa vida e de nossa família. Dizemos: é assim mesmo.

       O demônio busca implantar seu reino dentro de nós por meio de suas sugestões que se torna confusão – quantas pessoas têm a mente confusa -, o passo seguinte é a fusão - quando não sabemos discernir mais os nossos pensamentos - e finalmente acontece a substituição – pensamos o que o maligno nos sugeriu. Ele faz nossa cabeça para dominá-la.
Precisamos cooperar para a vitória de Jesus, Bom Pastor.  Precisamos lutar com as armas que ele nos deu: a fé e o dom do discernimento  (ouvidos aguçados).

      Jesus é o Bom Pastor! Ele veio para nos dar vida e vida em abundância. Conhecemos a sua voz? Confiamos na voz do Bom Pastor? Tive uma experiência de sair do redil com o Bom Pastor, de caminhar com ele, de passar uma noite em sua companhia, adormecer em seu peito? Jesus está disposto a passar muito tempo ao lado do redil esperando que a ovelha tenha a coragem de sair, e está disposto a acompanhar, mesmo de longe, aquela que saiu do redil e se perdeu, esperando que ela se deixe encontrar. Até que nos rendamos e falemos com ele: tudo bem, quero ouvir tua voz e caminhar sob o seu cajado. Então, Jesus já não será mais um estranho mas o amigo mais íntimo. Com ele caminhamos sem medo.

Algumas vivências que necessitam de cura familiar:
·         Ser rejeitado durante a gestação e na primeira infância.
·         Adultério, prostituição, aborto.
·         Vícios; drogas - lícitas e ilícitas-; jogo; maus negócios...
·         Prática de falsas doutrinas.
·         Doenças físicas, mentais e emocionais.
·         Mortes violentas, crimes, acidentes...

Pense em qual dessas áreas você e sua família mais precisa de cura.

 Ó  Jesus, Bom Pastor, te convidamos a entrar nas áreas mais dolorosas de nossa experiência familiar.
 Renova em nós o dom da fé e a certeza que o Senhor caminha conosco sempre. 
Senhor, somos teus filhos amados, renova a confiança no seu amor e dá-nos a graça de te amar sobre todas as coisas. 
Senhor Jesus, dá-nos o dom do perdão, cura as feridas e renova o amor em nossa família.
 Amém.


(Ensino dado na tarde de oração de cura e libertação em 11/08)







sábado, 28 de julho de 2012

SOB A PROTEÇÃO DE DEUS



   
  “Até o pássaro encontra um abrigo, e a andorinha um ninho, onde colocar seus filhotes, perto dos teus altares Senhor Todo-poderoso” (Sl 84(83),4.




       O salmista fala do anseio, o desejo por Deus, que brota na alma de quem ora. Seu pedido é: que o Senhor venha em nosso auxílio com sua proteção, transformando nossa vida com sua presença.

Imagem da internet
        Por ser criada na roça a imagem de pássaros fazendo ninhos é familiar para mim. Cada um tem seu modo, sua técnica, na construção do ninho – desde os mais resistentes e engenhosos como o do joão-de- barro, até os mais frágeis, apenas algumas palhas e raminhos secos no galho fino de um árvoredo. Me lembro dos filhotes que caiam do ninho antes de suas asas estarem fortes para voar e ficavam desprotegidos vagando pelo chão.

       Assim como os passarinhos o ser humano anseia por cuidado e proteção. Sua maior necessidade, o desejo mais profundo de sua alma, é ser aceito e amado. E muitas vezes por nos faltar amor e aceitação, vamos cometendo muitos erros  pela vida afora.

      A cura desta ferida, o preenchimento do vazio causado pelo desamor, se realiza no abraço amoroso de Deus Pai. No Coração de Jesus, aberto pela lança, é o lugar onde podemos construir nosso ninho, reconstruir nossa vida. O Senhor nunca nos abandona e age mesmo nos estranhos caminhos da nossa vida. Caminha conosco mesmo quando fugimos do seu amor e nos conduz de forma misteriosa ao seu projeto. Se nos dispusermos a prestar atenção à Deus, Ele se manifestará a nós e nos conduzirá, pelo seu Espírito, à realização do sonho dele para nossa vida.

Ó Espírito Santo de Deus, abri os meus olhos para perceber as pegadas que o Senhor deixa em meu caminho. 
Senhor Jesus, cura-me de toda rejeição, abandono e desamparo. 
Liberta-me da tristeza, da angústia e do medo. 
Dá-me um coração sensivel para o amor de Deus. 
Liberta-me de toda impiedade, revolta, ressentimento e mágoa. 
Eu renuncio a Satanás e às suas obras e professo que creio em Deus sobre todas as coisas. 
Renova, Senhor, as graças e bençãos do meu batismo. 
Por Cristo, nosso Senhor. 
Amém.